A influenciadora digital Sarah Pôncio anunciou ter perdido a guarda do pequeno Josué Márcio, de 2 anos, na última quinta-feira (9), após a mãe biológica ter pedido a volta do filho. Em comunicado oficial, a família ressaltou que a decisão de adotar Josué foi baseada na esperança de resgatar uma criança em situação de vulnerabilidade social, provendo um lar adequado, repleto de amor e carinho.
“Todo o processo correu com o respaldo da lei, além de aprovação e bem entendimento de ambas as partes. Dito isso, Josué se tornou uma parte essencial da realidade de Sarah, ele se tornou, de fato, um filho”, informaram. Apesar do assunto ter gerado bastante comoção nas redes sociais, que viu a tristeza da família ao perder o convívio com a criança, a mãe biológica está em seu direito, visto que a papelada da adoção de Josué não foi finalizada antes de Sarah assumir a guarda.
A criança é sobrinha da babá da família, Cynthia Santos. Na época, foi divulgado que a profissional teria pedido apoio dos patrões para ajudar a criança, que, até então, tinha uma vida humilde em Fortaleza (CE).
COMO FUNCIONA O PROCESSO DE ADOÇÃO?
Quando um pretendente decide entrar na fila da adoção, ele precisa passar por várias etapas de um processo bem longo – que inclusive chega a ser criticado pela morosidade. Avaliações psicológicas, financeiras, sociais, entre outras, são cobradas pelos profissionais da Vara da Infância e Juventude.
Além disso, os candidatos a pais precisam entrar com uma vasta documentação, tudo isso antes de serem realmente habilitados. Isso significa que essas pessoas passam cerca de um ano se preparando para realmente entrar na fila da adoção.
Ao tentar agilizar o processo, a pessoa acaba pulando todo essa etapa burocrática, que protege a criança e a família de possíveis casos como o que está acontecendo entre Sarah e a mãe biológica do pequeno Josué.
IMPORTÂNCIA DO PASSO A PASSO
Segundo o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente), o processo de adoção deve ocorrer em até no máximo 120 dias. Como, na prática, isso não ocorre, muitas pessoas acabam optando por maneiras até mais rápidas, mas sem o embasamento da lei, para seguir em frente.
É o caso, por exemplo, de uma grávida que entrega seu filho para uma família interessada em cuidar e criar a criança. Mais tarde, essa família entra com um pedido pela guarda do pequeno para poder dar-lhe uma certidão de nascimento, alegando vínculo.
A professora Tais Lima, que também é influenciadora digital e pretendente à adoção – na fila há dois anos e meio – explica para AnaMaria Digital que, antigamente, os juízes até aceitavam esse tipo de justificativa, mas que isso não tem mais acontecido.
“Se a mãe biológica, no dia do tribunal, alegar que foi coagida e está arrependida de ter entregado a criança, o juiz pode tirar a guarda da família adotiva na hora, não importando o envolvimento ou nada disso. Porque vínculo a criança faz facilmente com muita gente”, explica.
REPERCUSSÃO NEGATIVA
Com toda a tristeza e homenagens que a família Pôncio tem feito para Josué, muitas pessoas que sempre sonharam com adoção têm se manifestado sobre o medo de uma situação parecida acontecer com elas, tornando o que aconteceu com Sarah uma espécie de desserviço para o Sistema de Adoção.
Após receber várias mensagens sobre esse temor de outros candidatos a pais, Priscila Melin, influenciadora digital que fala sobre sua vida em família – formada graças à adoção – decidiu se pronunciar nos Stories do seu Instagram.
“Quem quer adotar, faça pela fila de adoção. Quando você faz fora, vai ser analisado o caso para ver com quem a criança vai ficar… ou seja, têm riscos. E se a família biológica recorre, aí o risco é maior e quem sofre é a criança”, começou.
“Eu adotei o Pedro respeitando a fila da adoção e ninguém tira ele de mim, porque é um processo irrevogável”, garantiu, antes de completar: “Adoção é segura, só precisa ser feita da forma correta.”
Confira:
Segundo Tais Lima, muitas pessoas estão falando mal da adoção, depois de ver uma pessoa pública passando pelo drama de ter que devolver a criança. Para a professora, esse tipo de situação é injusta com quem respeita o passo a passo do processo, mas também pode servir de lição para aqueles que pensam em meios de burlar a burocracia.
“É preciso entender que isso abre margem para outros casos de adoção ilegal, porque os advogados usam resultados de casos anteriores para justificar os próximos. Não é justo”, afirma.
Tais acrescenta ainda que furar a fila da adoção é sinônimo de sofrimento no futuro. “Sofrem os país, a família, os filhos, a criança e a mãe biológica”, lamenta.