O valor incomensurável de uma joia nasce da convergência de três pilares: a excepcionalidade das pedras preciosas, o legado artístico da grife e a aura histórica da proveniência. Diamantes, rubis ou esmeraldas com pureza, cor e tamanho raríssimos formam a base material, enquanto o design inovador e o artesanato de uma maison secular multiplicam esse valor. Finalmente, ter pertencido a uma figura icônica imbui a peça com uma narrativa inestimável, elevando-a de objeto de luxo a artefato cultural.
Quais são as joias mais caras já leiloadas no mundo?
No topo absoluto está o Diamante Pink Star, um diamante rosa de 59,60 quilates arrematado por US$ 71,2 milhões na Sotheby’s de Hong Kong. Logo atrás, o Diamante Oppenheimer Blue, um raro diamante azul de 14,62 quilates, alcançou US$ 50,6 milhões. Esses valores redefinem constantemente os limites do mercado de luxo.
Peças com história também atingem cifras astronômicas. O Colar Hutton-Mdivani da Cartier, com 27 esmeraldas colombianas, foi vendido por US$ 27,4 milhões. O Broche Wallace da Van Cleef & Arpels, uma criação Art Déco, arrecadou US$ 8,7 milhões. O mercado por esses itens é composto por colecionadores bilionários e fundos de investimento que os veem como ativos tangíveis.

Como as grandes marcas constroem o mito em torno de suas peças?
As maisons de alta joalheria são mestras em storytelling. Elas não vendem apenas uma joia; vendem um sonho, uma herança e um pedaço da história. Coleções são apresentadas como narrativas inspiradas na natureza, na arte ou em civilizações antigas. A Cartier, por exemplo, construiu sua lenda como “o joalheiro dos reis”.
O marketing de exclusividade é implacável. Muitas peças são únicas (one-of-a-kind) ou feitas sob encomenda. Os desfiles são eventos fechados para uma elite, e as peças são emprestadas a celebridades para o Oscar ou o Festival de Cannes, gerando publicidade global que solidifica seu status de objeto de culto.
Quem são os compradores desses tesouros e por que eles investem?
Os compradores são indivíduos de patrimônio líquido ultra-alto (UHNWIs), famílias reais do Oriente Médio e da Ásia, e colecionadores de arte. Para eles, essas peças funcionam como uma reserva de valor tangível, muitas vezes mais estável que ações em tempos de volatilidade. São também um símbolo de status social inigualável.
Além do investimento financeiro, há um investimento emocional e cultural. Adquirir uma joia lendária é como adquirir uma obra-prima que se pode usar. O vídeo abaixo mostra as pedras preciosas mais caras, postado no Instagram pelo perfil @monicarosenzweig.
Quais mitos cercam o valor dessas joias de grife?
Um mito comum é que o valor está apenas no ouro e nas pedras. Na verdade, em peças de alta joalheria, o valor do trabalho manual pode representar mais de 50% do preço final. Outro equívoco é achar que todas as joias de uma grife famosa se valorizam. Apenas as peças únicas da linha alta têm esse potencial.
Há também a crença de que o preço de compra é o preço de revista. O mercado de revenda opera com descontos, a menos que a peça tenha uma proveniência extraordinária ou seja leiloada em uma casa renomada. A liquidez é baixa; vender uma joia de milhões pode levar anos até encontrar o comprador certo.
O que o fascínio por esses objetos nos revela sobre valor e desejo?
As joias que valem fortunas são espelhos da condição humana. Elas refletem nosso fascínio eterno pela beleza rara, pela permanência (dos diamantes) e pelo poder simbólico que um objeto pode conferir. Seu valor é uma construção social complexa entre aqueles que detêm o poder econômico.
Essas peças desafiam a lógica econômica racional. Elas nos perguntam: quanto vale um sonho? Quanto vale uma história? A resposta, no mercado da alta joalheria, é sempre: mais do que você pode imaginar. Enquanto existir o desejo de possuir o único e o excepcional, essas joias continuarão a valer fortunas inimagináveis.








