Mãe, atriz, diretora, palestrante, ativista e agora também membro da Academia Brasileira de Neurociência e Psicoespiritualidade, Danni Suzuki tem feito de sua trajetória um espaço de constante expansão. Em meio a gravações, aulas e projetos sociais, ela não abre mão de estar presente na rotina do filho Kauai, de 13 anos.
Em entrevista à AnaMaria, Danni fala sobre as dores que precisou curar, as barreiras que enfrentou – inclusive, dentro da indústria cinematográfica – e as escolhas que a fizeram mais forte. “Cada experiência, boa ou ruim, contribui para o seu crescimento”, resume ela, que não para! Apenas neste ano, Danni também estreia duas novas séries, Capoeiras (Disney+) e (In)Vulneráveis (NBCUniversal), e segue abrindo caminhos para que outras mulheres possam ocupar, com orgulho, todos os espaços.
Danni, você é atriz, diretora, roteirista, professora, palestrante, ativista… e ainda mãe! Como é equilibrar tantos papéis?
É um grande desafio, mas também é uma fonte de energia e de realização. Cada função que assumo me completa de forma diferente e me ajuda a crescer. A chave é a organização e priorizar o que é mais importante em cada momento, mantendo sempre um espaço para mim mesma e para a minha família.
Em meio a tantos compromissos profissionais, o que você faz questão de manter na sua rotina com seu filho? Que tipo de mãe você se considera hoje?
Estou sempre com ele nas coisas mais simples da rotina do dia: acompanho os treinos de tênis dele, muitas vezes sendo a boleira mesmo (risos); comemos juntos; vemos filmes juntos; muitas vezes ele dorme comigo, então rezamos juntos antes de dormir; cozinhamos; surfamos; jogamos videogame… Me considero uma mãe bastante presente e amorosa. Busco estar atenta às necessidades dele, lembrando sempre suas melhores habilidades e qualidades, e o incentivo a ser curioso e respeitoso com o mundo ao redor.
A criação da sua mãe foi marcada por muita disciplina e livros de autoajuda. Hoje, olhando para trás, que marcas essa educação deixou em você – e o que você escolheu repetir (ou não) com seu filho?
A disciplina e os ensinamentos de fortalecimento da personalidade que minha mãe continua a pontuar na minha vida procuro transmitir ao Kauai. Acho importante equilibrar disciplina com liberdade, então, o incentivo a explorar e também a aprender com suas próprias experiências.
Você já falou publicamente sobre o abuso que sofreu na infância e a falta de acolhimento ao relatar o que aconteceu. Que mensagem gostaria de deixar para outras mulheres que ainda carregam traumas antigos e sentem culpa ou silêncio?
É muito delicado, porque cada mulher ou homem que sofreu abusos lida de uma forma diferente e carrega essas experiências com pesos distintos. Mas minha mensagem é que, certamente, não estamos sozinhos, e é fundamental buscar apoio e ressignificar essa dor, esse sentimento, para que a vida abra novas possibilidades de crescimento. É preciso entender que a culpa nunca é sua. Compartilhar sua história, quando estiver pronta, pode ser um passo importante para a cura.
Os bastidores da indústria do entretenimento também trouxeram situações difíceis, como assédios que você só reconheceu anos depois. Você sente que o ambiente mudou para as mulheres nos últimos anos?
Está começando a querer mudar, com mais conscientização e apoio, mas ainda falta um movimento mais forte, igualitário e que traga a verdadeira diversidade. Hoje, há mais espaço para falar sobre assédios e enfrentar essas questões de frente, mas ainda há muito a ser feito para garantir um ambiente verdadeiramente seguro e respeitoso.
Você foi a primeira brasileira com ascendência asiática a protagonizar um longa nos cinemas. Como foi viver Naomi, em “Segredos”? O que esse papel despertou em você como mulher e artista?
Interpretar a Naomi foi um desafio incrível. Ela despertou em mim uma força muito interessante e me fez acreditar mais ainda que estou pronta para grandes desafios. Profissionalmente falando, atuar em um filme de drama tão profundo em outra língua testou minhas capacidades e me deixou confortável. Como mulher, esse papel me fez refletir sobre identidade e a importância de contar histórias de pontos de vista diferentes. A gente julga muito a vida do outro sem saber. E isso é bastante complexo.
Você passou por um divórcio e costuma falar com maturidade sobre o tema. Como foi o processo de reconstrução pessoal e o que aprendeu sobre si mesma depois disso?
Hoje, vejo que é um processo de grande aprendizado e de autodescoberta. Foi um trabalho de reconstrução que me ensinou sobre resiliência e a importância de manter minha essência, de conhecer mais minha personalidade e limitações. Aprendi a valorizar ainda mais a minha independência e a me respeitar melhor.
Hoje, qual é a sua visão sobre o amor? Você acredita que existe uma idade, um momento ou um jeito certo para se apaixonar?
Acredito que o amor não tem idade, momento ou jeito certo para acontecer. Ele pode surgir de formas inesperadas e em qualquer fase da vida. O importante é estar aberto e aprender com cada relação. Estou sempre pronta para me apaixonar outra vez.
Entre tantas conquistas, o ativismo social sempre esteve presente na sua trajetória. De que forma as viagens e os projetos com refugiados transformaram sua percepção sobre a vida?
Trabalhar com eles é sempre uma oportunidade de valorizar mais as pequenas coisas da vida, os momentos simples. Vejo a importância de praticar a empatia e acima de tudo cultivar a fé. A capacidade de resiliência humana é realmente algo extraordinário. E nosso crescimento definitivamente é coletivo.
E por fim, o que a Danni de hoje diria para a Danni de anos atrás?
Confie no seu caminho, mesmo quando ele parecer incerto. Deus sabe o que está fazendo. Cada experiência, boa ou ruim, contribui para o seu crescimento. Mantenha-se fiel a quem você é, você é o criador da sua realidade, não pare! Nunca desista dos seus sonhos. Sua hora não vai chegar, cada passo é seu tesouro.
Carreira a todo vapor
Depois de alcançar um marco histórico no cinema nacional ao protagonizar Segredos, tornando-se a primeira brasileira com ascendência asiática a liderar um longa, Danni continua expandindo seu repertório.
Neste ano, além de estrear na série “Capoeiras” (Disney+) e “(In)Vulneráveis”, produção original da NBCUniversal que será exibida no Universal TV, ela soma ainda três novos papéis fora das telas: tornou-se Apoiadora de Alto Perfil da ACNUR, Diretora Social do Instituto Cultural Brasil Japão e membro fundador da Academia Brasileira de Neurociência e Psicoespiritualidade da UERJ.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1473, de 13 de junho). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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