O empresário Chiquinho Scarpa está internado em estado grave, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP), após ter complicações devido a uma infecção urinária malcuidada. Mesmo após dez cirurgias, ele permanece na UTI, sem previsão de alta.
À primeira vista, pode parecer um tanto estranho que o estopim para a internação de Chiquinho tenha sido uma infecção urinária, quadro que afeta milhares de brasileiros. Contudo, há um ponto específico que carrega o problema: a má recuperação.
Segundo Alex Meller, urologista da Unifesp e do Hospital Israelita Albert Einstein, o cuidado da doença é o ponto central para não agravar uma infecção urinária, que nada mais é do que uma inflamação da bexiga causada por uma bactéria.
Até isso, no entanto, envolve alguns parênteses: “É importante diferenciar que existe o quadro cistite, que é só inflamação na bexiga, e o quadro de infecção urinária, que é quando você tem a presença de uma bactéria”, esclarece o médico, em conversa com AnaMaria Digital.
Logo, o caso de Scarpa é configurado como uma infecção propriamente dita e, muito provavelmente por ter sido tratada da maneira errada, levou a outras complicações em seu corpo.
COMO ASSIM, COMPLICAÇÕES?
De acordo com o urologista, existem três formas pelas quais a infecção urinária pode influenciar no agravamento da saúde. A primeira é quando o antibiótico utilizado para o tratamento não é o mais adequado, uma vez que cada bactéria exige um medicamento diferente.
Para entender qual é a ameaça que está no corpo, é preciso realizar um exame muito específico, que dirá, com clareza, qual bactéria está afetando a função renal. Somente assim será possível evitar que o microrganismo seja mais forte que o remédio.
A segunda situação, ressalta o especialista, conversa bastante com a primeira, uma vez que também está relacionada ao antibiótico utilizado. Nesse caso, você não percebe que tem a infecção e trata com antibiótico errado para via urinária, levando a uma possível internação por falta de cuidados.
O último cenário é um pouco mais complexo, já que envolve pessoas que têm cálculo renal ou cálculo na bexiga, popularmente conhecidos como ‘pedra nos rins’ e ‘pedra na bexiga’, respectivamente. “Quando o paciente tem um desses quadros que interrompem a saída da urina, é necessário desobstruir, senão o tratamento também vai ser ineficaz”, completa.
UM PROBLEMA LEVA O OUTRO
O nosso corpo é como uma grande engrenagem. Logo, se uma parte não vai bem, as outras também são afetadas – de uma forma ou de outra. Com a infecção urinária, isso acontece, principalmente, se o quadro de saúde já estava ruim antes da doença.
Segundo o urologista, pessoas mais velhas, com doenças crônicas ou com dificuldade para comer e tomar líquidos são mais propensas a terem sua infecção agravada, visto que as defesas do corpo já estão comprometidas.
“A bactéria se aproveita do estado de imunidade baixa e se reproduz com mais facilidade. Muitas vezes, mesmo entrando com o antibiótico, o paciente piora bastante, porque as resistências próprias [do corpo] não são suficientes para segurar o quadro infeccioso”, afirma Meller.
Por isso, as primeiras 48 horas são as mais importantes para saber como será a recepção dos medicamentos. De todo modo, a doença, como qualquer outra, exige muita atenção e, claro, responsabilidade na hora do tratamento.