“Decidimos que só vamos dar doce para a nossa filha quando não pudermos mais segurar. Aos trancos e barrancos estamos conseguindo, mas a pressão é grande. Como dizer que é assim que queremos criá-la?”
R. L., por e-mail
O doce está associado ao afeto. Presenteamos as pessoas de que gostamos com chocolate e oferecemos um bolo quando alguém vai à nossa casa. Usamos a palavra para expressar coisas boas ou definir o jeito afetivo de alguém. Então, o gesto de oferecer um doce a uma criança pode ter um significado muito maior: amor e carinho. Mas elas ainda estão testando o paladar e não são exigentes nesse sentido, ou seja, podem muito bem tomar um suco cítrico sem açúcar e nem estranhar o gosto azedo. Como ainda não têm
referências, é assim e pronto. Vocês já tomaram a decisão e, pelo jeito, isso não está aberto à discussão. Portanto, a regra deve ser acatada, mesmo por quem não concorda. Por outro lado, tanto você quanto o seu marido precisam estar cientes de que sofrerão muitas críticas. Não há como impedir os comentários, e o recomendado é evitar o confronto e conflitos frente a esse impasse. Todo
mundo tem o direito de concordar ou discordar sobre o assunto, e para evitar brigas, tenha paciência e filtre o que for relevante pra vocês. Também devem ter claro que levarão adiante essa restrição “até que não dê para segurar“, imaginando que, provavelmente, chegará o momento em que a sua filha manifestará vontade pelos doces. Quando depararem com isso, caberá também a vocês
estabelecerem os limites para o consumo. A criação dos filhos é de inteira responsabilidade dos pais e isso inclui a educação alimentar.
O doce está intimamente associado ao afeto. Presenteamos as pessoas de que gostamos com chocolate e oferecemos um bolo quando alguém visita a nossa casa…
É difícil parar no primeiro brigadeiro, e é esta a questão. O excesso de açúcar pode causar problemas de saúde ainda na infância,
como cáries e obesidade infantil.
Dra. Deborah Moss neuropsicóloga especialista em comportamento e desenvolvimento infantil e mestre em psicologia do desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP). Consultora do sono certificada pelo International Maternity and Parenting Institute, no Canadá.