“Mulher é tudo igual. Só muda de endereço.” A gente se incomoda com frases como essa porque costumam ser ditas por homens e temos o direito de achar que a recíproca é verdadeira. Mas nem sempre a melhor defesa é o ataque.
Então, é bom pensar por que passamos a impressão de agir dentro de um padrão previsível de comportamento. Numa conversa, alguém expôs uma situação: “O que faria se seu namorado/marido viesse te buscar e, no banco do carona, uma mulher desconhecida se mantivesse sentada, te obrigando a ir para trás?”.
As manifestações foram parecidas sobre as maneiras de arrancá-la de lá. Não as culpo. Essa situação ativa mesmo uma reação colérica. Mas pra quê? Há duas possibilidades para a infeliz se manter ali: é sem noção e age na inocência ou quer criar um constrangimento entre você e seu partner.
Na primeira hipótese, enganos acontecem. Não vale a pena ser grosseira com a colega de trabalho que pediu uma carona até o metrô. Na segunda, a biscate quer escândalo. Você vai reagir exatamente como ela planejou.
Pensa o contrário: você estranha a fofa no seu lugar, mas faz de conta que pediu um Uber Pool e senta no banco de trás. “Oi, eu sou a Maria, prazer.” Assim, você acaba com a brincadeira dela, mas espera que lhe deem um motivo para aquela visita inesperada. “Mas vou passar por trouxa?” Por trouxa você passa se armar barraco.
Se você consegue exercer o autocontrole, a colega logo vai se achar desinteressante… Colocar a culpa nele também é injusto. Ele pode mesmo ter se metido em uma saia justa. Que homem ia instalar uma outra mulher no carro só por conta da adrenalina? E quantas pulgas atrás da orelha dele seriam instaladas se ele esperasse o seu pior e encontrasse uma mulher centrada? Piti não evita traição.
No máximo, faz com que o outro tome mais cuidado com o que precisa ser escondido. E a mentira não precisa ser caçada. Ela cai no seu colo na hora exata. A ideia é considerar o que você vai ganhar se agir como uma doida: nada! Ou melhor: vai passar a certeza de que é mais uma na multidão. E que só muda de endereço mesmo.
WAL REIS é jornalista e profissional de comunicação corporativa. Escreve sobre comportamento e coisas da vida: www.walreisemoutraspalavras.com.br/blog/