Você já parou para pensar por que algumas pessoas sentem um desejo quase irresistível de colecionar objetos? Desde a Antiguidade, essa prática acompanha a humanidade. Na Roma antiga e até no Egito dos faraós, os acervos já reuniam peças curiosas, como cerâmicas finas e amuletos. Hoje, o hábito permanece forte. O holandês Niek Vermeulen, por exemplo, guarda mais de 3 mil sacos de vômito de avião. Pode parecer estranho, mas para ele — e para muitos outros — cada peça carrega uma história e um significado especial.
De acordo com estudiosos, o ato de colecionar vai muito além de um passatempo. Em muitos casos, expressa uma tentativa de organizar o mundo ao nosso redor, de encontrar beleza e segurança nas coisas simples. Portanto, quem se dedica a essa prática não está apenas acumulando itens: está, na verdade, construindo um universo particular, onde se sente no controle e em paz.
O que move alguém a colecionar: memórias, desejos e até competição
Para o historiador Philipp Blom, que se dedicou a estudar o tema, o ato de colecionar tem razões profundas. O especialista explica à Super Interessante que o hábito pode surgir do desejo de reviver memórias da infância, como acontece com quem guarda carrinhos de brinquedo ou figurinhas. É o caso do ítalo-brasileiro Antonio Apuzzo, que tem mais de 6 mil miniaturas e confessa que tudo começou por saudade das idas ao centro com o pai para comprar os brinquedos.

Além disso, muitos colecionadores sentem prazer em buscar peças raras ou em completar uma série, como forma de se desafiar e até competir. É curioso perceber que, com o passar do tempo, as coleções ganharam novos contornos: hoje, objetos simples e até descartáveis, como embalagens antigas e panfletos, se tornam preciosos por retratar o cotidiano de outra época.
De reis a pessoas comuns: colecionar ficou acessível a todos
Antigamente, apenas reis e nobres tinham condições de formar grandes coleções. Porém, ao longo dos séculos, essa prática se popularizou. Isso aconteceu, entre outros motivos, graças à produção em massa. Assim, artigos antes raros e caros passaram a estar ao alcance de mais pessoas. Não à toa, coleções de cartões telefônicos, latas de refrigerante e até pacotes de salgadinho ganharam espaço em casas ao redor do mundo.
Ainda hoje, muitos veem na prática de colecionar uma forma de preservar a história e manter viva a memória de um tempo que já passou. Além disso, o ato de juntar e organizar objetos ajuda no desenvolvimento de habilidades como foco, disciplina e poder de decisão — lições valiosas para o dia a dia.
Resumo: Colecionar objetos vai além de um simples hobby: é uma forma de dar sentido ao mundo, preservar memórias e expressar sentimentos. O ato de juntar peças pode ter origens nas mais diversas motivações, mas em todos os casos revela um pouco de quem somos e do que valorizamos.
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