Sérgio Cardoso foi o intérprete de Luciano Lima em ‘O Primeiro Amor’, em 1972. Entretanto, a novela da Globo ficou marcada por uma morte trágica. O protagonista teve um ataque cardíaco aos 47 anos, em 18 de agosto de 1972. O ator morreu na reta final das gravações, quando faltavam apenas 28 capítulos para o desfecho do folhetim de Walther Negrão.
O fim trágico do artista causou uma comoção no país inteiro, pois além da trama que estava no ar, ele também era conhecido por trabalhos como ‘O Anjo e o Vagabundo’ (1967), ‘Paixão Proibida’ (1967), ‘Pigmalião 70’ (1970) e ‘A Próxima Atração’ (1971). De acordo com notícias da época, mais de 15 mil pessoas foram ao enterro no cemitério São João Batista.
Entretanto, Walther Negrão precisou encontrar um jeito para substituir Sérgio Cardoso e explicar a mudança repentina ao público. Leonardo Villar, que era amigo do protagonista, foi escolhido para viver Luciano Lima a partir do capítulo 200.
Além disso, foi realizada uma homenagem ao artista no folhetim. No palco do Teatro Fênix, Paulo José, que faleceu em 2021, leu um texto comunicando a substituição e relembrando a carreira de Sérgio. A imagem de Cardoso foi congelada após o personagem sair de um cômodo. Então, quando a cena continuou, Villar surgiu abrindo a porta caracterizado como o professor.
No livro ‘Autores, Histórias da Teledramaturgia’, o autor da trama falou sobre a troca do ator. “Conversamos e houve muitas sugestões, muitas delas esdrúxulas. Um diretor sugeriu que o enterro do Sérgio fosse gravado e que usássemos na novela. Não tinha nada a ver. O enterro do Sérgio foi quase como o enterro do Carlos Gardel [1890-1935], ou do Francisco Alves [1898-1952]. E o personagem dele era um professor do interior, que não tinha esse carisma todo. Optamos pela substituição”, declarou.
A morte do ator da Globo foi envolvida em uma das lendas mais famosas dos anos 1970. Existiu o boato de que o ator sofria de catalepsia, uma doença rara que deixa os membros rígidos por horas, como se a pessoa estivesse morta. Espalhou-se, então, de forma errada, que Sérgio Cardoso teria sido enterrado vivo. Ainda dizia que a família dele teria solicitado que seu corpo fosse exumado, e que, ao abrir o caixão, ele estaria virado de bruços, com arranhões no rosto. O boato sempre foi negado por seus familiares.
