O psicólogo social e professor universitário americano Jonathan Haidt comemorou recentemente a decisão do Brasil de proibir o uso de celulares nas escolas. No entanto, ele afirma que, para proteger de verdade a saúde mental dos jovens, é preciso ir além: o desafio agora é limitar o uso de telas também dentro de casa.
Autor do best-seller A Geração Ansiosa, o especialista dedicou anos à pesquisa sobre o impacto das telas e das redes sociais na vida de crianças e adolescentes. Para ele, estamos diante de uma crise silenciosa, mas urgente. “Irritação, tristeza e ansiedade quando o celular é retirado são sinais claros de dependência”, afirmou Haidt em entrevista ao programa Fantástico.
Regras em casa: como Haidt lida com as telas em sua família
Mesmo sendo um defensor da tecnologia usada com responsabilidade, Jonathan Haidt estabelece regras firmes dentro de casa. Ele acredita que medidas simples, porém consistentes, podem proteger os filhos de situações de risco e ajudar na recuperação da saúde emocional.
Segundo ele, duas regras são inegociáveis:
- Nada de redes sociais antes dos 16 anos.
- Proibição total de telas no quarto durante a noite.
Essas regras não existem por acaso. De acordo com o pesquisador, é durante a noite que os casos de assédio virtual acontecem com mais frequência. Portanto, manter o celular fora do quarto é uma medida de segurança essencial. Além disso, estudos apontam que a privação do sono provocada pelas telas afeta diretamente o desempenho escolar e o humor dos adolescentes.
É possível se recuperar da dependência digital
Durante entrevista exibida no Fantástico, Haidt trouxe uma boa notícia para os pais que enfrentam esse desafio: mesmo quando o afastamento das telas é difícil no começo, a melhora é visível em poucos dias.
“Quando adolescentes são internados e ficam longe das telas, os sinais de melhora aparecem em 15 a 20 dias. Primeiro vem a abstinência, mas o cérebro se recupera. Aquele filho doce volta a aparecer”, relatou o especialista.
Essa recuperação mostra que mudanças de hábitos realmente funcionam. É claro que o processo exige paciência, empatia e consistência. Mas, aos poucos, o adolescente volta a se conectar consigo mesmo e com o mundo real.
Redes sociais e o bem-estar emocional: por que adiar o acesso é fundamental
Diversos estudos apontam que o uso precoce de redes sociais está ligado ao aumento de casos de depressão, ansiedade e baixa autoestima entre jovens. Por isso, adiar esse contato pode ser uma maneira eficaz de proteger o bem-estar emocional dos filhos.
De acordo com Jonathan Haidt, o ideal seria que o adolescente só criasse perfis após os 16 anos — fase em que o cérebro já está mais desenvolvido para lidar com frustrações, críticas e interações sociais complexas.
Mais do que controlar, o papel da família deve ser o de orientar. Portanto, conversar sobre os perigos e os benefícios da internet é um passo essencial para que os jovens desenvolvam senso crítico e saibam usar a tecnologia a seu favor.
Resumo: O psicólogo Jonathan Haidt destaca os danos que o uso excessivo de telas e redes sociais pode causar à saúde mental dos adolescentes. Com regras simples e diálogo em casa, os pais podem ajudar os filhos a se desconectar do celular e se reconectar com a vida real. A boa notícia é que essa mudança de comportamento traz resultados rápidos e positivos.
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