“Meu filho faz perguntas sobre sexo de arrepiar o cabelo. Evito falar do assunto, pois acho que pode gerar mais curiosidade…”, A. T., por e-mail.
Evitar o assunto com seu filho não significa que a questão não esteja presente o tempo inteiro. Pelo contrário. Ao perceber que os pais evitam o assunto, o que pode acontecer é ele procurar outros lugares para consulta, como a internet, os amigos e outras fontes menos confiáveis.
Muitas mães e pais acreditam que há uma idade ideal para esse tipo de conversa, ou que ainda é cedo para tocar no assunto. Falar sobre sexo, prevenção e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) nunca é demais. E nunca é cedo também. A partir do momento que o filho manifesta curiosidade a respeito ou qualquer assunto tabu é preciso que ele tenha respostas.
Quanto à medida de cedo ou tarde, aqui vai uma notícia: pesquisa publicada pelo IBGE apontou que 35,4% dos adolescentes entre 13 e 17 anos já tiveram a sua iniciação sexual. E, nesses casos, a informação, o assunto tratado naturalmente em casa deixa o adolescente mais preparado para, por exemplo, saber a necessidade de usar preservativos.
Porque desse número citado, 66,1% das meninas relataram que um dos parceiros usou preservativo na primeira relação sexual e 79,4% dos adolescentes (de 13 a 15 anos) receberam orientações na escola sobre HIV/AIDS ou outras doenças sexualmente transmissíveis.
A curiosidade sobre o assunto vai acontecer de qualquer forma. Falar sobre sexo não faz ninguém querer sair correndo para experimentar. Abordar o assunto só traz mais conhecimento sobre o tema, mais liberdade para entender e, principalmente, informação, conscientização e cuidados.
É importante que o adolescente se sinta em um ambiente favorável para desabafar e compartilhar as suas dúvidas com você ou com algum adulto da confiança dele.
Abordar o assunto só traz mais informação, conscientização e cuidados. É importante que o adolescente se sinta em um ambiente favoráel para desabafar e compartilhar as suas dúvidas com você
ou com algum adulto da confiança dele.
FORMAS DE CONVERSAR
Não torne a conversa em um tom didático ou formal. Falar sobre camisinha e formas de evitar uma gravidez precoce são tópicos fundamentais, mas não faça das conversas um palanque, e nem uma forma de dar lição de moral. Ouça com calma as perguntas, destrinche-as antes de responder e elabore bem as frases.
DICA PRINCIPAL
Para conversa ser bem-sucedida, os pais devem se desconstruir também. É preciso tentar se livrar dos próprios preconceitos. Se a conversa for incômoda para o pai ou a mãe, os filhos percebem e, então, é fim de papo!
*ROBERTA CERASOLI é jornalista, educadora parental, roteirista, mãe de duas adolescentes e criadora do AdolePapo, site e página no Instagram e Facebook dedicada às mães e aos pais que buscam atravessar a fase da adolescência dos filhos com leveza, equilíbrio e acolhimento.