Brilhando na carreira de apresentadora, Fátima Bernardes é referência quando o assunto é mudar e melhorar conforme o passar do tempo. Afinal, em questão de anos, a jornalista se afastou da bancada do maior jornal televisivo do Brasil, se consolidou no comando de um programa matinal, passou pela separação de um casamento de décadas e hoje vive outra relação, e aparenta estar realizada no quesito amor. Ela também aprimorou o visual, a maneira de se vestir e até a forma de se comportar em frente às câmeras.
Mas a fase de liberdade só foi possível graças à maturidade. Recentemente durante o Encontro, Fátima comentou o período em que seus filhos trigêmeos ainda eram pequenos, e falou sobre algo que a incomodava: a falta de tempo para cuidar de si mesma. “Eu me lembro de uma vez ter ficado muito aflita porque não conseguia mais tomar banho de um jeito tranquilo. Sempre tinha um dos três batendo na porta. Aquele momento que você quer ficar sozinha por 15 minutos, mas não consegue de jeito nenhum. Não é falta de amor, você sente uma culpa desgraçada porque ama de paixão, mas só queria 15 minutos…”, ela desabafou.
Por essas e outras é que o relacionamento com as crianças é delicioso, mas tem aspectos duros de serem encarados pelas mães durante a infância de seus filhos. Ainda bem que tudo passa! Conversamos com Livia Marques, coach e psicóloga com foco em Terapia Cognitiva Comportamental, para entender como a dinâmica da maternidade vai se transformando com o passar dos anos:
Menos demandas e conflitos
Conforme o desabafo de Fátima, as necessidades de uma ou mais crianças podem ser difíceis de serem supridas. Afinal, no início do processo, com a gravidez e a amamentação, é a mãe quem acaba se doando mais para os bebês. Ainda que posteriormente as tarefas sejam divididas com o parceiro ou outros membros da família, os cuidados com os filhos podem ser desafiadores. Já na adolescência, é comum haver desentendimentos em casa, uma vez que os filhos estão batalhando pela sua autonomia e ainda estão na busca por sua identidade. Geralmente, é na vida adulta que essa relação tende a se estabilizar.
Valores e trocas
Crianças funcionam como esponjas: absorvem aquilo que lhes é dito e os exemplos de comportamento que observam dentro e fora de casa. Com o passar dos anos, muitos dos hábitos e dos ensinamentos que foram transmitidos pelas mães continuam regendo suas atitudes. Outros são lapidados ou adaptados àquilo que mais consideram adequados para sua rotina atual. Com essas novas vivências, as trocas de ideias e as afinidades tendem a aumentar. Se na adolescência era mais divertido sair com os amigos do que com os pais, na vida adulta, sentar para tomar um café ou almoçar na companhia da mãe pode ser uma das experiências mais prazerosas para os filhos.
A maternidade transforma
Depois de se tornar mãe, a tendência é que a mulher passe a encarar as possibilidades de vida de uma forma diferente. E até reconhecer sacrifícios do passado que antes eram despercebidos! Essa é uma das razões pelas quais ganhar um netinho pode estreitar ainda mais os laços entre mães e filhas – até porque as avós quebram o maior galho quando os pais precisam trabalhar fora, quando não sabem o que fazer ao verem seu pequeno doente ou quando precisam de conselhos na educação das crianças. Não que as gerações devam concordar em tudo: é esperado que suas opiniões sejam diferentes em muitas das situações. Mas, com a medida certa do respeito, as famílias saem ganhando muito com essas relações.
Cuidado que se multiplica
Ainda que não haja netos envolvidos, há outro fator que pode transformar profundamente as relações entre mães e filhos: o processo natural de envelhecimento. Ver que a vitalidade já não é a mesma ou lidar com problemas de saúde faz muita gente perceber vulnerabilidades que antes não ficavam tão claras sobre suas mães. Com isso, um instinto de proteção e carinho tende a aflorar nos filhos – que antes foram cuidados e agora precisam dedicar mais da sua atenção a elas. Ou seja: a vida adulta se torna o momento de devolução do amor que foi recebido durante todo o seu desenvolvimento. A natureza é sábia!