“Meu marido disse que não quer que nossa filha de 2 anos veja TV. Ele afirma que faz mal. Isso é certo?”
Antes de discutir sobre os benefícios e prejuízos da TV para as crianças, é preciso que você tenha alguma opinião sobre isso. Depois, converse com seu marido sobre os motivos dele para concluir que a TV faz mal para o desenvolvimento dela. Por último, definam se a proibição é definitiva – ou seja, a criança nunca vai assistir TV – ou se ele entende que é apenas agora, por ela só ter 2 anos. Alguns estudos têm apontado que a TV antes dos 2 anos não promove nenhum benefício às habilidades cognitivas e motoras da criança. Nesta fase, o principal para o desenvolvimento infantil é o contato e a relação afetiva com os pais, pois a criança ainda está numa etapa mais voltada para a exploração do meio e para a interação com as pessoas. Assistir TV é uma atividade passiva,
tanto do ponto de vista intelectual quanto físico. Ou seja, totalmente contrária às necessidades dela agora. Isso não quer dizer que faça mal deixá-la vendo TV enquanto a mãe prepara o jantar, por exemplo. No entanto, nem todas conseguem ficar atentas a alguma programação, mesmo que adequada para a idade, por um longo período. Após essa idade, os pequenos podem começar a se interessar mais, até porque, independentemente da classe social, é fato que em praticamente todos os lares brasileiros há um televisor. Então, o mais importante, antes de se questionar se a criança terá ou não a permissão de assistir TV, é rever os hábitos familiares. Lembre-se de que o adulto é o modelo. Não adianta proibir se ela vê o tempo todo os pais com os olhos vidrados na telinha.
Para não errar, defina com a criança a quais programas ela pode assistir e por quanto tempo. Além de impor limites, de vez em quando sente-se com ela para conversar sobre a programação.
A Associação Médica Americana orienta que não se assista TV até essa idade. No Brasil não há recomendações tão explícitas, mas boa parte dos pediatras compartilha dessa opinião.
Dra. Deborah Moss é neuropsicóloga especialista em comportamento e desenvolvimento infantil e mestre em psicologia do
desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP). Consultora do sono certificada pelo International Maternity and Parenting Institute, no Canadá.