Criar filhos nunca foi uma tarefa fácil, e não existe manual de instruções ou tutorial no Google que a faça ser. Entretanto, quando tudo é feito com carinho, respeito e compreensão de que cada pessoa é um ser único, a vida se encarrega de seguir seu ciclo, principalmente quando ensinamos as crianças de forma neuroconsciente – uma abordagem educacional baseada em neurociência – que respeita a humanidade e que se faz necessária para educar seres humanos que transformarão seu grande potencial biológico em saúde, competência pessoal, social, emocional, força e prosperidade. Isso é o que a especialista em Neurociência Comportamental Infantil, Telma Abrahão, explica em seu livro Educar É Um Ato De Amor, Mas Também É Ciência (Ed. Literare Books Internacional).
A autora também do best-seller Pais Que Evoluem e idealizadora da educação neuroconsciente fala sobre a mudança que queremos ver no mundo: “Ela precisa começar em casa, na família, onde a base da vida humana é formada. E a obra ajuda a descobrir que educar é um ato de amor e também ciência”. Segundo a especialista, nascemos com um cérebro imaturo e incapaz de atender as expectativas irreais dos pais, que esperam que seus filhos se comportem como pequenos adultos. “Ao não compreenderem o desenvolvimento de seus filhos, os pais acabam usando a agressividade e a violência física e emocional para educar. A educação neuroconsciente nasceu para minimizar o risco de traumas e experiências adversas vividas na infância”, analisa.
A transformação começa com os pais
“Sempre falo que uma educação emocionalmente saudável começa com a educação dos pais. O primeiro passo é a tomada de consciência para perceber que podemos aprender a fazer diferente e, principalmente, olhar para o comportamento dos filhos”. Tapas, surras e agressividada não educam uma criança, e, pior, são atitudes baseadas no medo. Educar uma criança de forma neuroconsciente tem a ver com dar a segurança física e emocional necessárias para que o cérebro humano possa se desenvolver com toda a sua potência. “O medo deixa o corpo da criança em estado de estresse, aumenta a produção de hormônios, como cortisol e adrenalina, atrapalhando seu aprendizado e impactando negativamente seu comportamento quando vive em um ambiente de constantes ameaças. Quando os pais compreendam alguns conceitos básicos sobre o desenvolvimento infantil, suas atitudes tendem a mudar positivamente – o que colabora para a construção de uma relação baseada no amor, conexão e respeito mútuos, e não no medo”, alerta.
Quem ganha com isso?
“A educação neuroconciente tem muitos benefícios, especialmente em relação à própria autoestima, percepção de mundo, sua forma de se relacionar consigo e com o outro. “Crianças criadas com amor e limites aprendem a respeitar, a ter empatia, a se colocar no lugar do outro e, principalmente, entendem que merecem ser tratadas com dignidade. Elas não aceitarão ser maltratadas ou desrespeitadas por seus colegas ou cônjuges. Elas também entendem que a violência não é o caminho para se relacionar. Uma criança que apanha em casa, entende que é assim que se resolve os problemas, e pode acabar levando essa forma de agir para suas relações, resolvendo tudo na base do grito e da violência”. Portanto, se queremos um mundo mais pacífico, precisamos dar educação emocional e ensinar os filhos a lidarem com o que sentem sem agressividade – e, para isso, precisamos aprender a fazer o mesmo primeiro.
Para educar de forma neuroconsciente…
1 – “Olhe para as crianças e reconheça que elas têm sentimentos e precisam ser amadas, orientadas e guiadas com dignidade e respeito. Tirar um tempo todos os dias para dar atenção de qualidade, conversar e se conectar é essencial para criar um relacionamento baseado no afeto e na segurança física e emocional”.
2 – “Ouvir com atenção: todo ser humano precisa se sentir ouvido, mas, muitas vezes, os pais só querem falar, e não ouvir. Isso atrapalha muito o relacionamento entre pais e filhos porque a criança não se sente vista ou considerada.
3 – “Validar as emoções! Ter empatia e se colocar no lugar do filho é essencial na formação de um vínculo seguro. Perceber que as crianças têm necessidades emocionais por afeto e conexão é fundamental, assim como conversar sobre o que elas sentem. Tudo isso ajuda a criança a reconhecer as próprias emoções e a do outro também – o que impacta positivamente em todas as suas relações ao longo da vida”.