A denúncia feita pelo youtuber Felipe Bressanim Pereira, mais conhecido como Felca, trouxe à tona um debate urgente: a “adultização” de crianças e adolescentes nas redes sociais e a necessidade de novas regras para protegê-los no ambiente digital.
O vídeo, publicado em 6 de agosto, detalha casos graves de exploração e gerou repercussão nacional, mobilizando até o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que anunciou a intenção de pautar projetos sobre o tema ainda nesta semana.
O que Felca mostrou no vídeo
Com mais de 24 milhões de visualizações, o vídeo de Felca expõe conteúdos produzidos pelo influenciador Hytalo Santos, que tinha mais de 17 milhões de seguidores. Segundo o youtuber, o material inclui menores de idade em danças sensuais, festas com adultos e até cenas de adolescentes deitados juntos sob um cobertor, filmados por um adulto.
O caso mais grave envolve Kamylinha, que entrou para a “Turma do Hytalo” aos 12 anos e, ao longo dos anos, passou a participar de apresentações cada vez mais sugestivas, inclusive para plateias adultas.
Felca também citou Caroliny Dreher, que começou a postar vídeos aos 11 anos e, segundo ele, teve conteúdo sexual explícito produzido e vendido pela própria mãe.
Assista aqui:
O papel das plataformas digitais
No vídeo, Felca cria uma conta nova no Instagram para demonstrar como o algoritmo pode potencializar o problema. Em poucos minutos, o feed da conta passou a exibir maciçamente conteúdos com crianças em contextos sugestivos.
Nos comentários, segundo o youtuber, criminosos utilizam códigos como “trade” (troca) para negociar material de abuso infantil, muitas vezes redirecionando para grupos no Telegram. Ele alerta que até perfis infantis aparentemente inofensivos podem servir de ponto de encontro para pedófilos.
Investigações e consequências imediatas
Após a repercussão, o Ministério Público e o Conselho Tutelar iniciaram investigações contra Hytalo Santos. As redes sociais de Kamylinha foram removidas por decisão judicial, e o perfil de Hytalo no Instagram também saiu do ar no dia 8 de agosto.
Novo projeto de lei em debate
Diante da comoção pública, o presidente da Câmara anunciou que vai priorizar propostas sobre proteção de crianças nas redes sociais. Entre elas, está um texto de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já aprovado no Senado, que determina que plataformas digitais adotem o “dever de cuidado” para proteger menores.
O projeto prevê:
- Retirada imediata de conteúdos de exploração sexual infantil, sem necessidade de ordem judicial
- Verificação obrigatória de idade para impedir acesso de menores a conteúdo pornográfico
- Proibição da venda de “caixas de recompensa” em jogos eletrônicos
- Restrições à publicidade direcionada a crianças
Para virar lei, a proposta precisa ser aprovada pelos deputados e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por que o tema é urgente
O caso exposto por Felca mostra que a exploração de menores nas redes vai além de condutas individuais — ela está ligada a falhas de monitoramento e ao incentivo indireto das próprias plataformas. A responsabilização precisa incluir criadores de conteúdo, pais e empresas de tecnologia que lucram com a exposição infantil.
Resumo
O vídeo de Felca sobre a “adultização” de crianças revelou casos graves de exploração nas redes sociais e pressionou o Congresso a acelerar projetos de lei para proteger menores no ambiente digital. A proposta em debate prevê medidas como verificação de idade e retirada imediata de conteúdo abusivo.
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