De volta à TV como a vilã Sandra de Êta Mundo Melhor!, Flávia Alessandra encara a personagem com a bagagem de uma nova mulher, mais madura e completa. A atriz – e também empreendedora – aproveita sua nova fase para explorar novas frentes: do projeto de bem-estar Meu Ritual ao podcast Pé no Sofá, em parceria com a filha Giulia, que rapidamente conquistou o topo entre os mais ouvidos do Brasil.
Fora do trabalho, lida com uma nova rotina de casal, com Otaviano Costa em outra cidade, sem abrir mão da conexão familiar. “Família é a minha base”, resume Flávia.
Flávia, você voltou ao ar como a Sandra em Êta Mundo Melhor! e já falou sobre o prazer de reviver essa personagem. O que mudou em você desde a primeira versão?
A Sandra continua com aquele tempero que o público ama odiar, mas eu, Flávia, mudei bastante. Mudei como mulher, como artista e como ser humano. Hoje, trago uma bagagem emocional diferente, mais amadurecida, e isso inevitavelmente reflete no jeito como revisito a personagem. A própria Sandra estava em um lugar totalmente diferente, em um ambiente novo, uma camada dela que explorei pela primeira vez.
Você também comentou que há conversas para estender sua participação na novela. Se depender da sua vontade, Sandra ainda tem história pra contar?
Com certeza! A Sandra é uma personagem riquíssima, cheia de nuances. Sempre dá pra cavar mais um pouco e surpreender o público. Se depender de mim, ela ainda tem muita maldade e ironia fina pra entregar.
Em paralelo à carreira artística, você vem investindo no empreendedorismo. De onde surgiu esse interesse e como foi dar os primeiros passos como empresária?
Na verdade, eu já atuo como empresária há muitos anos. Nunca foi algo muito exposto pois a Flávia atriz estava sempre em evidência, indo de novela em novela, emendando um trabalho no próximo. De um tempo pra cá eu consegui dar os próximos passos com as minhas empresas e também botar em práticas projetos antigos, ir desenvolvendo esse meu outro lado. O primeiro passo foi mergulhar de cabeça em áreas que eu já amava: bem-estar, saúde, comunicação. E aí veio a vontade de empreender com propósito, criando projetos que tenham a ver com a mulher que sou hoje. Gosto de citar cada um desses projetos. Meu Ritual, Pé No Sofá Podcast, Agência Family, Estúdios Family, Royal Face e salão Marcos Proença.
Seu novo projeto, o “Meu Ritual”, nasceu de uma vivência pessoal e virou um espaço de saúde e bem-estar. Que tipo de conteúdo você quer entregar por lá e para quem?
Essa história nasceu na pandemia, quando todos nós percebemos o quanto a atividade física é fundamental. Resolvi criar um aplicativo chamado UTreino, por meio do qual consegui reunir treinos, bate-papos e podcasts com especialistas num só lugar. Foi uma forma de tornar acessível para quem não tem acesso a bons profissionais. Já queria expandir essa conversa. A questão da saúde do Otaviano ano passado foi o pontapé para ampliar isso. A Utreino está nessa multiplataforma. Um espaço de acolhimento e inspiração. Quero falar com todas as pessoas que buscam viver com mais equilíbrio, que entendem que cuidar da mente, do corpo e da alma é um caminho contínuo. Lá a gente compartilha conteúdos sobre autocuidado, alimentação, movimento, espiritualidade… tudo que me fez e ainda faz diferença na minha trajetória.
Pode nos contar mais sobre a parceria com a sua filha? Como surgiu o Pé no Sofá Pod e o que mais tem te surpreendido nessa dupla com a Giulia?
O Pé no Sofá nasceu de uma conversa leve entre mãe e filha, que virou ideia, e depois virou projeto. Sempre tivemos essa troca aberta e profunda em casa, então decidimos levar isso pro público. Se tornou um espaço onde debatemos sobre os mais variados temas, como autocuidado, corpo, emoções e autoconhecimento, liderança feminina… Já chegamos a ser o podcast de sociedade e cultura mais ouvido no Brasil. Mais de 8 milhões de alcance nas redes sociais e mais de 2 milhões de impressões nas plataformas de áudio. O mais surpreendente é ver a potência da Giulia diante do microfone. Ela é firme, sensível, e tem um olhar muito interessante sobre o mundo. Uma aprende muito com a outra.
Um dos episódios mais comentados foi o com Renata Sorrah. Poucas mulheres falam com tanta leveza sobre vínculos familiares com ex-marido e madrasta da filha. O que você aprendeu ao longo dos anos sobre esses afetos não convencionais?
Aprendi que amor e respeito cabem em todos os formatos de família. A gente tem que parar de achar que existe só uma maneira certa de se relacionar. A relação que construímos é baseada em cuidado mútuo. E é libertador poder mostrar que esses laços também podem ser afetuosos, mesmo fora dos moldes tradicionais.
E como está sendo, agora, viver uma parte da semana com o Otaviano em outra cidade? Essa nova dinâmica do casal exigiu alguma reinvenção?
Com certeza! Toda nova fase exige ajuste. A gente sente falta, claro, mas aprendemos a valorizar ainda mais o tempo juntos. Reinventamos a rotina, criamos novas formas de conexão e seguimos como sempre fomos: parceiros, apaixonados e com muito bom humor no meio de tudo.
Vocês são uma família muito unida. Como organizam a rotina para manter esse elo forte mesmo com distâncias e agendas cheias?
Com intenção. A gente escolhe estar presente, mesmo quando fisicamente não dá. Temos nossos rituais, nossas conversas diárias, momentos sagrados em família. E sempre que possível, colocamos tudo de lado para estarmos juntos. Família é a minha base.
Falando em família, o que a maternidade te ensinou que nenhuma escola poderia ensinar?
Que o amor pode ser ainda mais profundo do que você imaginava. A maternidade me ensinou a ter paciência, a ouvir mais, a abrir mão do controle. Me transformou de dentro pra fora. É o maior presente da minha vida.
Entre novelas, negócios, podcast, maternidade e casamento… sobra espaço para cuidar de você? Como tem sido sua relação com o corpo, a saúde e o autocuidado?
Hoje eu entendo que me cuidar não é luxo, é necessidade. Meditação, exercício, boa alimentação, leitura… tudo isso é parte do meu ritual mesmo, do meu equilíbrio. E quando estou bem comigo, tudo flui melhor.
Você está sempre linda, mas parece ainda mais segura e à vontade consigo mesma. A maturidade mudou sua autoestima de que forma?
Mudou completamente. A gente vai se conhecendo melhor, se acolhendo mais. Hoje, eu me olho com mais generosidade. Entendo minhas fases, meus limites, minhas potências. A beleza que mais me interessa hoje é a de estar em paz comigo mesma.
Para fechar: olhando para a Flávia de hoje, o que você diria para aquela menina que sonhava com a televisão? E para as mulheres que, agora, sonham em se reinventar aos 40, 50, 60?
Pra Flavinha lá de Arraial do Cabo, eu diria: “Vai com fé, acredita no seu talento e não se esquece de se divertir no caminho.” E pra todas as mulheres que estão se redescobrindo: nunca é tarde pra se reinventar. A vida não tem prazo de validade, e a maturidade pode ser o melhor momento para começar algo novo.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1485, de 5 de setembro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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