A atriz Fabiana Karla, que estará na próxima novela das 7 da Globo, “Verão 90”, é uma das porta-vozes do movimento Body Positive, que incentiva as pessoas a amarem seu corpo. Para a AnaMaria, afirma ter sempre se aceitado do jeito que realmente é.
“Cada etapa da vida me trouxe uma forma, inclusive porque tive três filhos e, em cada momento, meu corpo se transformava de um jeito. Cada fase me trazia uma história e isso nunca foi um problema, sempre lidei bem com as minhas formas”, diz.
Durante a entrevista, ela ainda abre o jogo sobre ter um namorado mais novo e assumiu que “panela velha é que faz comida boa”. Confira!
Você está ligada ao humor, mas em Malhação viveu o drama de uma mulher recém-viúva. Se surpreendeu com o convite?
Os trabalhos que fiz no teatro, como Gorda, de Neil Labute, e no cinema, A Máquina e O Palhaço, mostraram minha sensibilidade tanto no drama quanto na comédia. Não sou uma atriz de rótulos, faço o que é proposto. Creio, a direção acreditou que eu era a pessoa para o papel. É bom mostrar esse lado mais sensível na TV aberta. Já fiz isso com Perséfone, de Amor à Vida, uma personagem cheia de nuances.
Que outros lados como atriz gostaria de mostrar ao público?
Quero fazer uma vilã, mas amaria ser uma delegada também. Adoraria atuar em um remake de A Gata Comeu. Seria a Tetê [de Marilu Bueno]. Também faria a Naná, vivida por Fernanda Montenegro em Cambalacho, e a viúva Porcina de Roque Santeiro [Regina Duarte]. Quero tudo!!!!
O Brasil ama a Lucicreide do Zorra e ela foi parar no filme Lucicreide Vai para Marte (previsto para o primeiro semestre de 2019). Que cena mais gostou de rodar?
Amei as tomadas do voo de gravidade zero, em Las Vegas, e as filmagens na NASA. São coisas que só a minha profissão me proporciona, pois não faria uma aventura dessas. Foi um desafio atuar e ser uma das produtoras também. É um misto de responsabilidade e orgulho ver aquele personagem ganhar vida com outros elementos, como a casa, os filhos… Filmar em Pernambuco, minha terra natal, onde fiz Lucicreide aos 15 anos de idade, tem um sabor especial.
Você recebeu, na Itália, a Palma de Ouro de Assis, e se tornou Embaixadora da Paz no Brasil por causa do trabalho social que desenvolve no Recife. Como apresenta essa obra?
Recebi a honraria por fazer trabalhos sociais, mas, principalmente, por ter sido uma vítima da violência que se superou. Planto a semente da paz e acredito na bondade humana. Promovo a paz por meio do riso para pessoas que precisam de esperança, alento, um dia mais leve… Posso apresentar o Giral, projeto de capacitação que funciona em Glória do Goitá [PE]; a comunidade dos Pequenos Profetas, que ajuda mais de 300 famílias com a produção de um telhado ecoprodutivo que fornece alimento orgânico; e o Doutores do Amor, de Juiz de Fora, que trabalha nos hospitais. Ainda sou madrinha do GACC [Grupo de Apoio à Criança com Câncer, de Pernambuco].
Ser Embaixadora da Paz no Brasil implica em algumas obrigações?
Acho que no Brasil e em qualquer lugar. Uso muito a internet para me comunicar com os projetos e divulgá-los. Sempre que posso, faço contato com os membros pessoalmente. Arrumo uma forma de estar mais próxima e atender às necessidades dos projetos, mas não sofro nem sou cobrada demais. É um acordo de amor.
O que pode falar sobre sua personagem na próxima novela das 7 da Globo, Verão 90?
A Madá é uma espiritualizada com dons de vidência e o meu par será o Marcos Veras. Estou ansiosa!
Você se tornou porta-voz do movimento Body Positive, que incentiva as pessoas a amarem seu corpo. Em algum momento não se aceitou como é?
Sempre me aceitei como sou. Cada etapa da vida me trouxe uma forma, inclusive porque tive três filhos e, em cada momento, meu corpo se transformava de um jeito. Cada fase me trazia uma história e isso nunca foi um problema, sempre lidei bem com as minhas formas. Quando meu corpo não estava saudável, me assustei. Então, cuidei mais dele para ter melhor qualidade de vida e bem-estar.
Quando percebeu que tinha se apaixonado pelo seu corpo?
Não percebi porque sempre fui [risos]. Na verdade, aos 42 anos, você já sabe bem as “armas” que tem a seu favor. Toda idade tem seu charme, sua beleza. E a cada ano fico mais ciente de que estou amadurecendo bem, com qualidade de vida. E busco mais coisas para melhorar: a alimentação tem sido uma aliada, minha pele é prova disso.
Que preconceito você acha que conseguiu combater?
Tenho a impressão de que os outros acham a maioria das pessoas acima do peso relaxada ou preguiçosa. Mostrei que sou capaz de muita coisa… Não sou só uma carinha simpática [risos]. Faço TV aberta, fechada, teatro, cinema, dirijo, produzo, atuo, canto, danço (com as limitações de quem tem a rótula cheia de fio de aço). Escrevi os livros O Rapto do Galo e Gordelícias. E vem aí Mães com Açúcar.
O que a motivou nessa nova obra?
Minha avó é a minha motivação inicial. Tenho ótimas lembranças com ela na cozinha de quando eu era criança. E no filme Uma Pitada de Sorte [estreia em 2019] sou uma chef. Esse universo trouxe memórias de infância na cozinha da minha avó em Recife, com minhas tias… Todas rindo. E todo mundo tem uma receita de vó. E as avós são mães com açúcar. Ainda não tenho previsão de lançamento.
Já sofreu preconceito por namorar um homem mais jovem (Diogo Melo tem 28 anos)?
A internet, às vezes, é maldosa. Porém, também recebemos elogios. Isso não nos afeta porque sabemos a nossa verdade. E sabe o que mais? Panela velha é que faz comida boa [risos].
Desejou não levar a relação adiante por ele ser mais novo?
No início, sim. Como qualquer relação, independentemente da idade, a gente começa meio desconfiada. Eu tinha recém-saído de outra relação e não queria ninguém. Mas ele, apesar de novo, já é pai e é tão maduro, me traz paz, é companheiro, gosta das mesmas coisas que eu… E vê a vida de uma forma que me encantou. Me rendi.
Quais são seus rituais de beleza?
Durmo sem maquiagem, tento beber muita água, vou a uma clínica de estética duas vezes por semana para fazer drenagem e ativar colágeno e nutrientes que dão viço à pele. Ainda
faço uma alimentação com menos carboidratos e mais proteínas. Uso sachês de alimentos VLCD [Very Low Calorie Diet] para um lanche rápido. Eles ajudam na quebra de insulina e na esteatose (gordura no fígado).
Que ensinamentos transmitiu aos seus filhos e a enchem de orgulho? E que erros cometeu que gostaria de não repetir?
Passei confiança, os fiz crer que podem tudo, basta querer e batalhar! Que o sucesso, seja em que área for, só vem para quem se empenha! Sempre digo: as escolhas determinam o futuro. Então, escolham e assumam as consequências! Acho que fui ansiosa na vida e pulei etapas. Poderia ter sido tranquila e degustado mais, mas não me arrependo. Tento passar isso para tomarem como exemplo e não repetir.
Quando perde a esperança, como renova a sua fé?
Nunca perco a esperança! Sou uma otimista nata! Torço na Copa do Mundo, quero ver o mocinho vencer no filme e acredito em um Deus maravilhoso e que me mima muito. Sou abençoada demais! Ainda acredito na bondade das pessoas. Isso renova a minha fé!