O ator Taumaturgo Ferreira está de volta às telinhas com a reprise de ‘O Cravo e a Rosa’ (2000) na TV Globo. O intérprete de Januário desabafou, em entrevista à coluna de Patrícia Kogut, no jornal O Globo, que a trama trouxe a recuperação de sua carreira após seis anos de ‘cancelamento’.
“‘O Cravo e a Rosa’ é magnífica, deslumbrante, coroada de êxitos e amor (…) É um clássico, uma novela que nunca vai ficar datada. É como uma obra de arte mesmo. O elenco foi muito bem escalado. Foi uma conjunção feliz de fatores”, elogiou a obra de Walcyr Carrasco.
Acontece que, antes do sucesso nos anos 2000, Taumaturgo enfrentava um momento difícil em sua carreira devido à polêmicas nas gravações de ‘Renascer’ (1993). O ator explicou que foi ‘cancelado’ pelos telespectadores ao dar vida ao baiano José Venâncio e foi cortado no meio da trama.
“Eu fui cancelado. Durou seis anos. Queriam que eu fizesse uma coisa mais rural, da Bahia. Eu tinha combinado com o diretor que meu personagem não teria sotaque nem falaria ‘oxente’ e ‘painho’. Porque ele era um cara que tinha estudado fora, mais sofisticado, namorava uma hermafrodita. Eu não via sentido”, começou contando.
Ferreira disse que havia combinado com o diretor da trama que o personagem fugiria dos estereótipos, porém isso não foi o suficiente para evitar as críticas do público. “Aí me picharam, disseram que eu fazia um papel muito afetado e sofisticado para aquela família. Fui sentindo uma resistência. Me expulsaram no capítulo 50 ou 60, não lembro”.
Na época, Taumaturgo Ferreira foi afastado das grandes produções e foi chamado apenas para minisséries e breves participações na TV Globo. “Minha carreira despencou”, disse. Em 2006, o ator foi contratado pela Record TV, em que trabalhou durante nove anos.
“Se te expulsam de uma novela, quando você faz outras, fica aquela sensação de que a qualquer momento podem te tirar. Demorou para passar isso. Nem sei se passou, sabia? Quando está todo mundo adorando, aí você se esquece disso”, desabafou.
Para o ator, os efeitos da polêmica foram semelhantes ao ‘cancelamento’ que conhecemos em tempos de redes sociais. Taumaturgo relembrou: “Nessa hora, aparece todo mundo que não vai com a sua cara pra chutar cachorro morto. Então, o Januário foi minha volta por cima na Globo. Foi uma grande oportunidade de mostrar que eu também poderia fazer um papel não só do irreverente, blasé e debochado”, em menção a ‘O Cravo e a Rosa’.