Por Renan Pereira e Lígia Menezes
“Perdemos muito tempo pensando lá na frente – e, às vezes, nem chegamos lá”. A declaração de Patrícia Poeta reflete sua mudança de perspectiva após enfrentar uma infecção grave em 2021, que exigiu uma cirurgia de emergência, uma experiência de quase morte, segundo ela. “Hoje vivo intensamente o ‘Encontro’ e sou muito feliz com ele. Levo uma vida simples, nada glamurosa, mas cercada dos meus, com minha rotina e meu trabalho”, reflete.
Aos 49 anos, a maturidade a ensinou a filtrar críticas e cobranças. “Acordo todos os dias disposta a entregar meu melhor. Dou um duro danado todos os dias. E aprendi a filtrar o que realmente importa.”
Há 25 anos na TV Globo, sua rotina é intensa: ela entra no ar depois de pelo menos cinco horas de preparação, viaja no fim de semana para ver os pais e o filho, e ainda arruma tempo para amigas e autocuidado. Ao relembrar o início da carreira, reforça a importância de se manter fiel à própria essência. “Não dá para criar personagens – ninguém sustenta isso”, conclui.
De que forma a vida pessoal influenciou suas escolhas profissionais ao longo da carreira?
Desde criança eu já era fascinada pelo jornalismo e por contar histórias, conversar com as pessoas. Lembro de assistir à TV e imitar os apresentadores em casa. Tinha um primo com deficiência e, por anos, eu montava para ele um programa igualzinho ao da Xuxa, com cartinhas, brincadeiras e tudo o que tinha direito – eu era a apresentadora. A gente se divertia muito e isso marcou minha vida. Quando entrei na faculdade, já sabia exatamente o que queria. Meu primeiro emprego veio por indicação de uma professora que me disse ter me indicado porque eu ‘levava muito jeito para a coisa’. Aquilo selou meu destino.
Como você equilibra a rotina intensa de trabalho com a vida familiar e o cuidado pessoal?
Esse é um dos dons das mulheres: a capacidade de equilibrar tudo. Trabalho muito, mas também tento cuidar da minha saúde física e mental. Nos fins de semana, vou para o Rio ficar com meus pais e meu filho, Felipe. Entre uma coisa e outra, me reúno com as amigas e sigo equilibrando meus mundos.
Olhando para trás, o que teria feito diferente no início da carreira, se pudesse voltar no tempo?
Nada. Tudo aconteceu como deveria ser e faz parte dos nossos aprendizados, da nossa evolução.
Como você lida com a pressão e as cobranças do público e da mídia?
Acordo todos os dias disposta a entregar meu melhor, minha melhor versão. Quando entro no ar, já estou na ativa há pelos menos 5 horas. Dou um duro danado todos os dias. E aprendi a filtrar o que realmente importa. É seguir na minha missão, mesmo.
Quais valores pessoais você considera essenciais para se manter centrada e verdadeira na mídia?
A honestidade. É preciso ser honesto com você, com os colegas e com o público. Não dá para criar personagens – ninguém sustenta isso. Prefiro chegar às pessoas pelo que eu posso oferecer como ser humano, pela minha essência.
Que conselho daria para jovens que estão começando na carreira de jornalismo e televisão hoje?
Não desistam e estudem. Hoje, se aprimorar é um diferencial. Saber escrever bem é fundamental. Vejo muita gente deixando de lado o conteúdo profundo e bem escrito para se render a conteúdos superficiais e cheios de achismos nas redes sociais. A base ainda é o bom jornalismo.
Em sua opinião, o que mudou na televisão nos últimos 25 anos e como você se adaptou a essas transformações?
Tudo mudou. Vivemos a era online, da informação rápida e das fake news. Minhas raízes no jornalismo responsável me ajudam a transitar entre as eras e seguir com o mesmo objetivo: de passar a informação pro telespectador com credibilidade e da forma mais clara possível. As mudanças tecnológicas a gente aprende, aprimora e segue – porque ainda tem muita coisa para vir.

Quais são seus projetos pessoais e profissionais para os próximos anos?
Uma coisa que aprendi na minha experiência de quase morte é viver o hoje. Perdemos muito tempo pensando lá na frente – e, às vezes, nem chegamos lá. Hoje vivo intensamente o ‘Encontro’ e sou muito feliz com ele. Levo uma vida simples, nada glamurosa, mas cercada dos meus, com minha rotina e meu trabalho.
Patrícia, você tem cara de brava. Já levou desaforo para casa?
Brava? Eu? Sou não… (risos). Pelo contrário, sou muito tranquila. Quem me conhece bem sabe também que tenho pavor de ver gente discutindo, brigando. Sou muito da paz, sabe?
Procuro ser sempre respeitosa com todos e também gosto de ser respeitada. Quem não gosta, né?
Já fez algo que se arrependeu? Como lida com arrependimentos?
Acho que não…sempre sigo minha intuição e meu coração pela vida. Acredito nisso, assim como acredito que tudo serve de aprendizado. Então, está tudo certo. Acho que a maturidade nos ensina isso, entre outras coisas.
O que gostaria de fazer ainda? E o que não repetiria jamais?
Ainda quero viajar mais, conhecer esse mundão. Amo novas culturas e pessoas. A vida é feita desses tesouros: cultura e conexões positivas. O que eu não repetiria jamais é ser ingênua a ponto de acreditar em pessoas que não querem meu bem e têm zero caráter – algo que pra mim é fundamental.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1491, de 17 de outubro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.








