“Para o mundo que eu Quero Descer” (Silvio Brito)
Para onde caminha a sociedade diante de tanta violência?
Recente episódio em que um policial militar joga um cidadão de cima de uma ponte, suscitou uma série de discussões acerca da violência policial, fazendo eco em vários setores que aproveitam a oportunidade para criticar o Secretário de Segurança, o Governador e a polícia em geral.
O gesto foi realmente absurdo e deverá ser punido exemplarmente, mas mais absurdo ainda é encontrar pessoas defendendo e achando pouco.
Eu, que passei 30 anos da minha vida na Polícia Militar sei como é difícil caminhar em um fio de navalha que separa o abuso da omissão, mormente em um país com uma legislação leniente e uma criminalidade á beira do descontrole total.
Não quero aqui defender ou criticar a polícia, nem mesmo esse policial em particular. Usei o exemplo para chamar a atenção para uma realidade:
A sociedade está doente. Olhe para qualquer lado em qualquer momento e você verá um marido espancando ou matando a esposa, um filho matando os pais pela herança, pais atirando filhos pela janela, torcedores matando rivais em emboscadas medievais, governantes roubando dinheiro da saúde, enfim, não haveria espaço nessa prestigiada revista para descrever toda sorte de desatinos que observamos todos os dias em nosso amado Brasil.
A violência policial é apenas uma parte disso tudo. Uma espécie de ponta do iceberg, que por estar mais exposta acaba tendo mais visibilidade.
Preocupante com certeza, mas não pode ser utilizada para fazer sombra ou relegar a segundo plano a epidemia de violência que enfrentamos, porém sem merecer o mesmo destaque.
Tristes tempos que estamos vivendo, mas como nosso assunto aqui é o espiritismo, não pode haver espaço para pessimismo, pois nosso principal alicerce é a crença um Deus onipotente, onisciente e onipresente, de modo que temos claro que tudo na vida tem uma causa justa e um fim útil.
“O escândalo tem de vir, mas ai daquele por meio do qual o escândalo venha”. O escândalo, ou seja, os problemas, são inerentes à nossa condição ainda inferior e são meros reflexos de nossas ações pretéritas, todavia, ninguém pode arvorar-se em executor da Justiça Divina sem assumir as consequências da indevida cobrança.
A vida tem meios para acomodar e dar a cada um o que lhe é devido entre ônus e bônus, sem a necessidade de interferência humana, muito menos por vias transversas.
A Doutrina Espírita, pela visão da reencarnação, elimina quaisquer possibilidades de alimentarmos a sensação de injustiça ou impunidade, conclamando-nos a sermos cada dia melhores, para que abandonemos a necessidade de corrigendas mais ásperas, substituindo-as pela proatividade no bem, na caridade e no amor ao próximo.
A dor arrastará a humanidade a um comportamento fraterno, caso não se opte pelo amor para alcançar o mesmo fim. É uma questão de maturidade espiritual, que chegará para cada um de um jeito ou de outro.
Prevenir uma doença a partir de uma vida equilibrada é possível e não dói nada, mas requer disciplina. Curá-la depois de instalada pode requerer remédio amargo, restrições, procedimentos invasivos e doloridos.
Essa é a essência do livre arbítrio! Mais racional que isso impossível. Como disse o criador da logoterapia, o psicólogo Viktor Frankl: “quando não podemos mais mudar uma situação é que somos desafiados a mudar nós mesmos”.
Edson Sardano