“Minha filha de 7 anos já me ronda para falar de sexo. Porém, fujo da conversa. Quando devo abordar o tema com ela?”
I. D., por e-mail
Essa dúvida é muito comum entre os pais. A resposta? Não há regra! Em geral, a hora certa está relacionada a quando começarem as perguntas por parte da criança. No início, não necessariamente, o foco será sexual, mas curiosidades que permeiam o tema. Exemplo de dúvida: “De onde vêm os bebês?” Você deve responder apenas ao que foi perguntado. Porém, com a linguagem e a
simplicidade exigidas por cada idade. Uma dica às mamães e papais: conversem antes para definir o que dirão aos pequenos. Assim, vocês não passarão informações contraditórias ou excessivas naquele momento. Se pintar uma saia justa e não der para sanar a dúvida naquela hora, não há problemas. Diga que pensará sobre o assunto ou vai se informar melhor. Porém, lembre-se de retomá-lo depois e com mais calma. E foque sempre na verdade, mas considerando o contexto da criança, claro. A informação pode ser passada ao filho tanto pelo pai quanto pela mãe. Ou ambos. Tudo depende de quem se sente mais à vontade com o assunto. Com isso, a criança sentirá mais confiança e saberá que sempre poderá conversar com os dois sem inseguranças. Levando em conta a idade do filho, é importante desenvolver um diálogo franco sobre todos os temas, inclusive a sexualidade. No futuro, os pequenos terão três benefícios: 1Em primeiro lugar, manter um canal aberto de comunicação ajudará na liberdade dos filhos. Eles conseguirão falar abertamente com os pais em outros momentos da vida. 2 O fato de, desde cedo, ter as suas dúvidas sanadas permite que se entre contato com um assunto tão íntimo sem tantos tabus ou mitos. 3 A educação sexual auxilia na criação de jovens mais responsáveis e conscientes do seu corpo. Essa medida pode ajudar a evitar as doenças sexualmente transmissíveis ou até mesmo uma possível gravidez indesejada.
Conversar sobre sexualidade com os filhos forma adolescentes e adultos mais seguros. Além disso, evita a falta de informação que pode levar à gestação não programada na adolescência e doenças sexualmente transmissíveis. Segundo dados de 2006 a 2015 da
UNFPA, órgão da ONU responsável por questões populacionais, O BRASIL TEM A 7ª MAIOR TAXA DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NA AMÉRICA DO SUL. Outro dado de 2017 do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) afirma que 20% das gestações no nosso país são de adolescentes.
* DEBORAH MOSS
Neuropsicóloga especialista em comportamento e desenvolvimento infantil e mestre em psicologia do desenvolvimento pela
Universidade de São Paulo (USP). Consultora do sono certificada pelo International Maternity and Parenting Institute, no Canadá.
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