O ator Bruce Willis, de 67 anos, foi diagnosticado com afasia e a família anunciou seu afastamento do trabalho em função da doença. O comunicado afirma que as habilidades cognitivas do artista foram afetadas. O mal provoca alterações neurológicas em quadros caracterizados por alteração na linguagem, na maneira de se expressar e interpretar as coisas.
De acordo com o neurologista Daniel Isoni Martins, da Rede Mater Dei de Saúde, a afasia pode surgir subitamente e por variadas razões. “Ela pode aparecer depois de o paciente ter um AVC, comprometendo a fala da pessoa; pode ser consequência de infecções no cérebro, como meningite, encefalite, fungos, bactérias e vírus, impactando as expressões e a forma da pessoa compreender o outro; e ainda ser resultado de quadros demenciais.
Segundo o especialista, não foi divulgada a característica da afasia do ator, mas, de acordo com as informações gerais, ele acredita num quadro demencial, de afasia primariamente progressiva, no qual a pessoa vai “involuindo” de tudo o que aprendeu ao longo da vida. Ou seja, o portador dessa disfunção passa a não compreender com clareza o que as pessoas falam, a ter dificuldade em se expressar, de formar frases, dar nome às coisas, ainda passa a falar coisas sem sentido e não consegue mais escrever. “A questão neurológica afeta uma área do cérebro que cuida do entendimento e compreensão das coisas. O paciente passa a não entender o sentido de algo que lhe é dito ou do que lê, por exemplo”.
SINTOMAS
Os sintomas podem ser percebidos pelo paciente, parentes ou pessoas próximas, sem nenhum treinamento formal, podendo se apresentar das seguintes formas:
– O paciente fala frases curtas ou incompletas;
– A pessoa fala frases que não fazem sentido;
– Troca uma palavra por outra ou troca fonemas por outros fonemas. Essas trocas são conhecidas como parafasias semânticas ou fonéticas respectivamente;
– Fala palavras incompreensíveis;
– Não entende a conversa de outras pessoas;
– Escreve frases que não fazem sentido.
TRATAMENTO
Sobre o tratamento, o neurologista explica que tudo vai depender do que causou a afasia. Se for um AVC, de imediato, o paciente precisa ter atendimento no pronto-socorro, pois há medicamentos administrados por via venosa para desentupir a artéria causadora do derrame. Se for um tumor, é necessário operar; se há infecção no cérebro por vírus, bactéria ou fungo, trata-se com medicamentos. “Já nos casos neurológicos demenciais, esses são mais complexos, pois não há um tratamento medicamentoso disponível. O que as equipes que trabalham em caráter multidisciplinar recomendam é a reabilitação com neuropsicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, que programam um planejamento completo para os cuidados com o paciente”, diz.
CAUSAS
Várias doenças neurológicas podem levar à afasia. Esta é ocasionada por lesões que acometem as áreas de linguagem, como o acidente vascular cerebral (AVC), que acarreta afasias de instalação aguda ou súbita. As afasias podem também se instalar de forma gradual, como quando relacionadas a tumores cerebrais ou doenças degenerativas, como alguns tipos de demências (demência frontotemporal ou doença de Alzheimer). Outras causas de lesões cerebrais que podem acarretar a doença são abscessos cerebrais, traumas de crânio e esclerose múltipla. O tamanho da lesão cerebral e o tipo de doença de base determinam o grau de deficiência da linguagem.
PREVENÇÃO
De acordo com o neurologista, praticar atividades físicas é fundamental para a saúde do cérebro, principalmente para ativar a memória e produzir novas sinapses. “As atividades intelectuais, como ler, ouvir música, aprender novos idiomas, são exemplos de estímulos interessantes para o cérebro se manter ativo. Manter cuidados básicos com a saúde também é importante para se prevenir contra essa disfunção, como cuidar da pressão alta, evitar que a glicose suba, assim como os níveis de colesterol. Todos esses cuidados refletem na saúde do cérebro”, complementa.