Quase cinco décadas após seu desaparecimento, o corpo do pianista brasileiro Francisco Tenório Júnior, conhecido como Tenorinho, foi identificado em Buenos Aires. A confirmação ocorreu no último sábado (13), pela Embaixada do Brasil na Argentina, e trouxe um desfecho para uma história marcada por dor e mistério.
De acordo com o comunicado oficial, a Equipe Argentina de Antropologia Forense realizou um exame de impressões digitais que comprovou a identidade do músico. O corpo foi encontrado em Don Torquato, em 20 de março de 1976, dois dias após o desaparecimento. Contudo, Tenorinho foi enterrado como indigente no cemitério de Benavídez.
Desaparecimento durante a ditadura militar na Argentina
Em março de 1976, Tenorinho estava em turnê pelo Uruguai e pela Argentina, ao lado de grandes nomes da música brasileira como Vinicius de Moraes e Toquinho. Após uma apresentação de sucesso no famoso teatro Gran Rex, em Buenos Aires, ele voltou ao hotel Normandie. Na madrugada do dia 18, saiu para comprar cigarros e nunca mais retornou.
Investigações apontam que o músico foi capturado por agentes da ditadura argentina e levado para a Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA), um centro clandestino de detenção que funcionou como principal local de repressão do regime. Estima-se que mais de 5 mil pessoas passaram por lá. Hoje, o espaço abriga o Espaço Memória Direitos Humanos, aberto ao público como símbolo de resistência e lembrança das vítimas.
Memória e justiça: a importância da descoberta
Segundo informações reunidas pela Justiça argentina, Tenorinho teria sido executado a tiros após sessões de tortura. Seu caso representa apenas uma das milhares de histórias de perseguição política no período, que resultou na morte ou desaparecimento de cerca de 30 mil pessoas na Argentina, conforme dados de organizações de direitos humanos repercutidos pela BBC.
A confirmação da identidade foi comunicada oficialmente à família pelo procurador federal Ivan Marx e pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Em nota, a Embaixada do Brasil agradeceu às autoridades argentinas pelo empenho na investigação e destacou que o reconhecimento do corpo é fundamental para manter viva a memória histórica e garantir que esses crimes nunca sejam esquecidos.
Legado de Tenorinho e o impacto cultural
Francisco Tenório Júnior tinha apenas 34 anos quando desapareceu. Considerado um dos pianistas mais talentosos de sua geração, ele era conhecido por seu estilo sofisticado e por acompanhar artistas consagrados da bossa nova. Sua trajetória foi interrompida de forma abrupta, mas sua música segue inspirando novos músicos e fãs do gênero.
Resumo: Quase 50 anos após desaparecer durante a ditadura argentina, o corpo do pianista Francisco Tenório Júnior foi identificado por exames forenses. A descoberta encerra décadas de mistério, trazendo alívio à família e reforçando a importância da memória histórica.
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