Por Marcos Michalak e Lígia Menezes
Ela brilha por onde passa, como modelo, atriz, apresentadora e, desde 2024, à frente do podcast Zen Vergonha, onde conduz conversas francas sobre temas como menopausa, saúde emocional, masculinidade, maternidade e alguns temas polêmicos.
Vivendo com a família em Portugal desde 2022, Fernanda compartilha com AnaMaria sua rotina de bem-estar, desafios com a maternidade e cuidados que tomam com a privacidade em casa. “Todo mundo faz terapia. Isso é uma exigência minha lá em casa”, conta, ao explicar como mantém o diálogo aberto com os gêmeos João e Francisco, de 15 anos, e a pequena Maria, de 5.
Mas, longe de se apresentar como alguém que encontrou a fórmula mágica do equilíbrio, Fernanda fala com realismo e empatia sobre o que realmente importa. Na conversa, ela também relembra a trajetória construída ao lado de Rodrigo Hilbert, dentro e fora da TV. “Eu e o Rodrigo fomos construindo nossas carreiras. Ele me acompanhou, decidiu conquistar o espaço dele e foi indo, dia após dia. Eu o apoiei muito e ele me apoiou também. Não tivemos competição, acho que não teria dado certo. A competição dentro de um casamento não é nada saudável”, diz.
Fernanda, você sempre passou uma imagem de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Como é a sua rotina hoje com a família? Tem algum ritual ou momento do dia que você faz questão de preservar com os filhos e o Rodrigo?
A rotina em família é uma rotina como qualquer outra família tem. Durante a semana, ela é bem sistematizada. Todo mundo acorda cedo em casa, a gente acorda às seis, seis e meia da manhã e dorme entre oito e meia e nove horas da noite, então a casa toda fica em silêncio à noite. De manhã, aquela correria. Tentamos tomar café juntos, jantar juntos, conversar muito. Eu coloco os meninos para dormir toda noite, a Maria, depois os meninos, converso um pouquinho com cada um individualmente. Uma família como outra qualquer, com muita atenção nos nossos sentimentos, nas nossas relações e em como a gente pode ser melhor. A gente gosta muito de estar junto, a gente viaja, passa datas comemorativas juntos. Temos uma vida muito familiar, muito intensa – e muito gostosa.
Você e o Rodrigo Hilbert são admirados como casal e também como profissionais. Já rolou alguma competição saudável entre vocês na carreira ou vocês conseguem separar bem esses universos?
Eu e o Rodrigo fomos construindo nossas carreiras. Comecei um pouco antes, na TV, no ano 2000, enquanto ele ainda estava ralando como ator. Mesmo que eu já tivesse alguma notoriedade, é um meio muito difícil de vencer. Ele me acompanhou, decidiu conquistar o espaço dele e foi indo, dia após dia. Eu apoiei muito ele, ele me apoiou muito também. Não tivemos competição, acho que não teria dado certo. A competição dentro de um casamento não é nada saudável.
A maternidade vem em fases, e cada uma traz seus próprios desafios. O que mais tem te surpreendido ou exigido atenção nessa fase atual com os meninos?
Essa fase atual com os meninos tem sido surpreendentemente positiva. Ao contrário do que muita gente fala sobre adolescência, aborrecência ou rebeldia, na minha casa não é assim. Desde sempre estabelecemos um espaço de diálogo muito sincero, muito horizontal, com compreensão e carinho. Claro que temos momentos de discussão, mas tudo é resolvido na hora, nada vai para debaixo do tapete. Todo mundo faz terapia, isso é uma exigência minha lá em casa. Eu sempre digo pra eles: a terapia é o lugar onde vocês vão falar mal de mim e do pai, então precisam ter esse espaço.
Qual foi a fase mais difícil ou desafiadora deles até hoje?
Eles têm o desafio de serem gêmeos, de buscarem a individualidade. Estamos sempre atentos para que eles compreendam que em algum momento vai acontecer essa separação. A vida de gêmeos é muito intensa, muito amorosa, um sente o que o outro sente, um sofre pelo outro. É muito bonito e tem seus desafios.
Vocês sempre prezaram muito pela privacidade da família. Como fazem para manter isso num tempo em que tudo é tão exposto, principalmente com filhos crescendo nesse contexto digital?
Prezar pela privacidade é um desafio, mas também é uma obrigação nossa como casal público. Os meninos já estão trabalhando, são relativamente pessoas públicas também. Mas sempre cuidamos para que eles não se deixem levar pela fama, não se deslumbrem, não se achem superiores. Eles cresceram vendo como a gente lida com isso, então também são discretos com a vida privada. Eles sabem o quanto isso é importante.
Falando de carreira, você é uma das apresentadoras mais marcantes da TV. Tem vontade de voltar com um projeto mais fixo na televisão ou seu foco atual está mais voltado a outras áreas?
Estou muito focada agora no Podcast Zen Vergonha. A televisão não tem me apresentado nenhum desafio que me faça brilhar os olhos. E eu estou muito feliz com essa mídia de podcast, que me proporciona um equilíbrio maior entre trabalho e vida familiar, algo que eu queria muito.
Falando em saúde e rotina de cuidados, você pratica algum esporte ou tem alguma rotina de cuidados com a saúde?
Eu me cuido muito. Pratico meditação, musculação, e tem dias que consigo jogar um voleizinho de praia no clube, que eu adoro. Não vivo sem praticar esporte. Nos fins de semana, jogamos vôlei em família, pingue-pongue, tênis… A gente adora praticar esportes juntos.
Já vimos vídeos de você praticando Yoga e meditação. Como você encaixa essas práticas em sua rotina? E o que elas te trazem de bom?
Encaixo essas práticas de manhã bem cedo. Acordo cedo porque sem elas eu fico um pouco bagunçada.
E para fechar, existe algum recado que você gostaria de passar, especialmente para quem te acompanha há tanto tempo e admira esse equilíbrio que você transmite entre vida pessoal e profissional?
Eu não sei se todas as pessoas conseguem encontrar equilíbrio em suas vidas – profissional, emocional, familiar. A gente vive num país muito desigual, nem todo mundo tem condições de cuidar da saúde com atenção médica cuidadosa. Mas a minha utopia seria essa. E já que isso nem sempre é possível, que as pessoas consigam, dentro das suas particularidades, encontrar um tempo para reflexão, para cuidar da saúde, do sono, para praticar um esporte.