Sucesso entre o público jovem, a série 13 Reasons
Why (Os 13 porquês, em tradução livre), do
Netflix, começa impactante. No primeiro episó-
dio, o personagem Clay (Dylan Minnette) encontra
áudios registrados pela amiga Hannah (Katherine
Langford). Nas gravações, ela explica os motivos que
a levaram ao suicídio. Apesar de criticada por conter
cenas fortes, a série toca em assuntos vividos por muitos
jovens e que merecem atenção. E a mensagem é
clara: a tragédia poderia ter sido evitada se os demais
personagens, inclusive os pais, tivessem agido de uma
forma diferente. Nesta matéria, apontamos os principais
dilemas apresentados nos episódios. O objetivo?
Refletir sobre como esses dramas interferem na vida
dos adolescentes e avaliar nossas postura diante disso.
mudanças ocorrem ao
mesmo tempo”, ressalta
André Assunção, psicólogo
da operadora de saúde
Hapvida. Assim, podem
ocorrer transições
de estilo. Durante um
período, o jovem assume
gostar mais de um gênero
musical e ter preferência
por uma maneira de
se vestir e, logo depois,
muda completamente
as predileções. Isso é
natural, pois eles buscam
autoconhecimento para se
afirmar perante os demais.
Afinal, estão caminhando
para a vida adulta.
No entanto, jovens com tendência
depressiva podem
apresentar dificuldades
em se reconhecer nos
grupos e se isolar. “Se
os pais mantiverem um
diálogo sincero e estiverem
atentos, identificarão esse
sinal”, afirma o especialista.
O envolvimento da família
é importante, pois por
meio dela podem ser
apresentadas aos jovens
alternativas para que eles
revertam esse quadro. Não
sabe por onde começar?
Falar sobre suas próprias
experiências passadas
pode ser uma forma
de quebrar o gelo.
acontece nos espaços
onde os jovens estão no
dia a dia”, diz Assunção.
Ele existe há tempos, mas
só começou a ser ‘levado a
sério’ há poucas décadas.
Muitas vezes, se apresenta
como simples brincadeiras
entre colegas – e é aí que
mora o perigo! Apelidos,
boatos e atitudes
depreciativas por
alguém são, na verdade,
ofensas que podem
desencadear problemas
psicológicos. No caso
da personagem (que foi
tachada pelos demais
como uma menina “fácil”),
o bullying estava ligado
também ao machismo.
Afinal, ela foi mal tratada
por, na teoria, apresentar
um comportamento
diferente daquele que é
esperado da mulher. Quer
coisa pior? Além disso,
a série também retrata
uma vivência comum: os
pais dos outros alunos se
negavam a reconhecer
que seus filhos praticavam
bullying com os colegas.
“O adulto que se recusa
a enxergar esse tipo de
situação compactua com
o desrespeito ao próximo”,
pontua o psicólogo.
Reconhecer o problema é
sempre a melhor maneira
de lidar com ele.
proporcionado rotinas
muito atribuladas e, com
isso, sobra pouco tempo
para que os pais convivam
com seus filhos”, alerta
o especialista. Para se
aproximar, além de dispor
de tempo, é necessário
também ter boa vontade
para entender o mundo do
jovem. Escutar as músicas
das quais ele gosta e
assistir aos seus filmes
preferidos são atitudes
que podem auxiliar nessa
missão. Incluí-los nos
programas familiares
também ajuda muito.
Outro ponto importante:
não desvalorizar seus
sentimentos. “Se eles
demonstram tristeza
ou angústia, o ideal é
reconhecer o sentimento
e não colocá-lo como
frescura, manha ou
bobagem”, indica
Assunção. Não exagerar
nos conflitos se exaltando
ou elevando o tom de voz
também é uma forma de
preservá-los, já que essas
atitudes magoam.
estupro. “Por ser uma
invasão ao corpo, esse
tipo de abuso gera traumas específicos para
quem passa por essas
situações”, explica o
psicólogo. Durante a fase
da adolescência, esses
episódios podem ser ainda
mais complicados, pois
nem todos conseguem,
nessa idade, lidar com a
experiência sem ajuda
psicológica. Além disso,
pode haver dificuldade
em externar o fato, já
que existe o medo de ser
criticado ou malvisto pelos
outros. É preciso muita
confiança nos pais para
falar dos problemas e pedir
ajuda. Por isso, deixar as
portas sempre abertas
para o diálogo é essencial.
encontra uma
maneira de resolver
uma dor que, para
ele, é insuportável”,
esclarece o
especialista.
Para aliviar esse
sentimento, o
suporte da família
e dos amigos é
fundamental.
Além disso, um
acompanhamento
psicológico ou
psiquiátrico faz
toda a diferença!