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Início Entrevista

Maria Cândida: longe de um ponto final

“Aos 54, me sinto como se tivesse 17 anos de novo, saindo da adolescência”

Lígia Menezes Por Lígia Menezes
02/08/2025
Em Entrevista
Foto: Thom Foxx

Foto: Thom Foxx

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Por Renan Pereira e Lígia Menezes

Foi depois dos 50 anos que Maria Cândida sentiu que precisava se reinventar. Os sintomas da menopausa chegaram com força e, junto com eles, veio uma avalanche de dúvidas, inseguranças e descobertas, como uma segunda adolescência. Ao transformar essa fase da vida em objeto de pesquisa e conversas com mulheres de diferentes partes do mundo, a jornalista construiu um mapa de autoconhecimento para todas que atravessam a “travessia da loba”, em suas palavras.

No livro Menopausa como Jornada, ela compartilha sua experiência pessoal e investiga os efeitos do climatério nas emoções, na saúde física e na identidade da mulher. A obra fala sobre sintomas, tratamentos, mudanças hormonais, saúde mental e autoestima, e ainda etarismo, sexualidade, propósito e empoderamento. Nesta entrevista, Maria aprofunda temas do livro, relembra episódios marcantes da sua vida e mostra que envelhecer pode, sim, ser um novo começo.

Você fala em seu livro sobre um fenômeno novo chamado de Middlescense, que seria uma “adolescência na meia-idade”. Pode nos contar mais sobre essa descoberta?
Quando descobri esse termo, pensei logo nessa fase da vida, porque tenho vivido essa transformação desde os 40 anos. É como se fosse uma adolescência da meia-idade, e ela tem características muito específicas. O que caracteriza essa ‘segunda adolescência’ é justamente essa instabilidade emocional, uma transição marcada por questionamentos profundos: ‘Quem sou eu?’, ‘Estou no relacionamento certo?’, ‘Preciso mudar de trabalho?’, ‘Qual é o meu propósito agora?’, ‘O que vou fazer nessa segunda fase da vida?’. É uma busca intensa por sentido, propósito e identidade.
A saúde também entra como prioridade e de forma muito intensa. Venho estudando muito o impacto da saúde nas diferentes idades. Especialmente depois da pandemia, houve uma virada: as pessoas passaram a olhar a vida de outra forma, com mais cuidado. Estou vivendo essa ‘middlescence’ e falo disso no livro. Desde os 40, 45 anos (agora com 54), me sinto como se tivesse 17 anos de novo, saindo da adolescência.

Você viajou o mundo entrevistando mulheres para saber como elas lidam, dentro de suas respectivas culturas e contextos sociais, com o climatério e a menopausa. O que descobriu em comum entre elas?
Sim, comecei a viajar com o objetivo de passar por todos os continentes, mas comecei pela América Latina: México, Colômbia (incluindo regiões amazônicas), Chile, Argentina e também Londres. O foco do documentário Menopausa Sem Fronteiras é entender os padrões que definem os sintomas da menopausa em diferentes culturas.

Percebi que há três fatores que definem os sintomas da menopausa:

  1. Genética – Como foi a menopausa da sua mãe?

  2. Estilo de vida – Se a mulher faz exercício, se fuma (o cigarro antecipa a menopausa, isso está bem documentado).

  3. Habitat – O local onde a mulher vive. Um ambiente menos poluído, por exemplo, contribui para sintomas mais leves, salvo se a genética ou o estilo de vida forem muito desfavoráveis.

Descobri, por exemplo, que mulheres indígenas ou que vivem no campo tendem a ter menos sintomas. Muitas tomam maca peruana desde jovens, um tubérculo que se mostrou eficaz no alívio de sintomas. Também notei que em cidades de grande altitude, como Cusco ou regiões altas do México, as mulheres entram mais cedo na menopausa por conta da menor oxigenação, o que pode levar à falência ovariana precoce.
Estou também investigando ervas e práticas locais, como o uso de cintos de manjericão e sálvia para aliviar sintomas, algo passado de geração em geração. Todo esse conteúdo será mostrado no documentário e registrado em um livro futuro.

Neste sentido, o que também descobriu de mais divergente?
O que mais me surpreendeu foi encontrar mulheres vivendo em ambientes considerados ideais: ar puro, alimentação natural, vida comunitária, mas que mesmo assim apresentavam sintomas severos. Por exemplo, nas minhas idas à Amazônia, entrevistei 12 mulheres ribeirinhas. Três delas relataram sintomas severos: fogachos intensos, sudorese, irritabilidade. Uma delas até brincou dizendo que sentia vontade de jogar uma panela na cabeça do marido, de tanta irritação. Curiosamente, a mãe dela disse que não sentiu nada na menopausa.
Isso me levou a questionar: se o ambiente e o estilo de vida são ideais, por que os sintomas? A resposta ainda parece estar na genética, mas talvez não só nela. A literatura médica afirma que a genética é o principal fator, mas o que tenho visto é que cada vez mais mulheres, mais cedo, relatam sintomas relacionados à menopausa e à variação hormonal. É um fenômeno que merece ser mais estudado, e meu objetivo com o documentário e o livro é justamente ajudar a ampliar esse entendimento.

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Você fala bastante do reconhecimento dos fios brancos. Mas isto não seria apenas a “ponta do iceberg” quando falamos de etarismo?
Sim. O cabelo branco é só o começo. Muitas mulheres não gostam dos fios brancos, e mesmo as que gostam e querem assumir, muitas vezes não têm coragem. Por quê? Porque existe uma opinião masculina, muitas vezes reforçada por amigas, dizendo que cabelo branco ‘enfeia’, ‘envelhece’, ‘acaba com o visual’. Isso é etarismo. É um discurso machista internalizado.
Mas o cabelo é só um símbolo dentro de um sistema estrutural que achata a mulher a partir dos 45, 47, 50 anos. A menopausa é o marco mais claro de que a mulher está envelhecendo. É quando ela deixa de ser fértil, e isso, para uma sociedade que valoriza a mulher pela fertilidade e juventude, significa que ela ‘não serve mais’. Ela entra numa crise de identidade, porque muitas das coisas que usava para se sustentar como mulher, beleza, fertilidade, maternidade, não estão mais ali. Por isso, a menopausa é tão temida, tão escondida. É quando, para a sociedade, a mulher ‘sai do jogo’.

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Na obra, você fala bastante sobre a transição e a chegada da menopausa, e, principalmente, que as mulheres não são preparadas para experienciar e lidar com este momento da vida. Qual foi o ponto de virada em sua vida, Maria, que fez você perceber estas mudanças?
Os sintomas. Esse foi o ponto de virada. Comecei a sentir por volta dos 48 anos. Entrei na menopausa aos 50. A pandemia intensificou tudo. Eu sentia irritabilidade extrema, queria brigar por tudo, queria justiça em tudo, mas com uma agressividade que não era minha. Também perdi a libido, tinha fadiga intensa, insônia, suores noturnos (acordava com o pijama encharcado). Eu estava exausta, como se estivesse com uma doença.
Troquei de médico — era um homem, passei a ser atendida por uma mulher — e isso fez muita diferença. Ela entendeu meus sintomas e me indicou a reposição hormonal. Depois disso, voltei a viver. Cerca de 80% dos sintomas desapareceram. Foi como voltar a ser eu mesma.
Mas o etarismo começa antes. Sofri isso na televisão aos 43 anos. As mulheres sofrem etarismo por volta dos 40, 42. E se forem mulheres negras, o peso é ainda maior. O etarismo tem camadas, ele é mais cruel com mulheres negras, pobres, fora do padrão.
Eu mesma já menti a idade. Aos 41, dizia que tinha menos para não ser descartada. Muitas mulheres fazem isso para seguir ‘no jogo’. É muito cruel. E quando você vai para o interior do Brasil, a situação piora. A mulher é ensinada a depender, a não ter autonomia. Quando envelhece, perde o lugar que já era frágil.

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Como você entende o papel dos homens neste processo? Dos maridos, filhos, chefes/gestores?
Depois que fiz a reposição hormonal e comecei a estudar o tema, percebi que precisava falar sobre isso. Na época, eu ainda estava na TV Globo e criei um quadro no Bem-Estar chamado Menopausa Sem Susto, dentro do programa Encontro. Foram três meses de matérias sobre o tema.
Criei também uma playlist no meu YouTube só sobre menopausa e uma imersão de oito horas chamada Imersão Lobas, com especialistas de várias áreas: ginecologistas, endocrinologistas, dermatologistas, nutricionistas. Cada um explicava um aspecto: ganho de peso, alimentação, reposição hormonal.
Por exemplo, a queda de estrogênio afeta o centro de saciedade no cérebro. Muitas mulheres relatam desejo intenso por doces, mesmo aquelas que nunca ligaram para isso antes. É hormonal, não é ‘frescura’.
Homens — maridos, filhos, chefes — precisam ser incluídos na conversa. Sem apoio, a mulher sofre ainda mais. Eles precisam entender que não é psicológico, não é drama, é biológico.

Foto: Thom Foxx
Foto: Thom Foxx

A chegada da menopausa coincide, para muitas mulheres, com um período no qual os filhos já têm certa independência, o casamento já possui muitos anos e está “frio”. Você acha que a mulher, consequentemente, pode sentir um “vazio”? Como seu livro pretende orientar sobre a questão existencial das leitoras?
Sim, a sensação de vazio é muito comum. A mulher foi educada para cuidar dos filhos, do marido, da casa. Quando os filhos crescem, o casamento esfria e ela não tem mais o corpo de antes nem a disposição de antes, ela entra em crise.
No livro, falo sobre a importância de resgatar o próprio projeto de vida. Muitas mulheres nunca foram incentivadas a olhar para si, a se desenvolver profissionalmente ou a construir autonomia financeira. Quando chegam à menopausa, ficam sem referências, muitas nem têm com quem conversar.
O livro propõe uma reflexão: ‘E agora, o que eu quero para mim?’ É sobre reconstruir, assumir o protagonismo, descobrir novos caminhos. A menopausa não é o fim, é um recomeço possível, e, em muitos casos, poderoso.”

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Há um trecho da obra chamado “Por que começar cedo?”, sobre se preparar com antecedência para este momento da vida. Qual seria, na sua opinião, a idade ideal para as mulheres começarem a pensar sobre isto?
Aos 40 anos. Essa é a idade ideal para começar a se preparar. Mas se a mulher tiver predisposição genética para menopausa precoce (antes dos 40), o ideal é começar ainda antes, por volta dos 30. O importante é observar o histórico familiar.
Mulheres que passaram por quimioterapia, ou que precisaram tirar útero e ovários (histerectomia total), também entram mais cedo na menopausa. E, muitas vezes, não são avisadas sobre isso. Se ela soubesse, poderia se preparar emocionalmente e fisicamente.
Essa preparação é fundamental para lidar melhor com os sintomas e para entender o que está por vir.

Você cita na obra um estudo realizado nos EUA que, ao apontar de forma errônea a relação entre a reposição hormonal e o câncer de mama, acabou fazendo com que muitas mulheres deixassem essa intervenção de lado. Pode falar mais disso para nossas leitoras?
O estudo foi feito em 2002, com mulheres acima de 60 anos, o que não é o grupo ideal para reposição hormonal. A janela de oportunidade é a perimenopausa, quando começam as variações hormonais e menstruais, geralmente por volta dos 45 anos.
Se a mulher apresenta sintomas e está nesse período de transição, ela é candidata à reposição. O problema é que, por causa daquele estudo, muitas mulheres deixaram de buscar tratamento, mesmo quando poderiam se beneficiar.
Hoje, sou totalmente a favor da reposição hormonal para mulheres que podem fazer. Existem contraindicações claras: mulheres que já tiveram câncer de mama, trombose, e alguns outros casos. Mas, para quem é indicada, a reposição muda a vida.

Você acha que os cuidados ideais para lidar com a menopausa são democráticos, acessíveis a todas as mulheres brasileiras?
Infelizmente, não. Existe uma lei parada desde 2019 que prevê reposição hormonal gratuita no SUS, mas ela não foi aprovada. Hoje o SUS oferece alguns cremes vaginais, mas não tem reposição hormonal completa. As mulheres mais pobres são as que mais sofrem: muitas têm sintomas intensos e não têm acesso a tratamento. Por isso, tenho lutado para que essa lei avance. Quero mostrar meu documentário no Congresso e sensibilizar os parlamentares.
Sem política pública, vamos continuar com um sistema que exclui. Existem remédios novos sendo desenvolvidos, inclusive para insônia e fogachos, mas tudo isso tem custo. E, no Brasil, o acesso ainda é um privilégio.

A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1477, de 11 de julho de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.

Foto: Thom Foxx

Beleza: Júlia Cavalheiro

 

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Tags: maria cândidamenopausa
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Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!

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