Vivemos hoje uma crise exponencial de ansiedade e depressão entre crianças e jovens que se sentem sobrecarregados com as tarefas diárias e a enxurrada de informações e emoções a que são expostas. Isso desencadeia atitudes agressivas ou depressivas.
Por isso, a identificação precoce da evasão de atividades é essencial, pois a reversão do ciclo de fuga do convívio social (incluindo aí a evasão escolar) é difícil. A acomodação dos pais em relação às atitudes dos filhos é um dos grandes impulsionadores desses fatos.
Pais devem ser presentes, precisam buscar formas de motivá-los a participar das atividades, e discutir as razões que os induzem a se afastar de tudo e todos. É preciso ainda convencer as crianças e jovens a enfrentar a situação para que possam aprender a organizar as emoções e controlar os medos. Uma dica é oferecer opções de atividades e os envolverem nelas.
É primordial, no entanto, os pais entenderem que enfrentar a ansiedade é difícil e, portanto, a criança pode ter medo. Elas têm pouca experiência de vida e isso limita o arsenal de mecanismos de defesa cerebral que elas possuem.
O papel dos pais é ajudar a criança a encontrar maneiras de gerenciar o sentimento. Os jovens também podem interpretar mal as emoções tidas como normais. Transformam uma apreensão natural em uma ansiedade avassaladora que os desestimula a se envolver em atividades.
Os pais devem ainda integrar o processo de desenvolvimento mental e emocional de seus filhos, identificar a fuga e o retraimento social, estabelecendo limites, oferecendo experiências e expondo-as à ansiedade controlada.
Se for o caso, recorra à terapia, que os ensina a “surfar a onda” de ansiedade e continuar avançando em direção a novas experiências, sendo, portanto, um método bastante eficaz. Devemos sempre lembrar que a ansiedade acontece e, se mal canalizada, pode dificultar o desenvolvimento infantil.
ALEXANDRE PUPO Ginecologista do Hospital Sírio-Libanês, obstetra, membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein. Ele também é mastologista e membro titular do núcleo de mastologia do Hospital SírioLibanês. É diretor clínico da Clínica Souen, onde atende: www.clinicasouen.com.br