A guarda de bebê reborn se tornou o centro de uma disputa judicial incomum entre um casal divorciado em Goiânia. Segundo a advogada Suzana Ferreira, que relatou o caso nas redes sociais, a mulher procurou auxílio jurídico para garantir os direitos sobre a boneca hiper-realista e dividir os custos com o ex-parceiro, que também reivindica laços afetivos com a “filha”.
De acordo com Suzana, a cliente afirmou que constituiu uma família com o então companheiro e que a boneca fazia parte dessa estrutura. Após a separação, a mulher insistiu que outra boneca não substituiria o apego emocional à bebê reborn e solicitou que os gastos com o enxoval fossem divididos com o ex-parceiro.
A advogada contou que recusou o caso. “Não é possível regulamentar a guarda de uma boneca”, afirmou. Segundo ela, o Judiciário pode enfrentar uma “enxurrada de problemas” como esse caso, impulsionados pelo impacto de comportamentos extremos na sociedade.

Além da guarda da boneca, o ex-companheiro também quer ter acesso ao perfil do Instagram da bebê reborn, que já está rendendo monetização e publicidade. A mulher deseja manter a administração da conta, mas reconhece que o sucesso do perfil justificaria a gestão em conjunto.
Suzana ressaltou que o caso envolve ainda uma questão do Direito Digital. “Ela acredita que [o perfil] deveria ser das duas partes”, afirmou a advogada, destacando que o envolvimento emocional está sendo levado ao campo jurídico por conta do potencial de influência e lucro nas redes.
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O que são os bebês reborn
As bonecas reborn são produzidas artesanalmente com alto nível de realismo, imitando recém-nascidos. Os preços podem ultrapassar os R$ 3 mil, dependendo dos detalhes da peça. Algumas pessoas usam as bonecas como lembranças afetivas de filhos ou experiências marcantes.
No Rio de Janeiro, vereadores aprovaram no início de maio o projeto de lei que cria o “Dia da Cegonha Reborn”, em homenagem às artesãs desse tipo de boneca. A data pode ser celebrada em 4 de setembro, caso seja sancionada pelo prefeito Eduardo Paes (PSD).
Famosos e a febre das bonecas
Recentemente, o tema voltou a ganhar destaque após o padre Fábio de Melo adotar uma boneca reborn com síndrome de Down durante viagem aos Estados Unidos. Batizada de Ana Maria, em homenagem à mãe do religioso, a boneca ganhou até certidão de nascimento e passaporte.
A influenciadora e musa fitness Gracyanne Barbosa também revelou ter aderido à tendência. Em suas redes sociais, ela compartilhou a imagem de seu boneco reborn, Benício, dizendo que a experiência trouxe felicidade. “Como já disse anteriormente, meu sonho é ter um filho. Podem me julgar, no começo eu achei estranho. Mas Benício me trouxe felicidade”, escreveu.
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Resumo: Um casal de Goiânia está disputando judicialmente a guarda de uma boneca bebê reborn, com direito a enxoval e perfil monetizado no Instagram. A advogada Suzana Ferreira recusou o caso, afirmando que não é possível regulamentar a guarda de uma boneca. A situação reacende o debate sobre os limites do vínculo afetivo e o papel do Direito Digital.
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