Manter a casa segura para os pequenos exige atenção constante. Afinal, crianças são curiosas e, nos primeiros anos de vida, têm o hábito de levar tudo à boca. É justamente aí que mora o perigo: a ingestão de objetos estranhos ou substâncias tóxicas pode causar complicações graves e, em alguns casos, até risco de morte. Por isso, entender o que fazer em uma situação como essa — e principalmente como prevenir — é fundamental para todas as famílias.
Por que a ingestão de objetos estranhos é tão perigosa?
Segundo o médico Mário C. Vieira, chefe do Serviço de Gastroenterologia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, itens como moedas, pilhas, bijuterias e partes de brinquedos estão entre os mais frequentemente engolidos. Dependendo do formato, tamanho e composição, esses corpos estranhos podem parar no esôfago, estômago ou intestino, causando vômitos, recusa alimentar, dificuldades para engolir e, nos piores casos, lesões internas ou perfurações.
Além disso, se o objeto for aspirado — ou seja, em vez de ser engolido, for parar nas vias aéreas — o quadro se agrava ainda mais. “Pode haver obstrução respiratória, tosse persistente, chiado no peito e até asfixia grave”, alerta o especialista.
Quando buscar ajuda médica imediatamente?
Ao identificar que a criança engoliu um corpo estranho, leve-a imediatamente a um pronto atendimento. Lá, exames de imagem vão localizar o objeto e, se necessário, será feita a retirada por endoscopia digestiva — sempre com a criança em jejum e sob anestesia. Já no caso de aspiração, a remoção ocorre por endoscopia respiratória. Em situações mais complexas, pode ser preciso realizar uma cirurgia.
É importante destacar que tentar retirar o objeto com os dedos nunca é recomendado. Isso pode empurrá-lo ainda mais para dentro, agravando a obstrução.
Perigo ainda maior: ingestão de substâncias tóxicas
Além dos objetos, há outro risco comum: a ingestão de produtos cáusticos. São substâncias altamente corrosivas que podem causar queimaduras internas, necroses e outras complicações severas. Entre os mais perigosos estão os produtos de limpeza (como soda cáustica), cosméticos e baterias.
Nesse caso, a recomendação é não provocar vômito nem oferecer líquidos como leite ou suco, pois isso pode agravar as lesões. A orientação é levar a criança imediatamente ao hospital para avaliação e cuidados específicos.
Manobras de emergência para casos de asfixia
Se houver sinais de asfixia grave, como dificuldade intensa para respirar, a ajuda deve ser imediata. A manobra de Heimlich pode ser crucial até a chegada ao hospital. Em crianças pequenas, posicione-as de bruços sobre o braço, com a cabeça voltada para baixo, e aplique tapas firmes nas costas.
Em crianças maiores, abrace-as por trás e pressione a barriga com força, logo acima do umbigo, empurrando o ar dos pulmões para forçar a saída do objeto. Confira no vídeo:
Mesmo após o alívio dos sintomas, a criança deve ser avaliada por um profissional.
Como evitar a ingestão de objetos estranhos?
A melhor forma de lidar com esses acidentes é prevenir. Por isso, mantenha o ambiente o mais seguro possível. Veja algumas dicas práticas:
- Escolha brinquedos adequados para a faixa etária da criança;
- Evite brinquedos com peças pequenas ou que se soltem com facilidade;
- Guarde moedas, bijuterias, pilhas, produtos de limpeza e cosméticos fora do alcance das crianças;
- Revise áreas de risco com frequência, como chão, gavetas e prateleiras baixas.
Com atitudes simples, é possível reduzir as chances de acidentes e garantir um lar mais seguro para quem está descobrindo o mundo.
Resumo: Acidentes com objetos ou substâncias são mais comuns do que se imagina, principalmente na infância. Saber identificar os riscos, agir com rapidez e, acima de tudo, prevenir, pode salvar vidas. Portanto, atenção redobrada com os pequenos em casa faz toda a diferença.
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