Pode parecer cena de filme, mas quatro homens foram presos ao tentar levar mais de 5.000 formigas para fora do Quênia. Elas seriam vendidas como animais de estimação exóticos — e estavam acondicionadas em tubos de ensaio e seringas com algodão. Esse caso, apesar de inusitado, revela um lado pouco conhecido do crime ambiental: o comércio ilegal de insetos.
Muita gente pensa que o tráfico de animais silvestres envolve apenas espécies maiores, como serpentes e aves. No entanto, ele também inclui o contrabando de insetos, como formigas, besouros, borboletas e louva-a-deus. Tudo isso alimenta um mercado ilegal motivado por colecionadores e por quem busca espécies exóticas como “pets”.
Além de um crime ambiental, um risco à biodiversidade
Globalmente, as espécies de insetos vêm diminuindo. Isso acontece por diversos fatores, como uso de agrotóxicos, poluição, mudanças climáticas e urbanização acelerada. Quando somamos o tráfico de formigas e outros insetos a esse cenário, a situação fica ainda mais preocupante.
É importante lembrar que algumas espécies, como a Linepithema anathema, estão listadas como ameaçadas de extinção e não podem ser capturadas ou removidas da natureza. Mesmo assim, criminosos encontram brechas nas leis e continuam explorando essas espécies.
Como o tráfico de formigas se organiza e por que ele preocupa
O crime ambiental ligado ao tráfico de insetos é mais difícil de combater do que parece. Isso porque, muitas vezes, as autoridades não consideram esse tipo de contrabando uma prioridade. Além disso, os insetos são pequenos e fáceis de esconder. Já houve casos de besouros contrabandeados dentro de pacotes de salgadinhos e até em doces.
Outro ponto é a dificuldade de identificar corretamente as espécies apreendidas. Cada uma tem seu próprio nível de proteção, e nem sempre os órgãos responsáveis contam com recursos ou especialistas para fazer essa análise detalhada.
Espécies invasoras: mais uma consequência do crime ambiental
O transporte ilegal de insetos pode trazer problemas sérios para os ecossistemas. Isso porque espécies levadas para fora de seu habitat natural podem se tornar invasoras em outros locais. Ou seja, elas se reproduzem descontroladamente, competem por alimento e até destroem habitats de espécies nativas.
Em alguns casos, o impacto também atinge diretamente a população. No Havaí, por exemplo, o governo gasta cerca de US$ 10 milhões por ano para controlar espécies invasoras. Só com o besouro-do-coco, são investidos US$ 2,4 milhões.
Portanto, mesmo que não pareça algo grave à primeira vista, o tráfico de formigas e de outros insetos representa riscos concretos à natureza e à saúde das pessoas.
Resumo: Embora discreto, o tráfico de formigas escancara os desafios do combate ao crime ambiental e à proteção da biodiversidade. O contrabando de insetos ameaça ecossistemas inteiros e exige atenção urgente das autoridades e da sociedade. É hora de entender que, mesmo pequenos, os insetos têm papel fundamental na natureza.
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