Três pilares principais definem a valorização: raridade, condição e relevância cultural. A raridade é o fator mais decisivo, abrangendo tiragens limitadas, jogos lançados perto do fim da vida de um console ou títulos retirados de circulação por controvérsias. A condição é crucial, especialmente se o jogo está selado e classificado (graded). Por fim, a relevância cultural e a nostalgia impulsionam a demanda, criando um apelo emocional que sustenta o mercado de colecionadores.
Quais são os jogos mais valiosos para o NES e o Super Nintendo?
Para o NES, o ápice absoluto é “Nintendo World Championships 1990”. Este cartucho dourado foi produzido em apenas 116 unidades para uma competição, e uma cópia selada foi leiloada por uma fortuna. Outro título extremamente valioso é “Stadium Events”, devido à sua rápida relançamento, tornando a versão original uma raridade cobiçada.
No Super Nintendo (SNES), a verdadeira joia é “Nintendo Powerfest 1994”, um cartucho de competição com estimativa de menos de 50 unidades existentes. Jogos de grande apelo cultural como “EarthBound”, que vendeu mal à época mas cultiva uma legião de fãs, também valorizaram enormemente no mercado secundário.

Por que jogos do Sega Saturn são considerados investimentos de alto risco e alta recompensa?
O Sega Saturn tem uma bibliografia cheia de raridades absurdamente caras. Isso se deve ao fracasso comercial do console fora do Japão, que resultou em tiragens minúsculas para muitos títulos, especialmente os de RPG e shooters. Jogos como “Panzer Dragoon Saga”, um RPG aclamado com produção limitada, são exemplos clássicos.
O mercado de retrogames para o Saturn é volátil, mas os preços são altíssimos devido à escassez extrema. Encontrar esses jogos completos (com manual e caixa) em bom estado é um desafio, e quando aparecem, os preços atraem colecionadores hardcore dispostos a pagar fortunas por peças quase museológicas.
Como a condição e a certificação (grading) afetam o preço final?
A certificação profissional (grading) é o divisor de águas no mercado de alto valor. Empresas especializadas avaliam a condição da caixa, do manual e da mídia/cartucho, atribuindo uma nota (como 9.8 A+). Esse processo sela o jogo em um acrílico à prova de violação, autenticando e preservando seu estado.
A diferença de preço entre um jogo “solto” (apenas o cartucho), “completo” (com caixa e manual) e “selado e classificado” é abismal. Para colecionadores-investidores, a segurança da autenticidade e a garantia da condição oferecida pelo grading justificam os altos preços e transformam o jogo em um ativo líquido e negociável.
A nostalgia é um motor sustentável para essa valorização?
A nostalgia é o combustível inicial, mas sozinha não sustenta preços exorbitantes. O que sustenta é a interseção entre nostalgia e investimento. A geração que cresceu nos anos 80 e 90 agora tem poder aquisitivo e busca reconectar-se com sua infância através do objeto físico mais puro: o jogo selado, intocado.
No entanto, o mercado já evoluiu para além da nostalgia pura. Investidores tradicionais estão entrando no segmento, vendo os retrogames raros como uma classe de ativo alternativa com histórico de valorização. Esse interesse institucional potencializa os preços, criando um ciclo de valorização. Abaixo o vídeo mostra a evolução de todos os PlayStations da Sony, sendo uma viagem no tempo postado pelo perfil @games.nostalgicos no Instagram.
Quais são os riscos de se investir em videogames antigos?
O principal risco é a volatilidade do mercado de nicho. Preços podem ser inflados artificialmente por leilões únicos e amplamente divulgados, criando uma bolha especulativa. O risco de falsificações e réplicas é alto, exigindo conhecimento profundo ou a custosa certificação.
A liquidez também é um problema: vender um item de alto valor pode levar meses. Outro risco é a degradação física não perceptível, como a corrosão da bateria interna dos cartuchos. O avanço da preservação digital pode, teoricamente, esfriar o interesse no objeto físico a longo prazo.
O que o futuro reserva para o colecionismo de retrogames?
O futuro aponta para uma institucionalização e profissionalização ainda maiores. Leiloeiras tradicionais já têm departamentos específicos para videogames. A tendência é que os tópicos mais raros e com melhor classificação continuem a ser ativos colecionáveis de elite, enquanto os jogos “comuns” completos podem se valorizar de forma mais lenta.
O fenômeno dos videogames antigos que valorizam com o tempo prova que o entretenimento interativo conquistou seu lugar no panteão do colecionismo de alto nível. Mais do que circuitos e plástico, esses itens carregam histórias, arte e memórias—uma combinação poderosa que, para um número crescente de pessoas, tem um valor inestimável e, cada vez mais, um preço de mercado muito, muito real.








