Voltar a estudar na terceira idade pode parecer um desafio — e, de fato, exige dedicação. No entanto, também representa um recomeço cheio de significado. Segundo o Censo da Educação Superior de 2022, feito pelo Inep, mais de 51 mil pessoas com mais de 60 anos estão matriculadas em cursos superiores no Brasil. Metade são mulheres, muitas delas motivadas por um sonho que ficou guardado por décadas.
Há ainda quem veja na sala de aula uma oportunidade de se manter ativo, fazer novas amizades ou até começar uma nova carreira. E não faltam motivos para isso: a troca de experiências, a sensação de pertencimento e o estímulo cognitivo são apenas alguns dos inúmeros benefícios de ingressar ou retornar à universidade.
O professor de física Felipe Guisoli, da escola online Universo Narrado, acompanha de perto esse movimento e reforça: “Nunca é tarde para começar ou retornar à faculdade. A experiência de vida que os alunos da terceira idade trazem enriquece o ambiente acadêmico e transforma a universidade em um lugar de troca e histórias incríveis”.
Valorize sua bagagem e experiência
A decisão de começar um curso superior mais tarde na vida não significa começar do zero. Pelo contrário: tudo o que foi vivido antes importa e conta a favor. A maturidade, a resiliência e o olhar mais atento sobre o mundo fazem toda a diferença dentro da sala de aula.
“Você não está atrás dos outros, está apenas somando uma nova experiência à sua trajetória”, diz Felipe. Por isso, evite comparações com colegas mais jovens. Você tem algo que eles ainda não têm: tempo de vida. Isso vale muito!
Mantenha sua curiosidade sempre acesa
Ao longo da vida, a curiosidade é o que move o aprendizado. E, segundo Felipe, é justamente esse brilho nos olhos que faz toda a diferença. “Estar ali, depois de tantos anos, já mostra o quanto você quer aprender”, destaca o professor.
Ou seja: mantenha-se aberta a descobrir coisas novas, mesmo que o conteúdo pareça distante da sua realidade. A curiosidade é, sem dúvida, o seu maior trunfo.
Eles também aprendem tecnologia — no seu ritmo
É verdade que o ambiente universitário hoje exige certa familiaridade com tecnologia. Plataformas digitais, videoaulas, grupos de WhatsApp… tudo isso pode assustar no começo. Contudo, é importante lembrar: ninguém nasce sabendo, e não há vergonha nenhuma em perguntar.
“Aprenda no seu tempo. Peça ajuda quantas vezes forem necessárias. A autonomia intelectual se constrói — não se impõe”, orienta Felipe. Portanto, vá com calma e confie na sua capacidade de adaptação.
Crie laços e aproveite os encontros
Engana-se quem pensa que a faculdade é apenas lugar de provas e anotações. É também, e principalmente, um espaço de convivência. Criar vínculos com colegas de diferentes idades enriquece não só o aprendizado, como também a vida.
Trocar ideias com os mais jovens é uma oportunidade de se conectar com novos olhares. Ao mesmo tempo, sua presença também traz valor ao grupo. Afinal, você tem muito a ensinar — inclusive sobre a vida.
É comum sentir insegurança ao retornar aos estudos. Mas, para o professor, o segredo está em não se cobrar demais. “Celebre cada conquista, por menor que pareça. O processo de aprender é contínuo e deve ser vivido com alegria”, reforça.
Portanto, aceite que haverá dias mais fáceis e outros mais difíceis. Isso faz parte do caminho. O mais importante é não desistir. Você já deu o passo mais corajoso: recomeçar.
Dicas práticas para quem deseja iniciar a volta às aulas aos 60
O especialista compartilha cinco conselhos para quem deseja se preparar para o Enem com foco e estratégia:
- Valorize sua história: ela é sua maior aliada.
- Mantenha a curiosidade: ela impulsiona o aprendizado.
- Aprenda no seu tempo: tecnologia se domina com prática.
- Crie vínculos: conhecimento é troca.
- Viva esse momento com leveza: errar e aprender fazem parte.
Essas orientações se aplicam não só a quem vai fazer vestibular, mas a qualquer pessoa que decidiu, agora, investir em novos caminhos.
Mais do que conquistar um diploma, os idosos na faculdade mostram a importância de manter o cérebro ativo e o coração aberto a novos começos. Seja por um desejo antigo ou por uma vontade recente, voltar a estudar depois dos 60 é um ato de coragem — e uma inspiração para todas as gerações.
Portanto, se esse é o seu caso ou de alguém próximo, incentive e apoie. Afinal, educação não tem idade e o aprendizado é, sempre, um gesto de amor consigo mesma.
Resumo: Voltar a estudar na terceira idade é possível, transformador e cheio de significado. Com paciência, curiosidade e apoio, os idosos na faculdade mostram que o conhecimento é para todos. Além disso, eles inspiram outras gerações a acreditarem que nunca é tarde para recomeçar.
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