Você viu a cantora brilhar no Carnaval da Sapucaí, no de Salvador e ainda arrumar tempo para pular na pipoca baiana, disfarçada de palhaço. E é inevitável pensar: onde ela arruma esse pique? Segunda a cantora, a maternidade deu ainda mais força e coragem. Quando Ivete
Sangalo foi chamada para apresentar o The Voice Kids, no ano passado, estava descobrindo o que chama de pílula da vida: a maternidade. E é isso que ela tenta passar para os aspirantes
a cantores mirins. “O objetivo é fortalecer essas crianças, independentemente
do que vai acontecer aqui”, disse na entrevista. Veja como ser mãe do Marcelo,
de 7 anos (que desfilou com ela no Rio), e trabalhar com tantas crianças mudou o jeito da baiana lidar com a
vida.
É uma responsabilidade
grande fazer o The Voice Kids?
Quando os meninos me
chamaram pra participar eu fiquei muito feliz por tudo que está envolvido na
questão. Me chamaram num momento em que descobri a pílula da vida, da força e
da coragem que é ser mãe. Foi um misto: estar vivendo esse sonho com as
crianças, que ficará na memória afetiva deles, e de ter a sensação de coração
transbordando. Dá vontade de virar pra todos. Você começa a colecionar razões
pra escolher. E é gostoso fazer parte da construção desse pilar porque você
traz uma palavra de fortalecimento. O objetivo é fortalecer essas crianças.
Como você lida com
a decepção de quem não foi escolhido?
Ninguém elimina
ninguém. Nossa ideia é agregar. Eles acabam aprendendo isso de forma
espontânea. Creso [apelido de Eduardo Macedo, diretor artístico do programa]
me falou algo que foi determinante pro meu entendimento do The Voice Kids:
“a criança é livre, está começando, está aprendendo”. Todos esses hábitos que
temos sobre a vida, o pessimismo que temos com algumas situações… eles não
têm. Pra eles, esse é o começo. A gente tem que se despir do adulto.
Inevitavelmente os meus olhos se fecham e é uma tentativa de discernir, porque
eu sou mãe e eu quero meu filho feliz. Mas eu quero meu filho feliz dentro das
possibilidades e dentro da verdade. Assim como quero com eles.
Existe uma cobrança
nos seus círculos pessoais para que o Marcelo cante?
Pra ele não existe uma
dissociação de ‘ali está a cantora, aqui está a minha mãe’. Ele assiste comigo
e a às vezes eu falo alguma expressão, e ele pergunta: ‘Mãe, o que foi isso que
você disse?’, ou então: ‘Mãe, você gostou muito?’. Ele vive neste mundo, já faz
uns batuques bonitos, adora música… Mas é livre para ser o que quiser.
Onde você aprendeu
a ser tão didática para explicar os erros e acertos das crianças?
A criança que vem para
o The Voice Kids está na infância, então tudo o que é dito a ela tem um
conteúdo mais denso porque faz parte dessa construção do que ela imagina sobre
a vida. É o começo. Ter a oportunidade de fazer parte desse momento é massa
demais. Saber que eles sairão daqui com essa lembrança feliz, para a vida. É
massa.
Que conselho daria
para as mães que estão descobrindo os talentos dos filhos?
Respeito e paciência.
E muito amor. Acima de tudo amor.
Você acha que o
programa muda vidas?
Elas vêm até aqui para
realizar sonhos e escrever oportunidades. O objetivo é dar aquele candidato
muitos subsídios para que ele desenvolva o talento de uma forma mais natural.
Como espectadora, eu sempre achei que o programa te inebria, te deixa
paralisado diante da televisão. As histórias são muito gostosas de ouvir, essa
oportunidade é massa de se ver. Vê-los pessoalmente cantando é impactante
porque realmente são grandes cantores, grandes intérpretes.
Qual a maior lição
que o The Voice te deu?
Maturidade e calma. Eu
já vinha com esse movimento depois que meu filho nasceu. Hoje eu percebo mais,
eu passei a economizar meus pensamentos e falas, pois ali naquele momento
existem outras pessoas a serem alçadas à notoriedade. Isso trouxe uma calma de
pensamentos como artista. Com as crianças, eu ganhei esse tempo de raciocinar
em benefício delas. Eu penso como se fossem meus filhos. É preciso ter uma
responsabilidade. Isso gera raciocínio, calma, paciência com as palavras e com
os movimentos.