Sabe quando a bateria do celular acaba justo quando você mais precisa dele? E, por alguns segundos, você se sente frustrada por não conseguir resolver uma situação? Agora multiplique esse sentimento de dependência e ansiedade por mil. É com essas emoções que as pessoas atingidas pela nomofobia sofrem. O nome do transtorno tem origem na língua inglesa e é uma abreviação de “no mobile”, que significa “sem celular”. Ao contrário do exemplo citado acima, quem está viciado nesse tipo de aparelho não se sente mal apenas em situações específicas, mas diante de qualquer pequena abstinência diária. “Os jovens, mais expostos ao mundo virtual, são mais propensos a desenvolver esse problema”, explica André Assunção, psicólogo da seguradora de saúde Hapvida. Conheça mais sobre a doença para proteger seus filhos!
Quais são os sintomas?
“A ansiedade é o principal deles”, adianta o profissional. Afinal, é como se o celular fosse uma “extensão” de si mesmo – por isso a dor da separação. Há sempre a curiosidade de saber o que os demais postaram nas redes sociais ou quais os comentários recebidos nas suas próprias fotos e textos. Mas só isso não é o suficiente. É preciso que o hábito esteja interferindo na rotina do adolescente para que o quadro seja considerado de nomofobia. Como? Através do isolamento. “Afastar-se durante eventos como festas ou reuniões familiares é outro sinal comum”, ressalta. O jovem pode se recusar a sair com os próprios amigos para passar mais tempo conectado, virar madrugadas acordado com os olhos grudados na tela ou prejudicar seu desempenho nas provas (ou outras atividades escolares) por passar muito tempo navegando. E se esse quadro é comum dentro de sua casa, vale prestar atenção no seu próprio jeito de usar o celular.
Família é fundamental
Geralmente, se você diz para um jovem que ele está passando horas demais em frente ao celular, sua primeira reação será negar. Afinal, quantas vezes nós mesmas já não perdemos a noção do tempo enquanto checávamos as notificações das redes sociais? Ainda assim é importante alertálo. Para não despertar reações ruins, procure chamar sua atenção sem parecer que está lhe dando uma bronca ou “competindo” com o aparelho. Liste as razões pelas quais esse hábito pode ser prejudicial. Depois, estabeleça regras para o uso. Nada de celular na hora das refeições, nem no momento de fazer a lição de casa, por exemplo.
Tirar o aparelho é a solução?
Alguns pais, como forma de castigo, tiram o acesso aos aparelhos eletrônicos dos filhos. Mas, no caso de um adolescente que sofre com a nomofobia, a prática não ajuda. “A abstinência pode despertar rebeldia e irritabilidade no jovem, sem tratar a origem do problema”, alerta Assunção. Caso perceba que o hábito está saindo do controle, converse com ele sobre a possibilidade de procurar a ajuda de um psicólogo. Outros males (como ansiedade exagerada e depressão) podem estar por trás desse comportamento.
Prevenir é possível
Existe coisa melhor do que um abraço? Dialogue com seu filho desde a infância sobre a importância das relações “de verdade”, que ultrapassam os limites das telas. Trabalhe também sua autoestima para que ele se sinta capaz de resolver os próprios problemas e não sinta
a necessidade de ter seu ego massageado através de curtidas nas redes sociais. Mostre a ele que não precisa da aprovação dos demais para construir relações de amor. E faça você também o esforço de diminuir o tempo ao aparelho.
Caixa de opções
Há alguns anos era necessário ligar a televisão para saber as notícias; consultar um guia para saber os melhores caminhos da cidade; usar o telefone fixo para fazer uma ligação… E assim por diante. Hoje, essas e muitas outras opções estão a poucos toques de distância. Por isso, tantas das nossas necessidades estão concentradas em um único aparelho. No caso dos adolescentes, a própria construção das suas relações com os amigos passa pela vida virtual. Lidar com essas novas formas de relacionamento não é fácil (e estamos todos aprendendo
a fazer isso, já reparou?). Portanto, para entender esse tipo de vício é necessário olhar para o celular não como um simples eletrônico, mas
como uma ferramenta de navegação por diversos mundos.