Nada se compara à emoção das primeiras palavras do bebê, um momento que ficará para sempre na memória dos pais. Porém, junto com esse sonho, pode surgir a preocupação: será que meu filho está demorando para falar? Cada criança tem seu tempo, mas alguns sinais podem indicar que é hora de buscar orientação profissional.
Com o olhar atento e algumas estratégias no dia a dia, é possível apoiar esse processo de forma natural, respeitando o ritmo da criança.
Os primeiros sinais de comunicação
Antes mesmo de começar a falar, o bebê já está se comunicando – e é fundamental prestar atenção nesses primeiros sinais. A comunicação gestual, como apontar, fazer sinais com as mãos e indicar o que deseja, é um passo essencial do desenvolvimento.
“A criança precisa entender que pode indicar o que quer, onde está algo ou chamar a atenção de um adulto para determinado objeto, e saber como se faz isso”, explica a neuropsicopedagoga Silvia Kelly Bosi em entrevista à AnaMaria. Segundo ela, esse tipo de gesto, que parece simples, é a base para a construção da linguagem verbal. Ou seja: mesmo que ainda não fale, a criança precisa estar tentando se expressar de outras formas.
Estímulos práticos para o dia a dia
A fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer afirma que uma das estratégias mais importantes é incentivar a imitação. E isso pode começar com atitudes bem básicas: bater palmas, mandar beijo, brincar de esconde-esconde. “Esses gestos estão diretamente ligados ao vínculo social e à comunicação. Quando a criança aprende a imitar, ela começa a entender como se faz para repetir sons – e, mais tarde, palavras”, explica.
Outras estratégias práticas:
- Falar com clareza e naturalidade, sempre mostrando o objeto ou a ação ao mesmo tempo (por exemplo: segure um copo e diga “água”);
- Reforçar positivamente toda tentativa de comunicação, mesmo que seja um gesto ou som sem muita clareza, sorria, elogie e continue a interação;
- Criar situações que exijam comunicação, como colocar um brinquedo fora do alcance para que a criança precise pedir ou apontar;
- Brincar bastante, dando espaço para que a criança responda com sons, olhares ou movimentos;
- Evitar falar no lugar da criança o tempo todo, para que ela tenha a chance de se expressar.
Essas atitudes valem tanto para crianças com desenvolvimento típico quanto para aquelas que têm algum tipo de condição, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A importância da participação da família
A família tem um papel essencial nesse processo. “O papel do adulto é criar situações que despertem a necessidade de comunicação e, acima de tudo, o desejo de falar”, reforça Angelika. Segundo ela, a fala é uma habilidade que exige prática. Quanto mais oportunidades a criança tiver para interagir, brincar, pedir, contar ou reagir a situações, mais chances ela terá de desenvolver a linguagem.
Além disso, quando os responsáveis estão atentos e participativos, é mais fácil perceber se algo foge do esperado, o que ajuda muito no diagnóstico precoce, caso necessário.
Quando procurar ajuda?
Se a criança não tenta se comunicar (nem com gestos), não imita sons ou parece desconectada das interações sociais, vale buscar a avaliação de um fonoaudiólogo ou outro especialista em desenvolvimento infantil.
Quanto mais cedo a intervenção, maiores as chances de estimular a fala de forma eficaz e com menos frustrações para a criança e a família.
Com paciência e incentivo, o progresso vem
O atraso na fala não é, por si só, motivo para pânico. Mas não deve ser ignorado. Muitas vezes, a criança só precisa de estímulo adequado, atenção constante e um ambiente rico em interação para deslanchar.
Por isso, observe os comportamentos, experimente algumas estratégias em casa e, se necessário, procure ajuda. O mais importante é oferecer à criança o suporte necessário para que ela possa se comunicar com o mundo – no tempo dela, mas com todo o apoio que precisar.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1482, de 15 de agosto de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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