Aos 22 anos, Laysa Peixoto se apresentou nas redes sociais como “a primeira astronauta brasileira“, alegando ter sido escolhida para uma missão especial no espaço. A publicação viralizou, mas outras informações apontam inconsistências em seu currículo. A jovem estaria vinculada à empresa privada Titans Space, que ainda não tem autorização para voos espaciais. Além disso, a própria NASA negou qualquer vínculo com ela.
O que aconteceu
Laysa ganhou repercussão na semana passada após anunciar nas redes sociais que foi selecionada para se tornar astronauta de carreira, com previsão de atuação em voos espaciais e participação em uma missão da Titans Space, marcada para 2029.
No entanto, a Titans Space afirmou, em nota, que a jovem foi apenas aceita como candidata a astronauta. Ela participará de um programa de treinamento que pode durar anos, e a empresa confirmou que tanto as espaçonaves quanto a estação espacial ainda não foram construídas.
A Administração Federal da Aviação (FAA), dos EUA, também esclareceu que a Titans Space não tem autorização para realizar voos espaciais até o momento.
Astronauta brasileira? Entenda os requisitos
Apesar de se declarar astronauta, Laysa não cumpre os critérios exigidos para exercer a função. De acordo com os sites da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA), é necessário ter formação avançada em áreas científicas ou técnicas, experiência profissional relevante e, em alguns casos, domínio na operação de aeronaves.
A NASA, por exemplo, exige no mínimo três anos de experiência profissional após a graduação, ou mil horas como piloto em comando – com 850 delas em jatos de alto desempenho.
A assessoria de Laysa informou que ela ingressou no curso de Física da UFMG em 2021 e permaneceu até 2023, quando se transferiu para o Manhattan College, em Nova York. O texto não especifica se ela concluiu o ensino superior.
NASA nega vínculo com a jovem
Em vídeo publicado nas redes, Laysa afirmou liderar o desenvolvimento de tecnologias da NASA com destino à Lua e Marte, o que gerou ainda mais dúvidas sobre seu envolvimento com a agência americana.
A própria NASA, por e-mail ao Terra, negou qualquer relação com Laysa: “Esta pessoa não é funcionária da NASA, pesquisadora principal ou candidata a astronauta”, escreveu.
A assessoria da estudante rebateu dizendo que, “em nenhum momento existe uma citação à NASA, ou que seria uma astronauta da agência”, embora a publicação dê margem a essa interpretação.
O que diz a assessoria de Laysa Peixoto
A equipe de Laysa enviou nota explicando que ela é natural de Belo Horizonte e estudou no curso técnico de Informática antes de ingressar na UFMG pelo Enem de 2020. Os estudos na universidade começaram em 2021, devido à pandemia, e duraram até 2023, quando ela se transferiu para os EUA.
Durante a formação, participou do programa NASA L’Space, voltado ao desenvolvimento de propostas tecnológicas. O projeto liderado por Laysa, batizado de AquaMoon NPWEE, foi aceito no programa. Ela também concluiu o Advance Space Academy em 2022, realizado no Alabama, com cerimônia de formatura acompanhada pelo astronauta Larry DeLucas.
A nota destaca que o programa L’Space é aberto a estudantes e fornece certificados de participação, como o Nasa NPWEE e Mission Concept Academy. Apesar da menção à agência, isso não equivale a um vínculo direto com a NASA.
Entre outras conquistas acadêmicas, Laysa realizou cursos online do MIT nas áreas de Machine Learning, Modelagem e Simulação. Ela também recebeu a Medalha de Mérito do MCTI e do Patrick Miller da NASA/IASC, pela descoberta do asteroide 2021 PS59.
Além disso, conquistou medalha de prata na Olimpíada Brasileira de Astronomia, foi bolsista em curso de piloto oferecido pela VelAir e selecionada para um encontro de jovens líderes em Washington, organizado pela United Nations Foundation.
Sobre a publicação nas redes
A postagem que viralizou nas redes foi feita no dia 11 de junho de 2025, e, segundo a assessoria de Laysa, não houve edições nem entrevistas concedidas por ela até o momento. O anúncio afirmava que ela foi selecionada como astronauta de carreira pela Titans Space.
A única citação feita à NASA no post seria a de que o comandante da missão, Bill McArthur, é um astronauta veterano da agência – o que, segundo a assessoria, não configura tentativa de enganar o público.
O site da Titans Space, segundo a equipe de Laysa, estava desatualizado na data da publicação. A informação foi confirmada pelo representante da empresa, Neal Lachman, que reforçou que a jovem está oficialmente em processo de formação.
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Resumo: Aos 22 anos, Laysa Peixoto se apresentou nas redes sociais como “a primeira astronauta brasileira”, alegando ter sido escolhida para uma missão especial no espaço. A publicação viralizou, mas outras informações apontam inconsistências em seu currículo. A jovem estaria vinculada à empresa privada Titans Space, que ainda não tem autorização para voos espaciais. Além disso, a própria NASA negou qualquer vínculo com ela.
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