“Meu filho faz um escândalo quando é contrariado. Como posso controlar esses acessos de raiva?
G.B., por e-mail
Provavelmente seu filho ou o filho de algum conhecido já teve uma crise de birra, como ficar chorando copiosamente ou se jogar no chão do shopping. Entre 1 e 3 anos, este comportamento é bem comum, mais intenso aos 2 anos, fase conhecida como Terrible Two (terríveis 2 anos)! Ocorrem porque a criança pequena tem dificuldade em aceitar ser contrariada e reage às frustrações de modo impulsivo,
geralmente de forma explosiva, já que ainda não tem maturidade para se expressar por meio de palavras. Elas têm a ilusão de que o
mundo gira à sua volta, sendo regidas pelo princípio do prazer e o “não” frustra. E como os pais devem lidar com essas birras e ataques de nervos? Sem medo. Nada de ceder à vontade do filho e estimular um círculo vicioso. Por exemplo: a família está no shopping e a criança vê um brinquedo. Logo pede aos pais, que dizem não. Em seguida, o filho se joga no chão e, para evitar o constrangimento desta situação, a família compra o brinquedo. Logo, a criança se recompõe. Mas a mensagem que os pais passam é: sempre que quiser alguma coisa,
grite muito que vamos providenciar na hora! Como acalmar a criança sem ceder? Só há show se houver plateia. O ideal é ignorar sem criar alarde. Se se sentir constrangida por estarem em público, procure um lugar reservado e espere ela se acalmar. É importante ficar por perto, para evitar que ela se machuque. Procure expressar com palavras o quanto está decepcionada com tal atitude. “Sei que você não gostou que eu te disse que não podia comer chocolate antes do almoço, você ficou brava e por isso fez essa cena toda! Não gostei e espero que isso não aconteça de novo.” E fim! Não adianta depois ficar retomando o assunto. Nesta fase, tudo tem que ser dito na hora.
A instabilidade de um miniadolescente
O terrible two pode ser considerado a adolescência do bebê, em que ele deixa de seguir apenas os modelos e decisões dos pais e se percebe como indivíduo, com opiniões e decisões próprias. Esse começo da independência dá uma dor de cabeça daquelas aos pais: podem dar mais trabalho para comer, para dormir, obedecer…
DRA. DEBORAH MOSS Neuropsicóloga especialista em comportamento e desenvolvimento infantil e mestre em psicologia do desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP). Consultora do sono certificada pelo International Maternity and Parenting Institude, no Canadá.