Conhecido popularmente como “Diabo Negro”, o peixe Melanocetus johnsonii, uma espécie abissal, foi observado pela primeira vez nadando em águas iluminadas pelo sol, uma ocorrência inédita que intrigou pesquisadores. Esta espécie normalmente habita regiões de escuridão total nas profundezas do oceano.
O registro histórico foi realizado por uma equipe de cientistas da ONG Condrik Tenerife, que realiza estudos com arraias e tubarões nas proximidades das Ilhas Canárias, na Espanha. Os pesquisadores ainda não sabem ao certo o que motivou o peixe a se afastar de seu habitat natural e, por isso, várias hipóteses estão sendo consideradas.
A equipe de biólogos afirma: “A razão para sua presença em águas tão rasas ainda não está clara. Pode ser resultado de uma doença, de correntes ascendentes ou mesmo da fuga de um predador”. O espécime observado é uma fêmea que estava se dirigindo à superfície.
Até este momento, o Melanocetus johnsonii havia sido registrado apenas por meio de gravações realizadas durante mergulhos ou a partir de exemplares mortos que emergem na superfície. Indivíduos em estágios intermediários de desenvolvimento já haviam sido observados anteriormente.
🚨ATENÇÃO: Uma visão quase única, raríssima foi possível nas praias de Tenerife, na Espanha: um peixe diabo negro na superfície do mar.
Segundo a ONG Condrik Tenerife, “este pode ser o primeiro avistamento registrado no mundo de um diabo negro adulto ou peixe-pescador de águas… pic.twitter.com/XcTsi9nRvE
— Astronomiaum (@astronomiaum) February 9, 2025
6 curiosidades sobre o peixe ‘Diabo Negro’
O peixe ‘diabo negro’ pertence ao grupo dos peixes abissais, referindo-se às espécies que habitam as zonas mais profundas do oceano, onde não chega luz solar. Para sobreviver neste ambiente extremo, essas criaturas desenvolveram características únicas e fascinantes.
1. Habitante das profundezas
O Melanocetus johnsonii pode ser encontrado em profundidades variando entre 250 metros a 2.000 metros abaixo da superfície, conforme informações do Museu de História Natural de Londres. O corpo humano, por exemplo, não poderia mergulhar até tais profundidades sem equipamento apropriado porque seria fatal, devido à pressão extrema que causaria colapso físico.
2. Bioluminescência
Como uma espécie adaptada a ambientes sem luz, o ‘diabo negro’ possui a capacidade de bioluminescência. A luz é produzida através de uma reação química envolvendo bactérias bioluminescentes que vivem em um apêndice dorsal da criatura. Esse recurso serve como isca para atrair presas desprevenidas.
3. Dimorfismo sexual
Existe um notável dimorfismo sexual entre machos e fêmeas da espécie. As fêmeas podem alcançar até 18 cm de comprimento e apresentam dentes grandes e o apêndice luminoso, enquanto os machos raramente ultrapassam 3 cm e possuem um órgão olfativo altamente desenvolvido para localizar fêmeas na escuridão profunda.
4. Distribuição global
A espécie não é restrita a um único oceano. O ‘diabo negro’ está presente nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. Observações em águas antárticas também foram registradas por pesquisadores russos. Contudo, o avistamento recente em águas rasas é extremamente raro e levanta questões sobre o comportamento dessa espécie.
5. Origem do nome
O nome “Melanocetus” tem origem grega, combinando as palavras “melas” (negro) e “ketos” (criatura marinha), sugerindo a ideia de um “monstro marinho negro”. O epíteto “johnsonii” homenageia James Yate Johnson, naturalista que descreveu a espécie pela primeira vez em 1863.
6. Relação familiar
A família Melanocetidae inclui outras cinco espécies relacionadas ao ‘diabo negro’, todas vivendo em habitats semelhantes nas partes mais escuras dos oceanos e raramente vistas vivas à luz do dia.
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