Ter vergonha de dar oi para as pessoas e até se esconder atrás de conhecidos quando muita gente se aproxima. Crianças tímidas fazem isso. Num primeiro momento, tal traço de personalidade parece negativo. Mas nem sempre é: “Uma pessoa inibida pode ser mais observadora, paciente e reflexiva do que alguém extrovertido”, exemplifica Christine Bruder, psicóloga e fundadora do berçário Primetime Child Development. Ela revela, a seguir, quando a introspecção pode virar um problema e orienta como agir para ajudar os pequenos a se soltarem – sem forçar a barra!
Por que ele é assim?
Para a especialista, a timidez não é mera genética. Ela também é uma característica da nossa personalidade, moldada ao longo da vida, a partir das experiências vividas e da maneira como nossa família nos estimulou e interagiu conosco. “Conforme o tempo passa, a timidez pode diminuir ou aumentar. Porém, só será um problema na vida da pessoa quando ela sentir medo de realizar as atividades do dia a dia. Fazer de tudo para evitar interagir com o outro também é um mau sinal”, esclarece. Nesses casos, é indicado falar com o pediatra.
Pais superprotetores
Devemos deixá-los caminhar sozinhos, pois os pais que estão sempre de olho e que protegem demais tendem a limitar as vivências dos filhos. “Quando está menos exposta às experiências e desacostumada com os fatos que acontecem fora do círculo familiar,
a criança pode acabar tendo problemas sociais”, diz Christine. Precisamos estar atentas, claro, mas sem asfixiar os filhos com nossas angústias e preocupações. Assim eles aprendem a conviver com todo tipo de pessoa.
Sinais da timidez
Além de demorar mais para interagir, especialmente quando está perto de desconhecidos, a criança retraída pode apresentar outras características:
Demora para explorar materiais e ambientes.
Prefere ficar na companhia de pessoas conhecidas quando numa festa ou num ambiente com bastante gente.
Chega a evitar ir a lugares onde sabe que não encontrará ninguém conhecido.
As mãos suam e orelhas e região do pescoço costumam ficar vermelhas.
Fala baixinho e evita fazer contato visual.
Ajudar, sim! Pressionar, não!
Muitas famílias não sabem como ajudar os pequenos e acabam interferindo da maneira errada, dificultando ainda mais a interação. Eis algumas dicas práticas para estimular o convívio social da criança:
Antes de mais nada, não pressione seu filho a ser do jeito que ele não é. Nada de compará-lo nem desejar que ele seja igual ao primo ou ao amigo.
Não “empurre” o pequeno para falar com as pessoas. Seja simpática e ofereça: “Você quer ir com eles?” Se não adiantar, ofereça-se para ir junto. “É importante mostrar para a criança tímida que você a apoia, pois só assim ela se sentirá mais segura”, explica a especialista.
Não force as situações. “Se ele não quiser ir a uma festa de aniversário, não discuta nem o chame de ‘bicho do mato’. Que tal oferecer companhia? Diga que estará lá o tempo todo e que vocês irão embora quando ele quiser”, recomenda Christine.
Evite fazer muitas perguntas. Deixe que a criança conte o que sente e o que pensa na hora que quiser.
Não peça desculpas a terceiros pelo filho que tem. Se uma amiga aparecer e seu filho não quiser cumprimentá-la, isso não significa que ele seja mal-educado.
Nada de terminar a frase ou responder pela criança.
“Diga que no futuro ele vai conseguir se soltar com mais facilidade. Dê suporte e acolha sempre!”, finaliza Christine.