Um incidente trágico ocorreu em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, onde a estudante Hendiel Rane Estevão de Oliveira Domingos e o pastor Edmilson Melo, da Igreja Evangélica Apostólica, perderam suas vidas por afogamento. Ambos foram arrastados pela correnteza do rio Guandu durante a cerimônia de batismo por imersão da jovem de 16 anos.
O batismo por imersão é uma prática central no cristianismo, sendo um rito que remete ao batismo de Jesus conforme narrado no Evangelho segundo Mateus (3:13). Neste relato, é mencionado que Jesus se dirigiu ao rio Jordão para ser batizado por João Batista.
Historiadores e teólogos concordam que, nas origens do cristianismo, o batismo por imersão eram comum. Isso significa que os candidatos eram submersos em corpos d’água, como rios, em um ritual que refletia o batismo de Cristo. Contudo, é crucial observar que muitos dos batismos dessa época eram realizados em adultos convertidos, e as variações nos rituais podem ter surgido para atender às necessidades de indivíduos com diferentes limitações físicas e garantir a segurança das crianças.
Desde os primórdios do cristianismo, as cerimônias de batismo começaram a divergir. O Didaquê, um dos primeiros textos catequéticos cristãos datado do final do século I, orienta sobre as formas adequadas de batizar. Ele prescreve que “batize com água corrente, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, e sugere alternativas caso a água corrente não esteja disponível.
A Igreja Católica mantém uma visão similar àquela proposta pelo Didaquê. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, o batismo é idealmente realizado por meio da tríplice imersão na água batismal. No entanto, é igualmente aceitável derramar água sobre a cabeça do candidato em três ocasiões. Esse rito reflete a tradição apostólica de invocar a Santíssima Trindade durante o processo.
Diversas denominações cristãs, incluindo católicos romanos e ortodoxos, assim como protestantes mais tradicionais como luteranos e anglicanos, praticam o batismo infantil. Nesses casos, as modalidades de imersão parcial ou efusão são frequentemente empregadas. A Igreja considera o batismo como um ato de purificação do pecado original e acredita que a unção na Crisma complementa essa graça inicial.
É relevante destacar que as interpretações teológicas sobre o momento da recepção do Espírito Santo variam entre diferentes igrejas evangélicas. Muitas delas insistem na necessidade da consciência dos pecados e da profissão de fé em Cristo antes do batismo, resultando na prática predominantemente de batismos adultos.
Algumas denominações protestantes aceitam também o batismo por efusão. Elas fundamentam-se em textos bíblicos semelhantes aos utilizados por católicos e ortodoxos, enfatizando que o importante é o caráter purificador do rito.
No Brasil, muitas igrejas evangélicas estão ligadas ao movimento pentecostal ou neopentecostal. Este movimento emergiu nos Estados Unidos entre pastores metodistas dissidentes e se caracteriza pela crença na experiência do batismo com o Espírito Santo como uma segunda manifestação da graça divina. A prática do batismo por imersão se tornou uma marca simbólica nestas denominações.
Em suma, enquanto o ato de batizar permanece uma prática essencial dentro das diversas tradições cristãs, suas interpretações e execuções podem variar significativamente entre as denominações. A recente tragédia durante uma cerimônia de batismo por imersão ressalta não apenas os riscos envolvidos nesse ritual mas também a importância da segurança nas práticas religiosas.
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