Os primeiros passos, as primeiras palavras, o primeiro sorriso: a parentalidade é repleta de momentos que ficam na memória para sempre. Porém, mais do que lembranças afetuosas, esses marcos são indicativos importantes do desenvolvimento neurológico dos bebês. Os primeiros anos de vida de uma criança são cruciais para o desenvolvimento motor, cognitivo e de linguagem. Até completar três anos, o cérebro dos pequenos está a todo vapor.
Segundo a neuropsicopedagoga Silvia Kelly Bosi, é nesse período, especialmente nos primeiros mil dias (contando com os 9 meses de gestação), que se formam conexões neurais essenciais para habilidades motoras, cognitivas, de linguagem e sociais. Sinais como não apontar, não falar ou começar a andar depois do esperado podem indicar atrasos que merecem atenção imediata.
“Cada criança tem seu tempo”
Entre os mitos mais frequentes quando falamos em desenvolvimento infantil está a ideia de que “cada criança tem seu tempo” como justificativa para atrasos importantes. O neurocirurgião André Ceballos, especialista em desenvolvimento infantil, alerta que, apesar das variações individuais, é essencial investigar casos persistentes.
Outro mal-entendido comum é acreditar que apenas crianças com doenças graves podem ter atrasos, ignorando o papel da estimulação e da nutrição no desenvolvimento. O tempo pode ajudar, mas, segundo ele, é o acompanhamento correto que faz a diferença. Por isso, atrasos significativos em relação à idade esperada devem sempre ser investigados.
LIGUE O ALERTA SE…
- Até 2 meses: não fixa o olhar nos pais nem responde ao sorriso.
- Até 6 meses: não balbucia.
- Até 9 meses: não responde ao nome e não senta sozinho.
- Até 12 meses: não aponta, acena ou dá tchau.
Sinais de alerta no comportamento infantil
- Socialização: após 1 ano, prefere brincar sozinha e de forma repetitiva.
- Movimentos repetitivos: gira objetos, alinha brinquedos ou balança as mãos com frequência.
- Sensibilidade sensorial: reage pouco ou demais a sons, luzes, cheiros ou texturas; chora muito em locais agitados.
O que observar na rotina para identificar atrasos
Além de acompanhar os marcos esperados por idade, pais e cuidadores devem observar a forma como a criança interage com o ambiente e com as pessoas ao redor. A ausência de contato visual, a dificuldade de interação social ou o uso limitado da linguagem podem ser sinais de que algo precisa ser investigado.
Para uma avaliação completa, é essencial observar o comportamento da criança em diferentes contextos: em casa, na escola ou em momentos de lazer. O olhar atento da família, aliado ao acompanhamento de profissionais como pediatras, fonoaudiólogos e neuropsicopedagogos, faz toda a diferença na identificação precoce de possíveis dificuldades.
O momento de buscar avaliação profissional
Sempre que a família perceber sinais persistentes de atraso, como ausência de resposta ao nome, falta de gestos e dificuldade para se comunicar, é fundamental procurar um profissional especializado. Um diagnóstico precoce permite uma intervenção eficaz e personalizada.
Silvia explica que o período entre o nascimento e os seis anos é uma janela crítica para o desenvolvimento, pois o cérebro está em intensa plasticidade. Nesse estágio, as intervenções tendem a ter resultados muito mais positivos. Quanto mais cedo a criança for acompanhada, maiores são as chances de avanços significativos.
Quanto antes, melhor!
Reconhecer sinais de atraso no desenvolvimento infantil não significa rotular a criança, mas garantir que ela receba os estímulos e o suporte adequados para alcançar seu potencial. Estar presente, observar e buscar orientação quando necessário são atitudes que transformam o presente e o futuro das crianças.
Afinal, quando o assunto é desenvolvimento infantil, o tempo é precioso – e pode ser decisivo.
Resumo: Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento neurológico das crianças. Observar marcos como fala, interação e movimentos pode ajudar a identificar atrasos precocemente. O diagnóstico e o acompanhamento certos fazem toda a diferença no futuro dos pequenos.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (6 de junho). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
Leia também:
Diabetes gestacional: o perigo silencioso que ameaça mãe e bebê — saiba como evitar