Já pensou sair para um jantar e pagar mais de R$ 4 mil na conta final? Foi o que aconteceu com quatro amigos em Salvador (BA), no último domingo (7). Eles confundiram o preço do vinho Pêra-Manca, pediram duas garrafas e tiveram que pagar uma ‘fortuna’ ao restaurante.
Thalyta Figueiredo, uma das jovens que vivenciou a história, publicou um vídeo nas redes sociais mostrando as reações ao ver o valor da conta. Não demorou muito para o vídeo viralizar nas redes sociais.
Ela contou que a amiga olhou rápido o cardápio e viu o vinho por R$ 165. Segundo Thalyta, é regra entre ela, o namorado e os amigos sempre pedir o vinho mais barato para economizar.
Quando a conta chegou, eles se depararam com o preço do vinho Pêra-Manca a R$ 1.650 cada unidade. O grupo havia pedido duas garrafas da bebida. No vídeo, os jovens ficam sem acreditar no valor do jantar, que chegou a R$ 4.512.
Os quatro amigos, então, olharam o cardápio e notaram que realmente se confundiram com o preço do vinho Pêra-Manca branco. Assim, eles diviram a conta – que deu R$ 1.128 para cada um – e pagaram sem se queixar, apenas admitindo o erro.
@thalytaemily A tour do jantar mais caro… 😅#vinhocaro #meme #casal #peramanca #memecasais #contaderestaurante #jantartranquilo ♬ som original – Thalyta Emily
Jantar por conta
Depois que o vídeo viralizou nas redes sociais e ganhou repercussão, o restaurante Mistura do Contorno entrou em contato com os quatro amigos para oferecer um jantar de graça. O estabelecimento afirmou que tinha o valor explícito no cardápio, mas que “se solidarizou com a inexperiência dos jovens”.
Preço do vinho Pêra-Manca
Existe um motivo para o preço do vinho Pêra-Manca branco ser exorbitante: ele é um dos mais icônicos e disputados de Portugal. Isso porque ele é produzido pela Adega Cartuxa, uma das casas mais respeitadas da região do Alentejo.
Para se ter uma ideia, 22% do faturamento da Adega Cartuxa corresponde à exportação de vinhos para o mercado brasileiro.
O Pêra-Manca é um dos “vinhos de exceção” da casa. Ele era um dos vinhos da corte portuguesa e até mesmo fez parte das expedições de Pedro Álvares Cabral, o primeiro português que chegou ao Brasil, em 1500. A bebida foi uma das oferendas aos índios brasileiros.
A tradição do Pêra-Manca foi recuperada no século XIX, pela Casa Soares, que o tornou sofisticado. Entretanto, a praga da filoxera devastou os vinhedos na Europa e ele deixou de ser produzido.
Apenas em 1987, o herdeiro da família Soares ofereceu o Pêra-Manca à Fundação Eugénio de Almeida, que começou a utilizá-lo como seu vinho de maior qualidade.
O Pêra-Manca voltou a ser produzido em 1990, e pode ser feito de uvas brancas ou tintas. Thalyta e os amigos pediram o vinho branco, da safra 2019 – isso o torna mais barato que o vinho tinto, que pode chegar a R$ 4 mil, a depender da safra.
Este vinho português é produzido com as melhores uvas da vinícola das castas Antão Vaz e Arinto. As uvas são colhidas exclusivamente de vinhedos mais antigos. Elas são de produção limitada, de forma que os frutos são mais ricos e dão vinhos melhores.
O processo de vinificação, por sua vez, é extremamente delicado, afinal, as uvas são retiradas dos ramos e prensadas gentilmente, sendo tratadas separadamente. Só então partem para a fermentação.
São 12 meses em contato com as leveduras para ganhar complexidade. Por fim, levam mais 12 meses de amadurecimento em garrafa. Ou seja, são mais de dois anos para o vinho ficar pronto, levando em conta o processo de plantação e colheita das uvas, a vinificação, a fermentação e o amadurecimento.
Todo ano são produzidas cerca de 80 mil garrafas. Embora pareça alta, esta é uma tiragem baixa diante da demanda. É isso que explica os preços da garrafa, que começam em R$ 800 no Brasil. Vale lembrar que os quatro amigos pagaram mais caro porque o restaurante tem sua margem de lucro com a venda do vinho.
Leia mais:
Tomar vinho faz bem para o coração mesmo? A relação da bebida com a saúde cardiovascular
8 itens incríveis para presentear alguém que ama vinhos