Alessandra Negrini foi alvo de críticas ao aparecer com pinturas que remetem aos povos indígenas durante o Carnaval de 2020. Musa do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, em São Paulo, ela foi criticada nas redes sociais e os internautas questionaram os motivos que a levaram a se fantasiar de indígena.
A artista foi acusada de estar se “apropriando culturalmente” das indumentárias para aproveitar o Carnaval. Apesar das críticas recebidas na internet, o visual escolhido por Alessandra Negrini na realidade era um protesto. As pinturas e todo o visual, inclusive, foi pensado ao lado de um grupo de pessoas indígenas.
Na época, a atriz aproveitou o momento em que estaria em destaque no Carnaval para fazer uma manifestação a favor dos direitos dos povos indígenas. No bloco, até mesmo Sônia Guajajara, hoje ministra dos Povos Indígenas do Brasil, estava presente e tirou fotos com a atriz.
Em nota, lideranças indígenas se posicionaram e saíram em defesa de Alessandra. “É preciso que façamos a discussão sobre apropriação cultural com responsabilidade, diferenciando quem quer se apropriar de fato das nossas culturas, ou ridiculariza-las, daqueles que colocam seu legado artístico e político à disposição da luta”, dizia um texto postado por ela mesma.
“Muita gente usa acessórios indígenas como fantasia. Isso a gente não concorda. Mas quando a pessoa usa de uma forma consciente, como um manifesto para amplificar as vozes indígenas, então tudo bem, é compreensível”, afirmou Sônia. Um ano depois, a atriz deu uma entrevista ao podcast ‘Novela das 9’ e falou sobre as críticas recebidas. Ela criticou o modo precipitado que as pessoas agiram e apontou problemáticas.
“Não sou a favor. Como diria Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Essas coisas precipitadas da internet levam a equívocos. O cancelamento surgiu como uma ferramenta importante de balizar as pessoas e falar: ‘Não, você não pode fazer isso, isso é horrível’. Ele tem seu valor nesse sentido. Mas virou algo impositivo, virou um instrumento de violência. Então tem que ter sempre o diálogo dentro da própria narrativa. Você tem uma narrativa, mas tem que pensar os prós e os contras dentro da própria narrativa. Ou seja, você tem que parar para pensar. O que tem acontecido no cancelamento é que ninguém para para pensar. Eu acho meio fascista o processo do cancelamento, na verdade”, afirmou Alessandra Negrini.