Quando falamos em crianças superdotadas, muitas pessoas imaginam alunos que se destacam facilmente em todas as disciplinas. Contudo, o que realmente define essas crianças é a presença de habilidades cognitivas acima da média, que podem se manifestar em áreas específicas, como matemática, música ou habilidades sociais.
Segundo o Censo Escolar 2023, apenas 0,08% dos estudantes brasileiros são identificados como superdotados, demonstrando que a questão vai além do simples desempenho escolar e envolve também aspectos emocionais e sociais.
Desafios no sistema de educação infantil
Um dos maiores desafios enfrentados pelas crianças superdotadas é a falta de preparo das instituições de educação infantil para atender suas necessidades específicas. Isso ocorre porque o sistema educacional brasileiro ainda não prioriza o treinamento adequado de professores para lidar com esse público.
De acordo com a pedagoga Jéssica Maranhão, especializada em educação especial, as dificuldades começam já na formação inicial dos docentes. “Na faculdade, pouco se fala sobre crianças com altas habilidades. Muitos acreditam que elas aprendem sozinhas, o que reforça a ideia de que não precisam de suporte especializado”, explica a especialista à BBC News Brasil.
Além disso, as escolas frequentemente não oferecem atividades que estimulem o potencial dessas crianças, levando ao desinteresse e até mesmo ao isolamento.
A importância do atendimento individualizado
Para o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela, presidente da ISI Society, é essencial que o sistema educacional entenda que as crianças superdotadas possuem demandas específicas. “Um acolhimento eficaz exige atenção dedicada, atividades personalizadas e estímulos que desenvolvam a liderança e a autonomia dessas crianças”, explica.
Abreu também ressalta que esses estudantes podem ser mais sensíveis e suscetíveis à frustração. Por isso, é fundamental que educadores criem um ambiente de confiança, onde a curiosidade e o desenvolvimento integral sejam priorizados.
O que está sendo feito para melhorar?
Desde 2013, as altas habilidades fazem parte da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), garantindo o direito ao Atendimento Educacional Especializado (AEE). Isso inclui aceleração de séries, currículos adaptados e salas de recursos multifuncionais.
O Ministério da Educação (MEC) afirmou que está desenvolvendo ações em prol da educação inclusiva, como capacitação de professores e produção de materiais didáticos sobre superdotação. Além disso, algumas redes estaduais e municipais oferecem iniciativas que visam aprimorar o atendimento a esses alunos, incluindo avaliações pedagógicas iniciais e planos de atendimento especializados.
Apesar desses avanços, ainda há um longo caminho para que todas as crianças superdotadas tenham acesso à educação que realmente atenda às suas necessidades.
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