A música Bella Ciao voltou aos holofotes recentemente após ser mencionada em um caso polêmico nos Estados Unidos. Segundo autoridades, o suspeito do atentado contra o ativista conservador Charlie Kirk, preso na última sexta-feira (12), teria deixado uma bala com a letra da canção gravada. O episódio reacendeu a curiosidade sobre o significado histórico e político dessa canção que já atravessou mais de um século.
Embora muitas pessoas associem Bella Ciao à série La Casa de Papel, da Netflix, a história da música é bem mais antiga. No seriado, os personagens cantam a canção como símbolo de união e resistência durante um assalto à Casa da Moeda de Madri. Porém, originalmente, ela se consolidou como hino durante a Segunda Guerra Mundial, entoada por grupos que lutavam contra o regime fascista de Benito Mussolini e as tropas nazistas.
Bella Ciao: símbolo de luta e liberdade
Durante a guerra, Bella Ciao ganhou força como expressão de coragem e esperança. Na época, a autoria da música já era desconhecida, mas ela se espalhou rapidamente entre os membros da Resistência italiana. Ao longo das décadas, tornou-se um marco em manifestações ao redor do mundo, principalmente em movimentos antifascistas e protestos que defendem a liberdade e os direitos humanos.
Nos anos 1960, por exemplo, a música voltou a ser cantada durante manifestações de trabalhadores e estudantes na Itália. Em períodos políticos turbulentos, como durante o governo de Silvio Berlusconi, partidos de esquerda a utilizaram como forma de protesto. Mais recentemente, versões adaptadas foram entoadas em diferentes países, como na Argentina, durante uma greve de bancários, e em atos pró-democracia em Hong Kong.
A origem da melodia que atravessou o tempo
Embora a letra tenha se popularizado durante a guerra, existem teorias de que a melodia de Bella Ciao seja ainda mais antiga. Uma delas sugere que a canção tem raízes na tradição musical judaica da Europa Oriental. Pesquisadores acreditam que a melodia possa ter sido inspirada em Oi Oi di Koilen, composta pelo acordeonista ucraniano Mishka Ziganoff e gravada em 1919, em Nova York. Essa versão teria sido levada à Itália por imigrantes que retornaram ao país.
Outra teoria aponta que a música surgiu nos campos de arroz do vale do rio Pó, no norte da Itália, no século 19. Nessa época, mulheres que trabalhavam no cultivo cantavam para aliviar o peso do trabalho. Algumas dessas canções populares, como Picchia alla Porticella, têm semelhanças com trechos de Bella Ciao.
Um legado cultural que segue vivo
Com o passar do tempo, a música deixou de ser apenas um símbolo da guerra e se transformou em uma manifestação cultural universal. Diversos artistas gravaram suas versões, entre eles Mercedes Sosa, Manu Chao e o grupo chileno Quilapayún, que a adotou como canção de protesto durante o governo de Salvador Allende.
A popularidade da canção voltou a crescer com a série La Casa de Papel, aproximando novas gerações de sua mensagem original. Hoje, Bella Ciao segue sendo entoada em diferentes idiomas, ritmos e estilos musicais, representando resistência e liberdade.
Para saber mais sobre a história da música e suas versões, confira este artigo da BBC News: link da fonte.
Resumo: De origem incerta, Bella Ciao atravessou gerações como símbolo de resistência política e cultural. Desde os campos de arroz na Itália até os protestos atuais, a canção segue inspirando lutas por liberdade e justiça em todo o mundo.
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