Na primeira metade do século XX, muitas dessas gemas eram mais acessíveis e usadas em joias do dia a dia. Ourives e joalheiros locais compravam pedras brutas de pequenos garimpos e as transformavam em anéis, brincos e colares. Com o esgotamento de minas e a valorização histórica, peças que parecem simples hoje podem guardar minerais raros de altíssimo valor, passados de geração em geração sem que ninguém percebesse seu potencial financeiro.
Quais são as pedras mais valiosas a se procurar?
A Alexandrita é uma das gemas mais raras e valiosas do mundo. Sua característica única é a mudança de cor, que vai do verde à luz do dia para um vermelho púrpura sob luz incandescente. Originária dos Urais na Rússia, pequenas alexandritas podem valer mais do que diamantes de tamanho equivalente e são frequentemente encontradas em anéis e brincos antigos com montagens em ouro amarelo.
A Tanzanita, encontrada apenas em uma região do norte da Tanzânia, é outra pedra de alto valor. Sua cor azul-violeta intenso é inconfundível. Como suas minas devem se esgotar nas próximas décadas, seu valor só aumenta. Peças dos anos 70 e 80 podem conter tanzanitas de boa qualidade, muitas vezes confundidas com safiras mais baratas em catálogos de joalheria antigos.

Como identificar uma água-marinha de alto valor?
Água-marinhas de tom azul profundo, conhecidas como “Santa Maria“, são extremamente valiosas. Provenientes principalmente de Minas Gerais, no Brasil, essas gemas foram amplamente usadas em colares e brincos das décadas de 1950 a 1980. O valor depende da intensidade e pureza do azul, sendo as mais escuras e límpidas as mais cobiçadas por colecionadores internacionais.
Pedras com peso acima de cinco quilates e com lapidação bem executada valem consideravelmente mais. Muitas vezes, a água-marinha foi montada em ouro 18k ou prata de lei, indicando que o ourives reconhecia seu valor. Procure por uma cor azul viva e uniforme, sem zonas de desbotamento ou inclusões leitosas que diminuam sua transparência.
A esmeralda pode estar em joias herdadas?
Sim, esmeraldas colombianas ou brasileiras de boa qualidade são presença comum em joias de herança, especialmente em anéis e colares. Inclusões visíveis, chamadas de “jardim”, são aceitáveis e até autenticam a pedra. O que define alto valor é a intensidade do verde, conhecido como “verde erva”, e uma lapidação que maximize o brilho apesar das inclusões naturais.
Peças da era Art Déco (décadas de 1920 e 1930) frequentemente combinavam esmeraldas com diamantes em platina. Já nos anos 1960 e 1970, esmeraldas cabochão (com superfície arredondada e polida) eram populares em pingentes e broches. A procedência colombiana acrescenta um prêmio significativo ao valor da gema, sendo a mais desejada no mercado.
O que torna uma opala negra tão especial?
Opalas negras de Lightning Ridge, na Austrália, estão entre as gemas mais impressionantes e valiosas. Seu corpo escuro realça um jogo de cores (opalescência) vibrante em verde, vermelho e azul. São frágeis e raramente são usadas em anéis do dia a dia, sendo mais comuns em pingentes, brincos e broches onde o risco de impacto é menor e podem ser apreciadas com segurança.
O valor depende da escuridão do corpo da pedra, da intensidade e da variedade das cores de fogo. Uma opala negra de qualidade superior pode valer milhares de dólares por quilate. Peças de joalheria vintage, principalmente dos anos 1970 em diante, podem conter estas maravilhas naturais, muitas vezes adquiridas por viajantes como lembrança exótica.
Como avaliar e autenticar essas pedras?
O primeiro passo é uma avaliação com um gemólogo credenciado, não apenas um joalheiro. O gemólogo usará ferramentas como uma lupa de 10x, um refratômetro e um espectroscópio para identificar a pedra com precisão. A certificação de um laboratório independente como o GIA (Gemological Institute of America) é essencial para atestar a autenticidade e qualidade, agregando valor e credibilidade à peça no mercado.
Não tente limpar ou polir a joia antes da avaliação. A sujeira acumulada e as marcas de uso podem ajudar a datar a peça. Documente qualquer história familiar associada à joia, como local e data de aquisição, pois isso pode aumentar seu valor como item histórico e pessoal, criando uma narrativa única.
Onde essas joias costumam ser encontradas?
Elas estão com frequência em caixas de joias esquecidas em fundo de armário, misturadas com bijuterias. Brinco soltos, pingentes sem corrente e anéis quebrados são candidatos perfeitos. Feiras de antiguidades e brechós também podem esconder essas raridades, onde vendedores não especializados não reconhecem o verdadeiro valor das pedras, vendendo-as pelo valor do metal.
Heranças de avós e tias-avós são a fonte mais comum. Gerações passadas investiam em joias como forma de poupança. Estatuetas decorativas ou objetos de arte também podem conter pedras preciosas incrustadas, uma prática comum no início do século XX para demonstrar riqueza e bom gosto de forma discreta.
O que fazer se você encontrar uma dessas pedras?
Primeiro, não remova a pedra da montagem original sem orientação profissional. A montagem antiga pode ter valor histórico e artístico, aumentando o valor total da peça. Segunda, faça um seguro específico para a joia, baseado no laudo gemológico. A peça deve ser guardada em um cofre ou em local seguro, protegida de roubo e danos ambientais.
Você pode optar por usá-la com orgulho, sabendo de seu valor, ou considerá-la um investimento. O mercado de gemas coloridas raras só valoriza com o tempo, especialmente para pedras de origem única como a tanzanita. Em qualquer caso, você se torna o guardião de um pequeno fragmento raro da história natural da Terra, com beleza e valor que transcendem gerações e contam uma história pessoal.








