Geraldo Luís está de volta a “guerra” dos domingos na televisão brasileira. Isso porque seu novo programa, o “Geral do Povo”, estreia em 14 de janeiro, às 17h30, na RedeTV! “Estou muito feliz em voltar a fazer ao vivo, pois não tenho vergonha de ser um comunicador popular, de fazer TV aberta para o povo, que vai voltar a se ver na TV comigo”, avalia o apresentador.
Ele atendeu a reportagem da Revista AnaMaria durante algumas gravações no Mato Grosso do Sul. Lá, garantiu estar feliz da vida por pegar a estrada novamente, em busca de grandes e verdadeiras histórias: “Estou viajando a semana toda, porque as mais lindas histórias estão espalhadas no interior, lá do Rio Grande do Sul, lá naquela cidadezinha, em aldeias, enfim, eu adoro explorar.”
Durante a entrevista, ele falou mais sobre o programa novo, contou sobre sua vida no campo e ainda revelou ter algumas mágoas passadas da época da RecordTV. Por fim, ainda mandou um recado especialmente para os nossos leitores: “Alô, amigos da AnaMaria, vocês estão bem? Beijo no coração de todo mundo e obrigado pelo carinho. Torçam por mim.
Você sempre foi um talentoso contador de histórias, como é voltar a fazer algo de que ama tanto?
Sempre uso uma palavra que é muito mágica: talento. Todos nós somos talento, seja de saber escrever, de fazer uma unha, de saber cantar e até o talento para amar. Imagina, agora, o talento profissional! Eu sempre descobri, através da minha voz, que eu seria um comunicador, um contador de histórias. Vim de 24 anos no rádio como repórter policial e, hoje, posso dizer que a arte me despertou: foi no circo que tive o desejo de fazer teatro e, anos depois, sonhei na televisão. E eu briguei muito. Engraçado que até fui punido por ter o talento do domingo, de querer voltar a esse dia da programação.
Então, voltar a fazer essa bravura agora, porque o domingo não é para qualquer um, não, é uma guerra entre todas as emissoras. É o dia mais importante para a televisão aberta, porque é quando a tua mãe, você, ou seu marido sentam no sofá – e segurar você por mais de uma hora pela emoção e pela verdade, é uma mágica. Estou muito feliz em voltar, em fazer ao vivo, e não tenho vergonha de ser um comunicador popular, de fazer TV aberta para o povo, que vai voltar a se ver na TV comigo
O programa de domingo traz uma característica de aproximar por meio de histórias reais. Para você, a TV de hoje está “fake” ou sem sal?
Atualmente, a televisão aberta está fugindo de seu público por querer se enfeitar demais. Falta naturalidade, e o domingo é um dia natural e popular, de reunir a família. Quem está à frente a TV quer rir, se divertir e se emocionar, em uma espécia de preparo para iniciar a semana bem. O Gugu [Liberato] prendia a atenção devido ao quê? O Táxi do Gugu, a Banheira do Gugu… Era época em que as produções tinham a inteligência de criar. Hoje, estamos presos em formatos. Mas comigo, não. Vocês vão ver.
O público vai tomar um susto quando ver quem são os meus seis repórteres. Falei: vão me chamar de doido, mas sei o que o povo gosta. Apesar da televisão ser mais do mesmo hoje, existem coisas simples e deliciosas de se produzir e que, quando o povo vê, ele fica. Estou viajando o Brasil por causa disso: não sou apresentador de estúdio. E tudo que o povo vê que é de verdade, ele fica, né? Quero continuar mostrando o Brasil, aquele que a gente não conhece.
Como está a expectativa da estreia? Ainda tem frio na barriga e o que espera dessa nova atração? Você tem medo da concorrência?
Não tenho medo da concorrência, mas eles têm da gente, pois sabem que eu viajo dois mil quilômetros, três mil quilômetros se for preciso. Em duas semanas, já viajei para quatro estados. Estou viajando a semana toda, porque as mais lindas histórias estão espalhadas no interior, lá do Rio Grande do Sul, lá naquela cidadezinha, em aldeias, enfim, eu adoro explorar. Devemos fazer uma história e outra, ajudar as pessoas, botar o povo no ar. E ele ama se ver no ar. Vai ter humor, quero fazer umas loucuras. E o lado bom é que a Marlene Matos, a minha diretora, também não tem vergonha de ideias.
Então, estou muito feliz, mas muito mesmo! Não é nem frio na barriga, mas um estado de espírito de felicidade. Voltando a falar da concorrência, não é medo, é respeito. E é bom eles terem respeito também. A nossa equipe vai ser a menor equipe, eu vou repetir, a menor equipe da TV brasileira, mas vai ser uma equipe que vai fazer um grande trabalho, pois televisão não se faz sozinho.
Nas redes você defende a vida simples, pés descalços e contato com a natureza. Voltando para a TV, ainda é possível fazer tudo isso?
Eu sou um caipira: moro no meio do mato, não gosto de muita combinação de gente e nem de muito barulho. Exatamente por isso, não abro a minha casa para muitas pessoas, pois é meu santuário. Tenho noção de que tudo isso aqui é emprestado, e nós somos administradores. Eu administro minha voz e meu talento, mas o carro que tenho é temporário, assim como a casa. Um dia vou embora, mas quero deixar aqui o meu melhor e pronto.
Saí da outra emissora em que trabalhava [RecordTV], e até pensava que tal pessoa iria ligar, mas não vai ligar. O ego das pessoas não permite isso e, graças a Deus, tem esse ego, porque hoje eu tô cagando e andando, não preciso disso. O Geraldo Luís é um funcionário meu, sou um trabalhador da televisão. Eu presto um serviço, mas sou um comunicador com o pé no chão. Sabendo que amanhã não somos mais, amanhã sai do ar, amanhã acaba. Chega um cara que nem entende nada, [com um salário] mais barato e porque é famosinho e vai, pega o lugar de alguém que é intelectual e que entende.
Hoje a gente vive essa questão nojenta da fama, da instantaneidade, do ‘Ah, porque tem milhão de seguidores’. Isso é uma mentira. Televisão é uma coisa, audiência de mídia impressa é outra, audiência da mídia digital é uma terceira situação. O que eu tenho para dizer? Domingo é água, um oceano, e se você não souber nadar, nem braçada você dá e morre. Dá sorte se conseguir ainda boiar um pouco.
Você tem mágoa da TV por algum motivo? Como foi sua saída da RecordTV?
Mágoa… Temos que tomar muito cuidado com essa palavra. Mas a gente vive, muitas vezes, magoado e não pode, né? Se alguém tentou prejudicar você, o problema é dessa pessoa. O débito é dela, não seu. Lá atrás, tentaram calar a minha voz, sim, tentaram matar o meu talento. Teve uma pessoa que agiu de uma forma extremamente covarde e desumana comigo, que não era necessário com alguém que tanto trabalhou e se doou. Mas esse sentimento passou e, hoje, só tenho gratidão pela RecordTV, afinal, foram 16 anos maravilhosos, sendo campeão de audiência durante cinco anos. Juntos, criamos o ‘Balanço Geral’, que hoje é um dos destaques de audiência da programação. Criamos em todas as praças, implantamos, colocamos os apresentadores… Então, a minha sensação é de dever cumprido e de gratidão, sempre.
O que o público pode esperar dessa atração e quais as diferenças em relação aos outros programas de domingo?
Quando o Victor, um dos superintendentes da RedeTV!, me mandou mensagem, eu estava embaixo do meu pé de jabuticaba, fazendo uma oração. E aí você vê como que é Deus, né? Corajosamente, rompi um contrato, que só vencia em setembro, porque eu estava me sentindo preso e queria que alguém visse o meu talento. Eu quero fazer muita coisa na televisão brasileira. Tenho mais de oito programas escritos, quatro deles registrados, e me considero como uma usina, pois não paro de pensar. Preciso criar e gosto de escrever, tanto que escrevo todos os dias.
E o que o público pode esperar? Um Geraldo que vocês nunca viram, alegre, viajando, contando histórias, ousando… vocês vão ver muita criatividade, mas, acima de tudo, simplicidade, pois acredito que o simples sempre é chique, e sempre será necessário. Sem o simples, você não consegue realizar muitas coisas importantes. E as pessoas, muitas vezes, se esquecem do simples. A televisão brasileira aberta se esqueceu do simples. Obviamente com qualidade, com respeito ao público, ao telespectador e com inovação.
Para terminar, pode revelar alguma novidade que ainda não contou para ninguém?
Pedi e criaram uma música de abertura exclusiva para o programa. Chamei o maestro Valdir, que trabalhou com Bolinha, Chacrinha, Flávio Cavalcanti e Silvio Santos, e expliquei que gostaria de um hino de abertura. Será uma música para animar o auditório e as pessoas que estão em casa, para já começarmos dançando e cantando. Trata-se de uma canção contando a minha vida e a minha volta para a televisão. Estou feliz de voltar para o colo do povo brasileiro. Espero, de verdade, que dê tudo certo, pois ainda vou longe. O domingo é uma grande vitrine, uma grande ousadia. Domingo é aquela noiva linda, nova. Todo domingo vai entrar a noiva. Aí você tem que cortejá-la, pois, senão, ela não vai estender a mão para você. E eu quero que o telespectador estenda a mão para mim e eu a ele. Amém?