Por Renan Pereira e Lígia Menezes
Na pele de Lucimar, de Vale Tudo, Ingrid Gaigher interpretou uma mulher forte, que entre outras lutas, foi atrás de seus direitos em busca do direito à pensão alimentícia e viu a personagem ultrapassar a ficção: “Foi emocionante ver o impacto tão rápido dessa história na vida de tantas mulheres”, relata. Acostumada ao palco e às séries, Ingrid conta que ainda se surpreende com o alcance da televisão aberta. “A novela tem uma dimensão muito grande no nosso país. O público acaba tratando a gente como um amigo, com muita intimidade”, diz.
Agora, com o fim da novela, ela embarca em um novo filme, tem planos de dirigir teatro e segue envolvida em múltiplas frentes, inclusive, a maternidade. “Com a novela, comecei a refletir mais sobre maternidade, sobre o que é ser mãe no mundo de hoje. Acredito que, se e quando acontecer, será na hora certa”, conta.
Ingrid, você fez muito sucesso com a personagem Lucimar e recebeu muitos elogios. Você já atuava, mas imagino que a novela das nove dê uma superprojeção! Como está sendo lidar com a fama?
Está sendo maravilhoso receber o carinho do público diretamente. Eu já tinha muitos retornos com o teatro musical, com o teatro e até com as séries que fazia, mas a novela tem uma dimensão muito grande no nosso país. A cultura da novela é tão forte que o público acaba tratando a gente como um amigo, com muita intimidade. O brasileiro é muito receptivo, embora também seja bastante crítico. Então, está sendo curioso. Ainda não me acostumei a andar na rua e, de repente, alguém me reconhecer e vir falar comigo, o que acontece com frequência. Mas tenho levado tudo de forma leve, até porque a personagem foi muito bem recebida. As pessoas se aproximam com muito carinho, e isso é uma delícia.
A Lucimar teve um papel importante e motivou muitas mulheres a lutarem pelo direito à pensão alimentícia. Qual foi a repercussão na vida real?
Para mim, foi a realização de muitos anos de trabalho em busca de um personagem que realmente transformasse a vida de quem está assistindo. É uma conquista pessoal e artística. Foi muito emocionante ver o impacto tão rápido dessa história na vida de tantas mulheres. E é gratificante perceber que as pessoas se identificaram com uma criação nossa – porque a Lucimar foi construída por mim em parceria com a direção, o figurino, a maquiagem… um trabalho coletivo que deu muito certo. Em tempos de influenciadores, é bonito ver como podemos influenciar positivamente a vida das pessoas. Fiquei muito, muito feliz.
Você está trabalhando em um filme chamado “Um Rio de Janeiro”. Pode nos contar um pouco sobre isso?
Sim! Um Rio de Janeiro é um filme dirigido por Ângelo Defante, que estreia no ano que vem. É uma comédia com toques de drama e suspense, baseada no livro Vento Sudoeste. A história se passa em um Rio de Janeiro fantástico, onde um médium começa a espalhar previsões sobre a vida das pessoas – e isso passa a influenciar toda a cidade. Não posso dar muitos spoilers, mas o personagem central é uma das pessoas que recebe uma dessas previsões, interpretado pelo Digão Ferreira, filho da Regina Casé. O elenco está incrível: Humberto Carrão, Fica Moraes, Angelotônio, Alejandro Clavô e outros nomes que ainda não posso revelar. Minha personagem é Catarina Inês, a melhor amiga do protagonista, e ela tenta desvendar o mistério: será que ele realmente vai cometer um crime? Será que essa previsão é real? É uma trama policial com pitadas de humor. Acho que o público vai gostar bastante.
Você também tem vontade de dirigir?
Sim! Eu dirigi meu curta-metragem China Anosauro Rex, que foi exibido em vários países — América Latina, Europa e África — e está disponível na internet. Fiquei muito feliz com essa experiência e quero, sim, dirigir mais, especialmente teatro. Gosto de pensar junto com os atores, trabalhar a dramaturgia. Tenho vontade de dirigir projetos que eu mesma escreva, porque aí tenho mais domínio sobre o que quero expressar. Não sei se dirigiria trabalhos de outras pessoas, talvez só no teatro. Acho fascinante dirigir e ver os atores sob outra perspectiva. Quem sabe no futuro eu me dedique apenas à direção? Por enquanto, sigo desenvolvendo meus roteiros entre um trabalho e outro. Está nos meus planos, com certeza.
O que te motivou a seguir a carreira de atriz? Quais são suas inspirações?
Na verdade, eu nunca pensei em ser outra coisa. A única possibilidade diferente seria a dança. Comecei no ballet clássico aos seis anos e fiquei até os 18. Dancei em festivais, competições, inclusive em Cuba, e cheguei a me formar como professora. Mas percebi que o que eu amava mesmo eram os personagens dos repertórios de balé, não necessariamente o ofício da bailarina. É uma profissão linda, mas exige um tipo de dedicação diferente. Aos 18, entrei na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) e me apaixonei completamente pelo teatro.
Minha família pediu que eu fizesse faculdade de publicidade junto com a formação em teatro, por segurança, mas logo percebi que não conseguiria me dividir – eu queria mergulhar totalmente no teatro. Lá descobri também que cantava, e comecei a estudar teatro musical. Minha primeira audição foi para o musical Alô, Dolly!, com Miguel Falabella e Marília Pêra, uma das minhas grandes referências. A Marília, aliás, foi uma das primeiras atrizes que vi no teatro, em Chanel, e fiquei encantada. E o primeiro musical que assisti na vida foi A Gota D’Água, dirigido pelo João Fonseca, com a Isabela Bicalho no papel principal. Então tudo fez sentido: a dança, o teatro musical, a Marília Pêra… foi uma trajetória muito orgânica.”
Sobre a vida pessoal: pode nos contar sobre sua rotina? Pratica esportes? Tem algum hobby?
Depois da novela, minha rotina ficou um pouco mais corrida. Tenho viajado e participado de muitos eventos. Nos momentos livres, adoro ir ao cinema e ao teatro, receber amigos em casa, cozinhar – tanto aqui quanto na casa deles – e estar com a família. Gosto muito de ler e, recentemente, tenho assistido a muitos filmes relacionados ao projeto do novo longa. Meu hobby acaba se misturando com o trabalho.

Sou apaixonada por música, shows e viagens. Acabei de voltar de Porto de Galinhas, tirei mini-férias, e em breve vou para Buenos Aires com amigos – isso me alimenta muito. Também estou voltando a dançar. Gosto de me exercitar, faço ioga e pilates e a dança faz parte da minha rotina. É essencial para a minha saúde física e mental.
Pensa em ter filhos?
Com a novela, comecei a refletir mais sobre maternidade, sobre o que é ser mãe no mundo de hoje. Ainda não tenho uma resposta definitiva. Acho que agora não é o momento, mas não descarto a ideia. Também acredito que o ‘momento ideal’ talvez nunca exista, porque sou muito perfeccionista – fico idealizando a maternidade, imaginando como quero que meu filho viva. Mas acredito que, se e quando acontecer, será na hora certa.
E quanto à espiritualidade? Você segue alguma crença ou tem algum ritual?
A espiritualidade é muito presente na minha vida. Sou bem ecumênica. Rezo o Pai-Nosso, mas também medito, faço banhos de ervas, estudo sobre candomblé e umbanda, e já frequentei centros kardecistas. Tenho muita fé. Rezo todos os dias, ao acordar e antes de dormir, sempre mentalizando e me conectando com o que acredito ser Deus, uma inteligência que está por trás de tudo, da natureza, dos seres. É um tema que me interessa profundamente e que faz parte da minha rotina.

Sobre beleza e saúde: qual é sua rotina de cuidados? Costuma fazer procedimentos?
Ah, eu adoro skincare! Tenho um ritual diário: acordo, lavo o rosto, passo protetor solar e capricho no hidratante, principalmente na área dos olhos, que é mais sensível. Vou com frequência à dermatologista, afinal, a pele é nosso instrumento de trabalho, e o uso constante de maquiagem cansa bastante. Faço limpeza de pele, peeling e alguns procedimentos de estímulo de colágeno.
Também cuido muito da alimentação – acho que a beleza vem de dentro pra fora. Como frutas, legumes, saladas, fibras, mas sempre deixo um dia para comer o que quiser. E acredito que o exercício físico também faz parte do skincare. Cuidar do corpo é cuidar da pele e da mente.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1492, de 24 de outubro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.








