A relação entre o Corinthians e São Jorge não nasceu por acaso. Em 1926, o clube comprou um terreno no bairro do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo. O endereço? Rua São Jorge, nome que, desde então, passou a fazer parte da alma corintiana. Foi ali que o Corinthians construiu sua sede social e um novo campo, marcando o início de uma conexão espiritual que ultrapassa gerações.
Na época, o presidente Ernesto Cassano teria sido o responsável por “batizar” o espaço com a proteção do santo. Essa decisão deu origem a um elo de fé e tradição que, com o tempo, só se fortaleceu. Afinal, para muitos torcedores, o padroeiro do Corinthians também representa coragem, força e proteção.
De capela a lenda: a fé se espalha pelo clube
Com o tempo, a presença do santo dentro do clube se tornou ainda mais evidente. Em 1941, o então presidente Manoel Correcher inaugurou uma fonte no local, onde também surgiu uma lenda: quem bebesse daquela água se tornaria corintiano para sempre. Embora simbólica, essa crença mostra o quanto a fé em São Jorge se entrelaçou ao cotidiano alvinegro.
Em 1967, uma capela foi erguida dentro do clube, dedicada especialmente ao padroeiro do Corinthians. Desde então, ela se tornou ponto de visita e oração para torcedores que buscam bençãos, proteção e até um empurrãozinho nos momentos mais difíceis dos campeonatos.
De onde vem a devoção a São Jorge?
Segundo registros da Igreja Católica, São Jorge nasceu na Capadócia, no século III. Era capitão do exército romano, mas contrariou o imperador Diocleciano ao se recusar a perseguir cristãos. Por isso, foi preso, torturado e morto — tornando-se símbolo de bravura e fé inabalável.
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Além disso, o santo é retratado vencendo um dragão, metáfora poderosa para quem enfrenta batalhas diárias, sejam elas nos campos ou na vida. Não à toa, ele se tornou inspiração para tantos brasileiros — em especial, para os corintianos, que se orgulham de carregar o apelido de “fiel torcida”.
O sincretismo entre time e santo conquistou o coração da torcida
Para o historiador Fernando Hanner, entrevistado pela Corinthians TV, essa união tem raízes profundas: “Corinthians e São Jorge têm uma ligação mística desde 1926. Esse sincretismo foi tão poderoso que o time do povo transcendeu ao futebol”.
No entanto, há quem diga que a influência veio também do Corinthian Football Club, da Inglaterra — clube que inspirou os fundadores do time brasileiro e que também tinha o santo como protetor.
De um jeito ou de outro, é impossível negar a força dessa devoção. A fé em São Jorge move a torcida e se reflete em faixas, camisas, cânticos e, principalmente, no coração de quem acredita que o Corinthians é mais do que futebol: é religião.
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