Quando se trata de prevenir o abuso de drogas e álcool por adolescentes, pais que sabem combinar limites com diálogo são os mais bem-sucedidos. Essa é a conclusão de um estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). A pesquisa, que foi realizada com 6.381 jovens de seis cidades brasileiras, com idade média de 12,5 anos, analisou quatro perfis de pais: autoritativo (que combina exigência com
diálogo e afeto), autoritário (que prevalece a exigência), indulgente (que tem baixo grau de exigência, mas alto de diálogo e afeto) e negligente (em que as duas características são baixas). Conversamos com especialistas, que deram dicas para manter seu filho longe de vícios.
Como abordar o assunto?
Até os 10 anos, a criança se contenta com explicações mais superficiais e não com discursos. Aqui, o ideal é ensinar o conceito de vida saudável, que é ter uma boa alimentação, praticar exercícios físicos e respeitar as regras. A partir dessa idade, antes de tentar criar um diálogo com o adolescente, estude para saber quais são as drogas mais comuns, os sintomas que elas provocam e como são utilizadas. “Evite inventar histórias assustadoras e dizer frases como ‘você não pode’ ou ´você não vai experimentar porque eu não gosto’. Fale apenas a verdade: as sensações que acontecem no ato do uso e as consequências que o consumo traz à saúde física, mental e emocional”, recomenda a psicóloga Ellen Moraes Senra. Assim, de acordo com as especialistas, você cria um ambiente democrático, fazendo com que seu filho sinta liberdade para perguntar e até mesmo contar algo que aconteceu.
Meu filho já experimentou… E agora?
Chame-o para conversar e, de maneira tranquila, pergunte por que ele experimentou. Na maioria das vezes, o adolescente prova álcool, cigarro e maconha para se inserir num grupo ou para parecer descolado. “Por isso é essencial trabalhar a autoestima desde cedo, potencializando seus pontos fortes e ajudando a superar frustrações. Deste modo, ele vai entender que se ele precisa beber ou fumar para ser aceito, é porque ele não pertence àquele grupo”, explica Ellen.
Existe momento certo para falar disso?
Marcar dia e hora e ter conversas longas sobre o tema não funcionam. Na realidade, só faz com que o adolescente fique na defensiva. “É importante que os bate-papos aconteçam naturalmente, a partir de um filme, de uma notícia ou até mesmo com uma história familiar. Ou, ainda, à medida que a criança ou o adolescente passa a se interessar pelo assunto, o que, normalmente, começa aos 10 ou 11 anos de idade”, explica a psicopedagoga e uma das fundadoras do Instituto NeuroSaber, Luciana Brites.
Quando é preciso pedir ajuda?
Os pais devem procurar um psicólogo quando perceberem que a conversa não foi suficiente. Então, para saber se seu filho continua usando, fique atenta:
➭ Alteração do peso, apetite e sono.
➭ Mudança de humor, como depressão, irritabilidade e ansiedade.
➭ Odores estranhos nas roupas e na boca.
➭ Queda no rendimento escolar.
➭ Mudança de comportamento com os familiares.