1 O que devo ter em mente quando for aplicar um castigo?
Antes dos 5 anos, castigo é demais: basta uma chamada de atenção clara e firme no momento da confusão para que eles entendam
que não foi legal o que fizeram. A partir dessa idade já dá para a molecada lidar com castigos.
Castigo não pode ser violência: deixar sem comer, em quarto escuro, trancado em algum lugar… Nem pensar! Também não pode ser nada que faça o pequeno se sentir humilhado.
O tempo: não adianta dar punições muito longas. Você cansa, esquece e o sentido se perde. Tente equilibrar o motivo do castigo e o
senso de justiça. Com os pequenos, o tempo deve ser curto: sentar ali no banquinho, desligar a televisão, não chamar o amigo para brincar ou não ir brincar na casa do amigo.
Castigo não é vingança: o objetivo é o ocorrido não se repetir, e não você vencer uma briga. Por isso, reflita sobre sua raiva, contenha seu ímpeto e busque um alvo melhor do que seu filho para direcioná-la.
Castigo não pode ser a toda hora: há pais que, por qualquer coisa, já inventam um castigo. Desgasta. É supercomum a queixa, principalmente de pais de adolescentes, de que nenhuma punição funciona mais. Tiram o computador, o telefone, a festa e… nada. “Parece que ele nem liga.” Vira uma luta pelo poder. Dê bronca, mostre sua insatisfação, dê um gelo pequeno (menor ainda no caso dos mais novos) e guarde as punições maiores para grandes ocasiões.
Não invente um castigo que só sirva aos seus interesses. Exemplo: um pai que detesta ir à festa de amiguinhos da escola. Meia hora
antes de saírem, o filho derrama sorvete no seu lindo tapete. Bem que ele havia visto o menino circulando com o picolé, mas não falou nada, deixou rolar. Depois do acidente, lá vem um castigo pela falta de cuidado. Resultado: o pai em casa vendo o jogo do Flamengo! Feio mesmo!
ATENÇÃO! O castigo não deve ser o grande palco do encontro entre pais e filhos. Crianças nessa situação tendem a trocar as bolas, vivenciando a agressão como uma forma de amor. Preste atenção, reflita. Se você acha que esse pode ser o ambiente de sua família, melhor buscar ajuda.
2 As crianças desta geração estão dormindo mal?
Um fenômeno interessante de observar é como as crianças de hoje em dia tendem a desfrutar de um sono muito mais atrapalhado
do que o de seus pais na infância. Um número enorme de pequenos, já com seus 3 anos (ou até bem mais), acorda durante a noite.
Qual o papel dos pais nessa história?
Muitos pais, mesmo se sentindo sacrificados, aceitam esse novo padecimento. Essa atitude pode estar relacionada ao conceito de
que as crianças são como “reis do lar” hoje em dia. Pais que se culpam por não corresponderem ao ideal social de perfeição, assombrados com a possibilidade de os filhos não os amarem, facilmente se escravizam. Ao menor ruído, correm para atendê-los.
O que era para ser apenas um barulhinho, um muxoxo vindo da criança, se transforma em um apelo desesperado e irrecusável.
Ainda que sonolentos – e achando mesmo terrível ter de lidar com o filho no meio da noite –, captam toda a cena como se ela enaltecesse sua função. Sentem-se mais amados e poderosos por serem indispensáveis para que o filho durma em paz. Sentem-se absolvidos do que julgam pecados de abandono cometidos durante o dia. Com isso, perdem de vista que quem assume o poder realmente são as crianças: fórmula perfeita para ensiná-las a dormir mal. Fórmula perfeita para os pais se aborrecerem!
Vigiados 24 horas por dia…
Outra característica de nosso tempo que também influencia no sono das crianças é a hipervigilância de que elas sofrem. A cultura do “Sorria, você está sendo filmado” (ai, que mau humor dá esse aviso!). É preciso estar sempre à mão no celular, nas babás eletrônicas, nas câmeras domésticas… À essa desconfiança em relação a quem está cuidando dos pequenos junta-se a busca do controle absoluto sobre os filhos. Os pais parecem ter enorme dificuldade em se verem excluídos de qualquer momento da vida deles. Como consequência, a paz da solidão, da introspecção e do ficar entregue a si próprio (que é a receita de um sono tranquilo)
fica para segundo plano.
3 Masturbação: situação delicada!
Quando começa?
Por terem o órgão sexual mais exposto que as meninas, os meninos, desde bebês, já se tocam tranquilamente. É só tirar a fralda
que a mãozinha vai para lá. As meninas não. É ao tirar a fralda, ali pelos 3 anos, que começam a se dar conta do próprio órgão sexual.
O que fazer?
Temos de ir ensinando, construindo o terreno do cuidado que cada um deve ter com sua sexualidade e seu corpo. Masturbação não é uma prática pública nem ilegal. Trata-se de um ato íntimo, que não faz mal a ninguém, onde cada um se delicia sozinho com seu corpo e com suas fantasias. Por isso, é impossível fingir que não viu ou fazer um escândalo e ameaças. Por que não ver e não
ensinar os cuidados? O tom tem que ser de quem entende e se solidariza – mas deixando claro que na frente dos outros não. E, nesse caso, mesmo papai e mamãe são os outros. E nunca com o corpo de outro ou com objetos que possam machucar.
Tem limite…
Como quase tudo que fazemos ou sentimos, a masturbação também pode virar patológica. Aquela menina que a toda hora está se esfregando no braço do sofá, aquele menino que não consegue largar o órgão sexual (parece até que se largar cai!)… Dá para perceber que o gesto é incontido, incontrolado. Angustiado. Nesses casos, o melhor a fazer é realmente procurar um profissional, pois o limite da ação dos pais, sem ajuda, já começa a ser muito curto.
ATENÇÃO! É supercomum (e, na verdade, uma prova de autoestima) o orgulho que os meninos costumam ter de seu órgão sexual. Adoram se exibir, passar correndo pelados na sala quando tem visita, fazer xixi com poses de grandes guerreiros. Cuidado para não ridicularizá-los nessas horas. Não faça comentários humilhantes nem pense em ameaçar. Claro que não vai deixar o menino andando pelado de um lado para outro, mas dê um jeito de mandá-lo parar sem recorrer a qualquer crítica pessoal.
4 Ai, ai, ai… Essas redes sociais!
Todos conhecemos os perigos que ficam de tocaia nas redes sociais. A vigilância tem que ser cerrada! O problema é que, às vezes, até pra gente é difícil se dar conta da extensão do que pode vir daí. Por desconhecimento ou cansaço, baixamos a guarda. Mas é preciso ter em mente que estar nas redes sociais é o mesmo que estar num espaço público: quando a gente liga a internet, passa a caber mais gente no nosso quarto do que no Maracanã lotado. Por isso:
Converse firmemente com seu filho sobre os abusos das redes e a possibilidade de as pessoas se passarem por outras.
Lamentamos, mas vai ter de se meter mesmo na vida dele. Não dá para deixar rolar frouxo. Assuma, sem discussão, o lugar de autoridade. Ele é criança, é seu filho e é você quem tem de cuidar dele. Use filtros, senhas, mecanismos de controle de acesso a tudo que achar inadequado.
Com quantos anos pode ter Facebook, Instagram, Twitter?
Garanta que os amigos e os seguidores sejam controlados e conhecidos. Assim, sob olhares atentos, dá para começar por volta dos 10 anos. Mas você não é espião! Por isso, avise que está olhando. O mesmo vale para o celular. Se vai supervisionar, eles têm que saber.
Saiba mexer com essas mídias.
Não dá para uma criança usar uma ferramenta que os pais não entendam como acessar e controlar.
Atenção ao acesso à pornografia!
Não são só os lobos que buscam os/as Chapeuzinhos. As próprias crianças muito facilmente acessam sites pornográficos. Basta escrever qualquer bobagem do tipo bumbum, que o caminho já se abre.
AQUI DE NOVO: filtro e ferramentas adequadas de bloqueio podem ser usadas. Mas nunca se esqueça de que estamos falando de
crianças: sua aproximação e interesse pelos assuntos da sexualidade adulta em hipótese alguma as transforma em seres condenáveis. Tome esse interesse excessivo como um pedido de ajuda. Ajude, então, não permitindo esse acesso. Crianças ainda não têm elementos psíquicos suficientes para digerir pornografia.